Psicanalista Camila Ragazzi
O princípio feminino é a força vital que nos impulsiona a sentir, intuir, criar, observar e perceber. Toda atividade interna, voltada ao nosso íntimo, aos nossos sentimentos e emoções vêm desse princípio feminino. Jung chamou essa força de Anima: o princípio feminino que existe em todos nós.
A verdadeira liberdade vem de dentro para fora, e não o contrário.
Somos livres à medida que nos permitimos ser quem realmente somos. Enquanto tentarmos ser perfeitos, viveremos em servidão.
O puro conhecimento intelectual nunca trará plena liberdade. Não basta conhecer todas as defesas, as dores e os desejos humanos, se esse conhecimento não fluir para o coração. É preciso sentir e vivenciar cada novo conhecimento a esse respeito. Somente quando o mental se colocar a serviço do emocional é que nos sentiremos verdadeiramente livres e satisfeitos com nós mesmos e com a vida.
Somente na exposição da sua vulnerabilidade é que uma relação se aprofunda. Não há verdadeiro aprofundamento nos relacionamentos sem que haja antes um real aprofundamento em si mesmo.
A única certeza que temos na vida é a da mudança. E lutar contra isso é nadar no limbo da própria involução.
Quando abrirmos mão do amor que idealizamos, conseguiremos nos abrir para sentir e receber o amor real, sobretudo dos nossos pais. Enquanto desejarmos a partir da fantasia da criança, viveremos frustrados e desejosos, não aceitaremos o amor real, e o amor recebido será sempre insatisfatório.
A realidade psíquica nos afeta mais que a realidade externa: a intenção e o desejo causam culpa mesmo quando não cedemos à eles. Oferecemos aos nossos pensamentos a qualidade da onipotência. Nossos sofrimentos, portanto, se sustentam na fantasia.
Quantas das nossas culpas e esforços são, em última análise, sacrifícios ao nada?
Deixemos a onipotência e onibenevolencia a Deus, não aos nossos pensamentos.
A nós, cabe apenas sermos humanos.
Todos os esforços na direção da fuga do eu são fracassados. Tudo o que conseguimos fazer é reprimir uma parte de nós, o que resulta na completa cisão entre o eu e a sua própria essência. Busca-se então fora aquilo que escondemos em nós. Nos tornamos pedintes, sentados em cima de um baú de ouro, com a chave na mão, clamando por esmolas.