Profex
"E os raios ainda cálidos da tarde, nos dá o tom, com a certeza de daqui a pouco se fará escuro. Arde nas entranhas, um capricho bom, um desejo incontido: essa vontade de permanecermos aqui, sentados, observando tamanha beleza!..
...entretidos, entre tantos, passamos a entrever futuros..."
Todo abismo é navegável a barquinhos de papel..."
Paro para observar: a leveza das palavras de Rosa conseguem inventar barquinhos e sonhos etéreos. Solitários e depois solidários, por isso superiores aos eventos e inventos da natureza. Sobrevivem aqueles barcos que permanecem, e aprendem o desenho das ondas. Acabam por encontrar portos seguros. Materializam-se também os sonhos tecidos em Dor e Amor.
Guimarães Rosa complementaria: "De sofrer e amar, a gente não se desfaz.
Presenças, solidões que vão tecendo a vida, beleza perseguida a cada hora, para que não baixe o pó de um cotidiano: desencanto, beleza, entendimento, semelhanças... perseguidos a cada segundo, eu diria..."
Vejo, Menina, mistério em cada palavra tua. E sentimentos encriptados, também. Ainda os decifrarei contigo, meu bem, saboreando um vinho amadurecido...
A poesia é nobre, sem medida. E a alma é sua casa. Água torrencial ou chuva fina, é vento é lenha, é brasa, é vida..
Embora às vezes tenha, prescinde de métrica. Embora às vezes esbanje, dispensa rima.