Precisamos Falar Sobre o Kevin
E uma das nossas melhores e maiores distrações, com a velhice, é recitar, não só para os outros, como também para nós mesmos, nossa própria história.
Já que qualquer mundo é, por definição, fechado em si mesmo e, para quem vive nele, é também tudo o que existe.
Na verdade, a ocasião parece ter liberado algo dentro dela, um misto de amor e bravura, se é que os dois, não são, sob muitos aspectos, a mesma coisa.
Jamais teria me imaginado como alguém capaz de perder tempo com o que os outros pensam, mas quem entesoura segredos culpados acaba inevitavelmente fascinado pelas aparências.
(...) mas me calei a tempo; um dos primeiros sacrifícios a fazer em nome da vida em família, é a irreverência.
Pensei cá comigo: Todo mundo nesse restaurante está aliviado de nós ver pelas costas. Pensei: Tornei-me uma daquelas pessoas de quem eu sentia pena. Pensei: E continuo sentindo. Mais que nunca.
Em certos casos, o problema parece enraizado na natureza do belo em si, uma qualidade, surpreendentemente escorregadia, que muito dificilmente se pode comprar de cara, que foge diante do excesso de esforço, que premia a informalidade e, acima de tudo, que chega por capricho, por acidente.
A culpa confere um poder espantoso. E simplifica tudo, não só para os espectadores e vítimas, mas, sobretudo, para os culpados. Ela impõe uma ordem à escória. A culpa ensina uma lição muito clara da qual outras pessoas talvez possam obter consolo: se ao menos ela não..., e com isso torna a tragédia evitável.