Pr.João Soares da Fonseca
Quando chega Jesus
O Novo Testamento diz que Jesus era amigo de uma família composta de três adultos: Marta, Maria e Lázaro. Um dia, Jesus foi avisado que seu grande amigo Lázaro estava enfermo. Mas, por alguma razão, Jesus não foi imediatamente visitá-lo. Demorou-se ainda muitas horas no lugar onde se encontrava quando recebeu a notícia. Nesse meio-tempo, Lázaro morreu. Imagino que Marta e Maria tenham ficado confusas e talvez até questionado as raízes daquela amizade. Afinal, que amigo é esse, que não acode no tempo da calamidade?
Por fim, veio Jesus. Ouviu as irmãs desfiarem o seu rosário de lamúrias, e humanamente falando, elas tinham razão. Jesus chorou com elas e foi ao sepulcro ressuscitar Lázaro, e nesse lugar, Jesus chorou, diz João 11.35. Chorou, orou e ordenou para o túmulo: "Lázaro, vem para fora". E Lázaro veio para fora, justamente como Jesus mandara.
A ressurreição de Lázaro é tida como o maior milagre operado por Jesus. Vezes há na vida em que a nossa dor é tão aguda, nossa esperança tão descorada, tão mal está o nosso Lázaro, que pensamos que Jesus não virá jamais nos socorrer. E a situação piora ainda mais se, durante a sua demora, Lázaro morre.
Irmãos, creiamos em Cristo de forma adulta. Pensemos no fato de que Jesus virá em nossa direção. Certamente não no nosso tempo, não no momento e na hora que desejarmos ou determinarmos, como se ele fosse o nosso criado; não. Ele é o Senhor. Ele tem as rédeas da história. É ele quem governa tudo. E quando ele vier, sim, quando ele vier, a noite irá embora, a morte morrerá, o caos se transformará em céu, e o paraíso deixará de ser uma miragem.
Pare o que estiver fazendo agora, ajoelhe-se aí e diga: "Senhor Jesus, vem habitar no meu coração. Invade e dirige a minha vida, Senhor, agora e para sempre".
O pandeiro da discórdia
Era jovem, e levou um pandeiro para tocar no culto de sua igreja. Fez isso na maior das inocências, sem querer provocar uma guerra. O som produzido pelo instrumento, no entanto, deixou vários irmãos irritados. Alguns mais exaltados ameaçaram o moço, dizendo que se ele voltasse à igreja com aquilo, seria disciplinado com rigor.
O rapaz dizia não querer confusão, mas aconteceu que alguns irmãos gostaram da novidade e passaram a defender o jovem e seu instrumento.
Ânimos em ebulição, imediatamente formaram-se dois grupos. De um lado, os defensores do pandeiro. Do outro, os inimigos.
Os defensores argumentavam que o pandeiro era, sim, parte da expressão cultural do culto israelita, que era o principal instrumento musical de percussão do povo da Aliança. Abriam a Bíblia para comprovar que algumas moças israelitas tocavam adufes (Sl 68.25). E que o Salmo 150.4 (“Louvai-o com o adufe e a flauta...”, Rev. e Corrigida) utiliza a mesma palavra. E lembravam ainda que “adufe” provém do árabe “al duf” (o pandeiro), bem semelhante ao seu primo hebraico “tof”, que foi a palavra usada pelo salmista.
Os inimigos rebatiam, dizendo que se esse instrumento, por um lado, fazia parte das manifestações culturais israelitas, por outro, não tem a solenidade que a liturgia cristã merece.
Os defensores divinizavam o instrumento. Os inimigos demonizavam-no.
Não demorou muito, e um grupo deixou de falar com o outro. Mais algum tempo, e cada um já praticava o esporte mais popular entre incrédulos, que é falar mal uns dos outros.
Não houve na igreja nenhum sábio (1Co 6.5) que pudesse ouvir os dois lados, convidar os dois lados a orar, a pensar e a trabalhar pela reconciliação. A igreja, que já não era grande, por fim, se dividiu em duas outras, bem pequenas: uma, composta pelos defensores do pandeiro no culto. A outra, pregando aos quatro cantos que pandeiro é coisa do Diabo.
"O Mestre está aí, e te chama"
Enquanto viveu na terra, Jesus tinha amigos. Um deles era um jovem que se chamava Lázaro, que morava em Betânia, a 3 quilômetros de Jerusalém. Certo dia, Lázaro ficou doente, de uma doença que não passava de jeito nenhum, e acabou morrendo. Quatro dias depois, Jesus foi visitar as irmãs, cujos olhos ainda estavam lacrimosos. Marta, uma delas, ao saber que Jesus estava vindo, saiu correndo a recebê-lo. Conversou com ele e depois, voltou a casa para dizer a Maria, sua irmã, a seguinte frase: "O Mestre está aí, e te chama" (Jo 11.28).
O que Marta disse a Maria há dois mil anos, o Evangelho diz a você hoje: "O Mestre está aí, e te chama". O Jesus a quem adoramos não está alheio nem indiferente às nossas lutas. Ele está perto. Ele se simpatiza com as nossas dores. Não é um Deus distante, perdido nas brumas para além do horizonte. Ele se compadece das nossas misérias, sofre conosco as nossas lutas.
O contexto do diálogo entre as irmãs Marta e Maria mostra isso. O único irmão delas ficara doente e morrera. Duas moças, sem os pais, sem irmãos, no Oriente Médio, há dois mil anos... era o supra-sumo do desamparo.
Vezes sem conta nós também nos vemos em situações assim: sem saída, sem opção, sem conforto, sem futuro, cabisbaixos, chorosos, atravessando o deserto da depressão... É a doença, é a dor, é a desnutrição, é a decepção, é o desemprego, é o divórcio, é a dúvida, é a devastação. Pensamos até que o Senhor nos abandonou. Mas não é assim. A Palavra de Deus nos diz ainda hoje: "O Mestre está aí, e te chama".
Quando Paulo pregou em Atenas, ele disse aos filósofos epicureus e estoicos quem era o Deus desconhecido que eles estavam tentando adorar. E Paulo disse que esse Deus "...não está longe de cada um de nós" (At 17.27). Você pode estar longe de Deus, mas Ele não está longe de você. Procure Jesus agora. Pois como disse Marta: "O Mestre está aí, e te chama".
Morreu por desprezar o perdão
Roubar é crime. Roubar o Correio dos Estados Unidos também. Mas um americano, chamado George Wilson, mesmo sabendo disso, assaltou uma agência do correio no Estado da Pensylvannia, em 1830. No ato, o ladrão acabou matando um funcionário.
Dias depois, a polícia prendeu Wilson. Levado a julgamento, o réu foi considerado culpado e, portanto, condenado. A pena era ser executado por enforcamento.
O presidente dos Estados Unidos, que na época se chamava Andrew Jackson, usando do privilégio que o cargo lhe dava de conceder perdão, emitiu uma nota em que perdoava o condenado. Mas aí, o surpreendente aconteceu: George Wilson não quis ser perdoado. De jeito nenhum.
O assunto virou polêmica, e foi parar na Suprema Corte, que é o supremo tribunal federal americano. O presidente do tribunal tomou a seguinte decisão: "O perdão é um pedaço de papel cujo valor é determinado pela aceitação da pessoa a ser perdoada. Se for recusado, não é mais perdão. George Wilson deve então ser enforcado".
Aprendemos do Livro de Deus que o Senhor Jesus pode emitir uma nota de perdão destinada a nós. Ocorre, porém, que o perdão não é automático. Para ter valor, o perdão precisa ser recebido. A graça de Deus não obriga o homem a ser salvo. O homem terá que consentir em receber o perdão. Esta verdade pode ser vista no cenário da crucificação. Jesus morreu entre dois ladrões. Um deles abriu a boca apenas para blasfemar. Usou a proximidade física com Jesus para insultá-lo e zombar dele. O outro pediu que Jesus tivesse misericórdia dele. A este Jesus disse: "Hoje estarás comigo no Paraíso" (Lc 23.43). Os dois homens ilustram muito bem a situação de quem aceita e de quem rejeita o perdão de Deus.
Enquanto você pode escolher, receba o perdão de Deus que Cristo quer lhe conceder.