Pietro Kallef
O mundo é cheio de escolhas, opções, caminhos, atalhos e outros nomes que dão para abster o real sentido daquilo que decidimos, quando tomamos decisões nem sempre existem outras possibilidades nas quais analisamos, apenas fazemos. O que é engraçado, que só depois elas surgem como fantasmas, nos trazendo instabilidade e dúvidas sobre o que julgamos anteriormente como certo ou errado.
Pensar é regredir. O "X" da questão é fazer e acontecer, o pensar vem depois. É preciso evitar o medo, o receio e a auto análise que não tem uma base comprovada além das suas ou das experiências testadas pelos outros. Por isso digo, pensar é voltar atrás, é deixar de ser você e não permitir o "eu" agir, mas e a reflexão? Quando ela entra? Acho que estou pensando muito ultimamente.
Os nossos olhos são a porta pela qual injetamos como efeitos cirúrgicos em nosso cérebro informações, questionamentos, alvos e futilidade. Olhar também é uma questão de escolher o queremos ser e com o que queremos nos importar, mas nem sempre olhamos para o que realmente necessita ser transmitido ao nosso cérebro. Ser cego analisando sobre esta ótica é uma questão de relatividade e não física.
Eu nunca soube realmente o que significa o amor, um beijo verdadeiro, um olhar profundo que me falasse algo subjetivo, mãos sinceras que acariciaram os meus cabelos, abraços quentes de saudades e sorrisos que remetessem aos desejos. Os meus ouvidos nunca escutaram um "eu te amo" que viesse na mesma frequência do coração, um toque no corpo que me deixasse arrepiado ou um simples nada que me indicasse esse tal sentimento. Talvez é muita pretensão minha ter tudo isso nesta experiência de vida ou também podem ser que essas coisas tomadas como referências de um sentimento único e real não traduzam de perto o sentido que busco, mas até o momento o amor que ainda não tive é algo que se passa lá fora e não aqui dentro.
O amor é uma questão de medida, ou cabe ou não cabe, serve ou não serve, é opção. Muitas vezes vesti um amor que não cabia em mim, me sufocou, quase não conseguia respirar, até que um dia esse amor foi laceando, ajustando-se e tounou-se meu número, daí passei um tempo vestido esse amor, porque se eu o tirasse naquele momento poderia não entrar novamente em mim, tive medo. Depois esse amor me trouxe alívio e junto algo que não sei explicar bem o que seria, resumiria em dúvida. Então esse amor me apertara novamente e resolvi tirá-lo, pois, o desejo que a medida daquele sentimento servisse em mim me fez não percebeu o quanto estava me machucando, cortando pela pele. Assim, ando a procura do número certo, de algo que me sirva sem sofrimento e ajustes cruéis, se não cabe, desista.
Hoje acordei com uma vontade mórbida, um desejo cético aguçado, um gosto amargo em meus lábios, um fogo ardente em tudo o que vejo, uma dormência em meu corpo, mas depois percebi que ser traído é algo bem pior do que imaginava.
Hoje é o dia de me perder, afinal algum dia eu me encontrei? Coloco minha roupa feita estilo "alguém", uma culturização impossível de codificar, piso no acelerador bem fundo, é sem perceber - mentira - apenas quero sentir adrenalina em um risco individual, posso? A música está tão alta que nem consigo me ouvir, proposital. Quando chego noto olhos famintos por carne e sede ao putrificável, tem algum "ser" disposto a uma dança sem percepção moral, ética e purgatória? Me embriaguei com essa droga que é viver e agora como faço para tirar esse efeito substancial que nunca passa? Morrer? Uma solução louvável aos que descobriram o que significa tudo isso.
Nunca se falou tanto neste século em motivação. Pessoas que se julgam bem sucedidas por algum motivo desconhecido e instável, ministram o motivável aos desmotivados, uma forma de se manterem sempre no topo, uma maneira de alimentarem o seu ego e tentarem de alguma forma superficial, atingir o ápice motivacional de outros seres. Isso é válido e construtivo, só não consigo ver verdade nestas construções de palavras prontas, ou seja, de tudo aquilo que sabemos e não colocamos em prática. Por que necessitamos ouvir algo que já conhecemos para nos motivarmos? A resposta é que simplismente atuamos em papéis secundários para a reafirmação desses motivados, um atalho mais sereno e bem menos turbulento do que tentarmos descobrirmos as nossas reais fontes motivacionais.
Toda vez que encontro alguém tenho a sensação de que é a pessoa certa. Ao passar do tempo percebo que me enganei, porque o errado nisso tudo sou eu.
Dos grandes filósofos os menores seres. Dos menores seres os maiores sábios, afinal, o que se busca? Reconhecimento ou reflexão do pensar e agir?
Sou politicamente incorreto, demasiadamente nostálgico, periodicamente indecifrável, dramaticamente vítima, facilmente destrutível e puramente ácido e corrosivo. Mas ainda tenho uma virtude que me resta: Ser Humano.
Me arrisquei dizer sobre algo que não sabia, fui além - vivi esse algo desconhecido. Hoje sinto saudade de quem eu era, do sorriso na face, no brilho nos olhos e da vontade de viver tudo o que tinha para ser vivido, bons tempos aqueles. E agora? Estou reconstruindo três tijolos para cada um destruído, vai levar um tempo e não sei se conseguirei montar uma felicidade plena, um amor sincero, um sentimento próprio e uma esperança no acreditar, mas tentarei, tento. Quadrado, triângulo ou pentágono? Que forma terá? preciso pensar nisso urgente.
Se gritei, não foi para ficar sem voz. Se corri, não foi porque estava fugindo de algo. Se chorei, não era de dor nem desespero. Se dançei, não foi porque estava enlouquecendo. Ser feliz é deixar que suas manifestações espontâneas aconteçam, afinal, não é todo dia que a sentimos.
As lembranças da minha infância na casa de minha mãe tem um gosto de nostalgia, sabor de inocência e uma propriedade muito particular, voltar aqui foi apenas para admitir que falhei. Hoje dei o braço a torcer e vim ver a carcaça da casa e os restos empoeirados que ainda insistem em resistir ao tempo, pois, ela não está para me receber, dói. Perdi minhas asas e levei um grande tombo, fiquei no mesmo lugar engolindo todo o choro para não ter que olhar para tudo que lançei ao vento, destrui. Eu só queria ser acordado por você, ter um olhar sincero de amor incondicional, ouvir sermões e preocupações, sorrir silenciosamente sobre as visões que tinha sobre o mundo, desapareceu. Agora retorno à aqueles dias de menino através do álbum de fotografias, a única forma de me manter vivo, agonia. Acho que vou ficar por aqui, irei abrir todas as portas e janelas e deixar o sol entrar e iluminar um novo caminho, eu devo isso a todas as pessoas que magoei quando fui embora cheio de ideais, perspectivas e sonhos, recomeço.
Admiro os que podem ser si mesmos perante a máquina social, que podem dizer o que pensam sem serem julgados, que podem sair de mãos dadas em um dia de domingo e exporem ao mundo o que estão sentindo, que almejam coisas simples e fáceis de se concretizarem, como fazer um filho ou comprar um sapato novo, que não são cobrados por sua consciência em instante algum de sua existência. Quem dera eu ser um deles um dia, de ter o livre arbítrio entre o que é útil e fútil. Simplismente não consigo fechar os olhos e viver sonhos individuais e exercer uma posição de "acusador", afinal, todos erram, mas poucos assumem o mesmo, será essa a diferença que separam os ruins dos péssimos? Pois, os bons são uma raça extinta neste universo e certamente me incluo nessa.
Eu cai e tive que encontrar forças para levantar, eu subi mas de uma forma surreal tive que descer sem entender o por que, apenas desci. Eu ouvi coisas absurdas sobre minha personalidade - coisas essas desconhecidas até mesmo pelo meu inconsciente - e tive que ficar calado para não entrar em conflito comigo mesmo, tive que me matar para dar vida à outras pessoas, tive muito e hoje tenho quase nada. Desisti de sonhos para alimentar um sonho alheio, tive que sacrificar minha felicidade por algo aceito por várias mentes moldadas, gritei até ficar ficar sem voz e as respostas nunca vieram. Fingi que sabia quem eu era para que não me derrubassem sobre um penhasco profundo, andei sem rumo e hoje ando sem destino. Aceitei o inaceitável e não tive o mesmo respaudo quando precisei, aprendi o que se vai, vai mesmo, nem sempre volta, descobri que o "não" é algo advindo de negatividade e não de instabilidade. Tenho cicatrizes que não se fecharam, mas não por uma questão de não querer que se fechem, mais sim, porque ainda existira esperança, lutei desarmado com seres que estavam preparados até os dentes, usei frases prontas de grandes filósofos e elas não me trouxeram grandes mudanças além da reflexão que as mesmas trazem. Vi que recomeçar é bem mais complicado do que o começo e o fim nem sempre é percebido, insito. Enfim, com todo esse viver que resumo em existir não me trouxeram grandes aprendizados, apenas me ajudaram a secar toda a água que teimosamente exprime o que um dia eu senti.
Bem que você poderia voltar aos meus sonhos, a integrar os desejos, a me olhar fixamente e dizer que ainda me ama.
Estou caindo cada dia mais profundo em um buraco que eu mesmo estou cavando, respirar é fugir. Fico sentado em frente à uma montanha de pedras e contá-las é minha única distração. Os ventos nunca me trouxeram um sorriso além dos que tive que cativar, gratidão é desconhecida. Cresço mais rapidamente que o tempo cronológico, viver cada etapa da vida em seu devido momento hoje seria impossível, não diria desperdício e sim um vício. Que tal cantar em meus ouvidos até que minhas armas sejam vencidas e eu adormeça sentindo seus dedos em meus cabelos, ainda te espero atravessar minha cama e ter uma felicidade qualquer que me faça ter no rosto um simples sorriso.
Nunca tive a oportunidade de escolher, sempre fui escolhido ou escolheram em meu lugar. Sonho grandioso a liberdade significa.
Um dia espero que você se arrependa de tudo que me fez e volte dizendo arrependimento nas palavras. Nesse dia lhe direi: sempre esperei por este momento.