Pierrot Sampaio
Mas tua sombra persiste num
Pós-pôr-do-sol que nunca acaba
Na intermitência da memória
Na sofreguidão solitária sentida a dois
FEL E FÉ.....
Outrora estive em outros mundos imaginários.
Terras sem problemas
Fáceis de habitar.
No entanto a consecutivas
Seções de tédio
Fui convocando ao suicídio.
Em tempos idos assim,
tinha o travesseiro de Eurídice,
a força do acaso e
a doçura de minha mãe comigo.
Desejo de Canto de Céu de Boca
Preencho os vazios de forma ríspida e acintosa
O tempo que não é meu
Pertence ao tempo
E ao tempo ele voltará.
Nada foi me dado de bom grado
Minha sina é procurar um nem sei o que
Quatro anos, algumas vidas transpassadas
E hoje, nem do seu sorriso me lembro mais.
Eu queria você agora e não esse agosto com gosto de mal amar
No canto do céu da boca
RECADO PARA MANUEL BANDEIRA
versos, métricas e citações
nada servem.
os neologismos foram enterrados
junto com o que devera.
nobre bandeira...
o que fizeram
"do beijo pouco, falo menos ainda??"
tudo hoje é tão intransitivo.
a duros golpes de chicotes
forçam a poesia ser sempre revolucionária.
uma espécie de menchevic léxico-morfológico-gramatical.
estou farto desta contínua e mutável
transgressionalidade poética
tudo hoje quer ser novo de novo.
eu, minha cuca e minha escrita
querem ficar um pouquinho mais velha....
NO LAGO DE NARCISO
Tudo que vive e que se sente
Passa rápido demais.
Dores, paixões, libidos, surtos...
Enfim....
E no fundo só resta o eu
O eu só, o eu sozinho.
Meu corpo quer um pouso
Já se cansou de prazeres camaleônicos
Onde o meu Narciso
Tenta se afogar no lago da sua beleza
Mas não se vê.
Se afoga Narciso... Se afoga!!
Meu tempo é efêmero.
E Tudo em mim é naufrágio....