Pedro Russo
Pra você.
Pra você guardei minhas vontades,
Pra você quis oferecer meus sonhos,
Pra você pensei em dar meus beijos,
Pra você quis me entregar risonho.
Mas ainda não te conheci,
Ao menos, assim o penso,
Será que por mim já passou?
E passando não a reconheci?
Não, não é possível tal fato,
Ando esperto, atento, alerta,
Dizem, inclusive, que por isso sou chato.
Quando encontrá-la, minha cara, fique certa,
Dar-te-ei minhas vontades, meus sonhos e meus beijos,
Todos pra você, pra você, de maneira bem sincera.
Numa noite de verão, a meninice passou,
o homem que então adormecia, despertou,
Não pelo barulho da multidão que o rodeava,
mas pela ânsia absurda de aproveitar a vida
em toda a sua plenitude
Como encontrar a poesia?
Ela existe em todo lugar,
Presente se faz em todo o tempo,
Basta senti-la:
Na pele, nos cheiros, no olhar,
Quase consigo tocá-la com os dedos.
A poesia não se cria, transmite-se.
No pulsar da alma que faz da caneta
tradutora esforçada.
Buscamos a palavra certa, mas,
quase sempre, escrevemos a errada.
E essa é a graça da vida,
Simplesmente ela acontece.
às vezes sem querer, às vezes,
às vezes...
Como encontrar a poesia?
Não busque-a, viva intensamente,
e, certamente, ela te sequestrará,
para sempre, para sempre.
Seu sorriso não me pertenceu,
Seu olhar não me procurou.
Suas noites não perturbei.
Então, o que me restou?
Tive-a em meus braços,
Seus olhos admirei,
Na boca, o sabor marcante,
Com a língua o céu toquei.
A rara oportunidade se criou,
e tolo, preso às grades forjadas,
Me controlei, não voei, não voei.
Então, o que me restou?