Biografia de Pedro Nava

Pedro Nava

Pedro Nava nasceu em Juiz de Fora, em Minas Gerais, no dia 5 de junho de 1903. Iniciou seus estudos no Ginásio Anglo-Brasileiro, em Belo Horizonte. Fez seus estudos secundários no Internato do Colégio Pedro II no Rio de Janeiro. Cursou a Faculdade de Medicina na Universidade Federal de Minas Gerais.

Desde jovem manifestou o talento para o desenho e a poesia, mas só publicou seus poemas em revistas literárias. Fez parte do “Grupo do Estrela” que era formado por poetas que estudavam em Belo Horizonte, entre eles, Carlos Drummond, Milton Campos e Cyro dos Anjos, que em 1924 lançou “A Revista”, primeiro órgão do “Movimento Modernista do Estado de Minas Gerais”. Segundo os críticos, o melhor momento de sua poesia é o poema “O Defunto”, que prenuncia as atitudes do autor em relação à morte.

Depois de formado passou a se dedicar à carreira médica. Trabalhou em vários órgãos públicos, foi professor e membro de diversas academias médicas. Em 1972, após se aposentar, quando estava quase com 70 anos, escreveu seu primeiro livro de memórias, “Baú de Ossos”, onde conta a trajetória de sua família desde o pioneiro vindo da Itália. Sua segunda obra, “Balão Cativo” (1973), se desenrola em boa parte no Rio de Janeiro e se ocupa da sua infância e da trajetória escolar.

Na sequência publicou: “Chão de Ferro” (1976), “Beira Mar” (1978), “Galo-das-Trevas” (1981), “Ciro Perfeito” (1983) e “Cera das Almas”, que ficou inacabado e só foi publicado postumamente em 2006. Pedro Nava suicidou-se em uma praça no bairro da Glória no Rio de Janeiro, no dia 13 de maio de 1984.

Acervo: 5 frases e pensamentos de Pedro Nava.

Frases e Pensamentos de Pedro Nava

A experiência é um farol voltado para trás.

Não tenho ódio, eu tenho é memória...

A experiência é um automóvel com os faróis voltados para trás.

Quando morto estiver meu corpo, evitem os inúteis disfarces, os disfarces com que os vivos procuram apagar no morto o grande castigo da morte.

Não quero caixão de verniz nem ramalhetes distintos, superfinos candelabros e nem as discretas decorações.

Quero a morte com mau gosto!

Dêem-me coroas de pano, flores de roxo pano, angustiosas flores de pano, enormes coroas maciças como salva-vidas, com fitas negras pendentes.

E descubram bem a minha cara.

Que vejam bem os amigos a incerteza, o pavor, o pasmo. E cada um leve bem nítida a idéia da própria morte.

Descubram bem minhas mãos!

Meus amigos, olhem as mãos!

Onde andaram, o que fizeram, em que sexos demoraram seus dedos sabidos?

Meus amigos, olhem as mãos que mentiram a vossas mãos!

Foram esboçados nelas todos os gestos malditos: até os furtos fracassados e os interrompidos assassinatos. Mãos que fugiram da suprema purificação dos possíveis suicídios.

Descubram e exibam todo meu corpo, as partes excomungadas, as partes sujas sem perdão.

Eu quero a morte nua e crua, terrífica e habitual.

Quero ser um tal defunto, um morto tão acabado, tão aflitivo e pungente, que possam ver, os meus amigos, que morre-se do mesmo jeito como se vão os penetras escorraçados, as prostitutas recusadas, os amantes despedidos, que saem enxotados mas voltariam sem brio a qualquer gesto de chamada.

Meus amigos, tenham pena – senão do morto – aos menos dos dois sapatos do morto. Olhem bem para eles. E para os vossos também!

A experiência é um carro com os faróis voltados para trás.

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