Pedro Munhoz
Quando Matam Um Sem Terra
Quem contar tráz à memória,
sabendo que dor existe,
quando a morte ainda insiste
em calar quem faz a História.
Pois quem morre não tem glória,
nem tampouco desespera.
È um valente na guerra,
tomba em nome da vida.
Da intenção ninguém duvida,
quando matam um Sem Terra.
Foi assim nesta jornada,
quando mataram mais um,
o companheiro Elton Brum,
não teve tempo prá nada.
Numa arma disparada,
o Estado é quem enterra
e uma vida se encerra
em nome da covardia.
Toda a nossa rebeldia,
quando matam um Sem Terra.
È o desatino fardado,
armado até os dentes,
até esquecem que são gente,
quando estão do outro lado.
E vestidos de soldado,
todo o sonho dilacera,
violência prolifera,
tiro certeiro, fatal.
Beiram o irracional,
quando matam um Sem Terra.
Quem és tu torturador,
que tanta dor desatas,
desanimas e maltratas
o humilde plantador?
Negas a classe, traidor,
do povo tudo se gera,
te esqueces deveras,
debaixo de um capacete.
Dá a ordem o Gabinete,
quando matam um Sem Terra.
Em algum lugar da pampa,
Elton deve de estar,
tranquilo no caminhar,
jeito humilde na estampa.
E algum céu se descampa,
coragem se retempera,
outras batalhas se espera,
dois projetos em disputa.
Não se desiste da luta,
quando matam um Sem Terra.
(Para Elton Brum MST/RS, assassinado covardemente pelas costas, em 24.08.09)