Pedro Eloy
"Há riqueza no mundo para as necessidades do homem, mas não para a sua ambição" - Mahatma Gandhi
Existem personalidades que são eternas. De facto, pensar no sentido da vida remete para uma ciclicidade que parece não ter fim. O <eu> do presente não ser+a, de certo, o <eu> pai nem <eu> avô. Um sujeito que é um e somos todos, todos que se tornam imortais. O homem tem uma missão, de uma, muitas que centrifugadas ilustram o futuro. Na verdade, é curioso pensar na base dos objetivos, porque anseio alcançar algo que será apagado comigo?
Recuperando o sentido de ciclicidade, a vida parece uma corda com as pontas atadas, porque esforço-me para ser melhor mas esqueço-me de que um dia partirei e postumamente ninguém dará valor. Até aos meus dezassete anos de existência, questionei-me sobre a semelhança entre a vinda e a ida, chegamos sem nada e partiremos da mesma forma. Não ia eu descobrir o motivo da ambição humana se não fosse a imortalidade. Refiro-me a homens e mulheres que ascendem ao plano mítico pelos seus feitos. Pouco me interessa se encontram maneiras de chegar ao espaço ou de simular o raciocínio, se a prioridade não forem os protagonistas desta história, nós. Se o objetivo não for melhorar aquilo que nos rege e nos torna pessoas, de pouco serivirá a ciência.
Por outro lado, além da evolução da dignidade humana, pensei: que outro fator periclitante motiva a ambição? É a luz que reluz e cintila em cada um, é aquilo que de mais imprescindível há e se orgulha, é um filho. Resto-me a compreender os esforços que uma mãe faz pelo seu eu pequeno, ou o que um pai trabalha para proporcionar o melhor à sua luz. São eles e somos nós porque todos já foram eles, só não reconhecem a própria luz. Tomara que todos pensassem desta maneira, talvez Ghandhi estivesse errado. Talvez existisse riqueza suficiente para a ambição.
Para concluir, Ghandhi não se refere a todos, refere-se a cada um, e, talvez a riqueza não fosse material, mas, é um facto que, se as necessidades do homem fossem de todos, a ambição não seria mais do que fomentar a riqueza.
Não menti quando disse que eras tudo o que eu tinha. Neste momento, já me habituei a viver sem nada.