pedro aranda

Encontrados 7 pensamentos de pedro aranda

(I)

as horas em que viveste
horas verdadeiras
em que foste folha verde
canto de ave
marinheiro pelos mares da China
conquistador de impérios

horas em que o sol acariciou o teu rosto
e sonhaste o impossível

esses momentos passaram e não voltam

e o dia que era hoje
já passou

(II)

passados os mil anos
partirei voando com as aves
até aos confins
onde a terra e sol se abraçam
e é negro o pôr sol

(III)

viajando nas asas do vento Norte
visitarei o país das alturas e o das profundezas
procurando o que não existe
o impossível e o imaterial

jamais voltarei
nenhuma pegada na areia assinalará os meus passos
e não esperem na volta do correio um postal
pois vou desaprender a arte de escrever
e só falarei línguas estranhas

(V)

guardo no meu olhar o tempo

todas as flores que feneceram no Outono
florescem nos meus olhos
todos as crianças que não nasceram
choram nas minhas lágrimas

sou o registo infindável do tempo

(VI)

no olhar mudo das tílias interrogo o destino
tenho na memória o meu pai cultivando os campos
e por companhia uns olhos tristes de juventude perdida

dói-me o vento que passa
são tristes as flores no meu olhar
desabrocharam mortas

(XVI)

agarra a meada do irreconhecível
e decifra a forma como tudo se enreda com tudo

(XIX)

e um dia acordarás
e o mundo que adormeceu contigo deixou de existir