pedro aranda
(I)
as horas em que viveste
horas verdadeiras
em que foste folha verde
canto de ave
marinheiro pelos mares da China
conquistador de impérios
horas em que o sol acariciou o teu rosto
e sonhaste o impossível
esses momentos passaram e não voltam
e o dia que era hoje
já passou
(II)
passados os mil anos
partirei voando com as aves
até aos confins
onde a terra e sol se abraçam
e é negro o pôr sol
(III)
viajando nas asas do vento Norte
visitarei o país das alturas e o das profundezas
procurando o que não existe
o impossível e o imaterial
jamais voltarei
nenhuma pegada na areia assinalará os meus passos
e não esperem na volta do correio um postal
pois vou desaprender a arte de escrever
e só falarei línguas estranhas
(V)
guardo no meu olhar o tempo
todas as flores que feneceram no Outono
florescem nos meus olhos
todos as crianças que não nasceram
choram nas minhas lágrimas
sou o registo infindável do tempo