Pedro Alpedrinha
Mundo perfeito!
Cansado e desiludido com a sociedade actual, decidi por vontade própria tomar para mim as rédeas e destino dos Homens, reclamando o direito à criação.
Tornei-me então senhor e detentor dos direitos e razão, puxando e assumindo toda a sabedoria e conhecimento de séculos e eras do Homem.
Com tal festim e entusiasmo, num único dia, iniciei o processo de criação segundo o meu pensamento e orientação. Começando bem cedinho, tudo organizei e tudo estruturei. Apliquei mais justiça, mais direitos e mais condições. Defini regras e procedimentos, tudo em nome e para o Homem. Uma visão maravilhosa!
No final, de um único dia e com grande satisfação, recolhi para um descanso merecedor. Dormira em paz e sossego, sempre na expectativa de acordar e ver a minha criação.
De manhã bem cedinho, com bastante ansiedade, correra para a janela onde, num único e simples acto, abrira ambas as portas de forma a contemplar um novo começo.
…
Tal fora então a minha desilusão e decepção!
O mundo que criara e que no momento visualizava era todo ele cinzento! Com tonalidades mais escuras e mais claras de forma a distinguir e constatar as formas, no entanto … era tudo cinzento!
Foi então que percebi que perdera, logo no início, o rumo e o verdadeiro poder da criação, quando neguei logo à partida a miscelânea de cores da diferenciação!
Para rumar a um mundo melhor (*), há que partilhar, assumir e aceitar todas as diferenças. Mas acima de tudo, há que haver o esforço de vontade de todas as partes nesse sentido!
(*) Não existem mundos perfeitos. Isso é mera utopia! O que existe e pode continuar a existir, são mundos melhores, … e cada vez melhores. O mundo perfeito é todo ele cinzento!