Paulo Henrique Batista
Trato o ser como uma extensão do ser absoluto, no caso o mundo, mas o ser em si contesta o ser absoluto quando toma a posição de indagar as coisas que o cercam ou seja o próprio criador, no caso o ser absoluto, então ele parte do criador para tomar a iniciação da verdade em busca de sua própria existência, buscando a verdade naquilo que ele acredita ser tangivel, o homem nega o mundo pressuposto pelo ser absoluto para achar a verdade em bases existenciais.
Quando acha essa verdade, ele a nega, querendo ir mais fundo dentre seu conhecimento, ate chegar na verdade de que nada sabe e que o conhecimento empírico adquirido somente serve como base para a sua própria sobrevivencia, assim nao se tornando dono de suas sensações, a verdade lhe escapa entre os dedos, mas ele conhece nesse exercício que o ato de indagar as coisas que o precedem e que cercam a sua vida, lhe faz um conhecedor de ti mesmo, por fim o homem toma como verdade que vive em plena ignorância e que seu conhecimento nunca chegara a tal certeza, pois do mundo ele parti e no mundo acha suas próprias respostas falaciosas.
Quando se descobre que ama, normalmente já está se amando. O amor para o dramaturgo grego, Aristófanes, era único, tão único que apenas duas partes diferentes de um mesmo corpo, teriam que se reencontrar para que houvesse a junção dessas duas metades. O amor é a vontade desses corpos que um dia estiveram juntos, se entrelaçarem novamente. Para mim, o desejo, a paixão do novo é que fazem todos os corpos se acenderem. O reencontro, em si, é a realização do inesperado. Como poderia o amor ser algo tão relapso? Ser intenso nem sempre acompanha bons momentos, porém a intensidade carrega consigo o anseio de se ter reciprocidade, atenção, conexão.
Talvez não exista mais amor em nós. Talvez não exista nada além de conformismo. Talvez nunca existiu um nós. Sempre admirei como me olhava e eu lhe olhava com os olhos da alma, não precisava achar em você nada mais do que você me dava, me sentia completo... E acho que esse foi o erro. A sua boca que antes me mantinha ali, foi ficando distante, o teu abraço uma hora apertado foi se afrouxando e até o jeito que brigava comigo, já não existia, não existia sentimento. As vezes queremos que dê certo, ensurdecemos gritando em silêncio e acabamos por machucar a nossa consciência... O coração. Como encontrar a saída, quando a única saída é sair? Como ter a pessoa amada, quando a gente sente que o outro já não sente mais? Às vezes as coisas não dão certo, pelo simples fato de não ser feito para dar certo, e isso é difícil de entender, como é difícil... Quando algo não dá certo, o certo a se fazer é deixar ir... Talvez volte e se não voltar... É, tudo bem...
É fácil criar asas na mente de alguém, para isso basta estimular o ego. Porém será mais fácil ainda criar uma prisão para quando o ego ser tudo aquilo que restar. Nascem gênios a todo momento, pessoas com capacidades inimagináveis e que a cada dia são atravancadas por elas mesmas. A nossa mente pode ser tudo o que quisermos, mas quando desejarmos ser tudo o que as pessoas querem, perderemos o que é mais importante, a nós mesmos. Sartre diz que somos condenados a ser livres. Partimos do nosso instinto, que por vezes é condicionado a ser uma mera reprodução na sociedade. Criamos as nossas limitações, dia após dia... Será que realmente somos livres? Os maiores gênios da história residiam atrás das próprias grades, forjadas com pensamentos e palavras que nunca puderam ser proferidas. Estamos matando nossos jovens, talvez nos matamos todos os dias em busca da evolução. De certa forma estamos condenados. Condenados a falsa liberdade.
Saudade não vai trazer ninguém de volta. Quando se lembrar do toque, do cheiro, da voz... Vai saber que nenhuma distância no mundo é maior do que a que nós estamos agora. As vezes me pego pensando o porquê de ter ido embora. Você não sabia, mas eu pensava toda noite em nós, nos nossos planos e até no jeito da tua risada. Momentos únicos, mas agora, tão efêmeros. Como em um romance português, debrucei-me muitas vezes sobre a janela e na noite estrelada, teci meus melhores poemas para você. Foi verdadeiro, todo o amor era. Mas a saudade talvez não estivesse tão forte, pois ela nunca te trazia de volta. Com os dias, pude perceber, as vezes dar tempo ao tempo, só traz lucidez ao que já estava claro. Me arrisquei. Bradei com meu coração e no silêncio mais longo que tive, não consegui te trazer de volta. São apenas palavras, mas que com amor lhe peço, não faça com que o próximo implore a tua volta, por favor, fique.
Cheguei em casa, tirei o cordão, o relógio e por final a roupa, estranho... O peso que me assolava não era material.
Quando eu morrer, por favor não chore por mim, estarei em descanso. Quando me olhar no caixão, se lembre do sorriso e sorria comigo, saiba que todo choro se convertia em alegria quando estava junto a mim. Talvez o futuro não é dos mais justos, mas toda essa desordem, certamente tem um sentido... A desordem da mente, do coração, quantas vezes não choramos juntos sem ao menos deixar que qualquer lágrima tocasse nosso rosto? Queríamos mais do que podíamos e quando não conseguíamos, voltavamos como crianças e na cama, que mais parecia o nosso refúgio, adormeciamos... A morte chegava todos os dias, quando não era correspondido, quando me depreciavam... Agora, tenho paz. Então não chore por mim, chore pelas palavras que me ouviste falar, mas não me escutavas, chore por cada vez que não me compreendeu, eu só queria a tua felicidade. Enfim, chore por tudo, só, por favor, não chore pela minha morte.
Eu já estive só. Muitas vezes já tive que brincar sozinho, assistir a um filme sozinho e até passar o dia com a minha própria companhia. Porém é diferente, a solidão, ela sempre foi diferente. Sempre ando maquiando minhas inseguranças com um "depois passa" "eu até gosto", mas de um tempo pra cá, não foram poucas vezes que eu estive só, eu fui só. Amizades, relacionamentos, todos dotados de muito prazer e pouca sensibilidade, muita carne e pouca empatia. Às vezes só queremos nosso livro e aquela série que gostamos de ver, mas muitas vezes, não escolhemos a série, não escolhemos os livros, eles acabam nos escolhendo. Meus medos intrínsecos a hábitos repetitivos e rotineiros, me colocam em um ciclo assassino. A geração romântica nunca imaginaria que perdidos em séculos posteriores, estariam jovens, sufocados com a sua própria suficiência. A totalidade já me parece pouco, não tenho certeza de nada, talvez nunca terei. Na verdade, coerência nunca foi meu forte, me embaraço entre quem quis ser e quem sou. Filosoficamente falando, acho que eu estou preso em uma caverna e a única luz que ilumina o fundo dela, é a luz da ignorância.
Um dia encontrei um menino. Ele era puro, corria sempre mais rápido quando via que podia deixar quem ele amava, um pouco mais feliz... Uma vez eu também o vi, triste, na verdade só escutei, seu sussurro fraco talvez fosse uma das coisas mais insurdecedoras que já escutei. A madrugada parecia se estender por uma eternidade quando ele começava a chorar. Um olhar, um toque, talvez poucas coisas consigam transcrever e transcender sem usar as palavras. Para o menino, muitas palavras não importam, às vezes só o bater da porta já lhe devolve a esperança, ficar só parece desolador para alguns, mas para esse menino é libertador. Nilista, cético, triste. Nada definiu tão bem o poeta que lhe descreve. Porque no final, talvez ele também seja o menino. Na verdade, todos nós temos esse menino, seja por amor, pela dor, por amizade ou por tudo isso junto... Um dia ele vem ou normalmente nas noites ele vem... Não deixe que seu menino morra, ele um dia vai voltar a correr, brincar, pular... Talvez seja amanhã, talvez não seja.
CICLO VICIOSO
Pele, olhar, o riso inconfundível... Poema e poeta, tudo se perde
Ela não é o delírio, é real e soa como brisa, que toca, inebria
As palavras foram curtas, não precisa de mais, de novo eu volto ao riso inconfundível...
TEMPO
Difícil escrever pra ti, mulher tão forte que minhas palavras frágeis não conseguem alcançar
Mais difícil ainda escrever sobre mim, homem que se deixa esvair pelas linhas, até que cada parte se vá
Orei ao tempo que me deixasse ficar ao teu lado, mas tu forte não quis, isso eu já imaginava
Me deixastes sem força, na verdade sem caminho, sem leme, leio para matar o tempo
E tu mulher? Por que não aproveitas enquanto não mato a única coisa que iria nos salvar.
Beijos sem gosto, mãos rápidas e delírios que duram horas contadas
Pessoas ilimitadas limitando o gozo
O gozo de ser e não estar
Viver e não figurar
Talvez não devemos nos entregar
Afinal hoje o orgasmo da alma não é um prazer a se conquistar.
Os beijos longos, toques quase perfeitos...
A vida em looping infinito é o que espero pra nós
Nós que não apertam, mas que de algum jeito, como aquela criança ansiosa, acabe dando um pique.
Suspiros fugazes, em detalhes rítmicos, destonados de vida
Quando encostou sobre o solo, viste que até o maior caiu sobre os próprios pés
Em silêncio, levou-se a vida, os sorrisos e o fulgor do amor
Fiqueis por ti, em prantos, mas sempre estaremos juntos em pensamento.
Florada
Florescer sem perder a essência
Não perder a fragilidade
Tendo a experiência
Com as flores, cultivar o aroma
Destilando beleza
Mesmo estando na lona
Suportando a rotina de inverno
Com o sorriso raiando
O néctar interno
Dias ruins que nenhuma outra tivera
Mas sempre a esperança
Renascida na primavera
Flor de Lis que me beija
Espera, não heis de morrer
A ti dei tudo que desejas
Na aurora do amanhecer
Apartei-me para que brilhastes
Retornando a si, meu alvorecer
Sentimentos reprimidos na noite tibia, tateio a procurar versos que retratem a dor
Não encontro, talvez esteja perdido por ai em linhas que me enforquem...
Poema do desamor
Se passaram anos desde a aurora daquele amanhecer, víamos pássaros, flores e até o pôr do sol nascer
Sorrisos, abraços e beijos, me perdendo conscientemente em você...
Três dias, você se foi, como as outras, sim, mas diferente, deixou entardecer em mim seu olhar incandescente...
Hoje me encontro estável, mas irracionalmente doente, reguei nosso amor e infelizmente, jogada fora a semente.