Paulo Fehlauer

⁠Uma história não pode nunca, na verdade, ser uma reta.

⁠O que entendi naquele dia, amigo, foi que, para que caiba o Universo na carriola, ou na teia de uma aranha minúscula, você tem que se desvencilhar da razão por um instante que seja.

⁠Talvez não haja um começo possível e o fim se dê em um gesto de desistência. Ou de abandono. Talvez esta seja a única forma de falar de algo que não existe. Mas é claro que alguma coisa sempre existe.

⁠Você disse que a história parecia escapar por entre os seus dedos. Como petróleo. E o que percebo agora é que algo se partiu bem no meio daquela frase. Ou estou enganado e esse algo tinha já se partido muito antes.

⁠Se eu tivesse percebido o detalhe correto no momento preciso, hermano, desconsiderando a improbabilidade disso, será que teria evitado o trabalho ingrato de desembaraçar agora todos esses fios em busca de alguma pegada, de algum padrão para mais esse desvio?