Paulina Chiziane

Encontrados 21 pensamentos de Paulina Chiziane

Contar uma história significa levar as mentes no voo da imaginação e trazê-las de volta ao mundo da reflexão

Em primeiro lugar eu escrevo para existir, eu escrevo para mim. Eu existo no mundo e a minha existência repete-se nas outras pessoas.

A vida é como a água, nunca esquece o seu caminho. A água vai para o céu mas volta a cair na terra. Vai para o subterrâneo mas volta á superfície. A vida é um eterno ir e voltar. O corpo é apenas uma carcaça onde a alma constrói a sua morada...

Inserida por pensador

Dançar. Dançar a derrota do meu adversário. Dançar na festa do meu aniversário. Dançar sobre a coragem do inimigo. Dançar no funeral do ente querido. Dançar à volta da fogueira na véspera do grande combate. Dançar é orar. Eu também quero dançar: A vida é uma grande dança.

Inserida por pensador

Mães, mulheres. Invisíveis, mas presentes. Sopro de silêncio que dá a luz ao mundo. Estrelas brilhando no céu, ofuscadas por nuvens malditas. Almas sofrendo na sombra do céu. O baú lacrado, escondido neste velho coração, hoje se abriu um pouco, para revelar o canto das gerações. Mulheres de ontem, de hoje e de amanhã, cantando a mesma sinfonia, sem esperança de mudanças.

Amor. Tão pequena, esta palavra. Palavra bela, preciosa. Sentimento forte e inacessível. Quatro letras apenas, gerando todos os sentimentos do mundo. As mulheres falam de amor. Os homens falam de amor. Amor que vai, amor que vem, que foge, que se esconde, que se procura, que se encontra, que se preza, que se despreza, que causa ódios e acende guerras sem fim. No amor, as mulheres são um exército derrotado, é preciso chorar. Depor as armas e aceitar a solidão. Escrever poemas e cantar ao vento para espantar as mágoas. O amor é fugaz como a gota de água na palma da mão.

O vermelho atrai os búfalos, os touros. A fruta madura atrai a fome e a cobiça de todos os pássaros. As flores atraem todos os olhos humanos. O segredo da sedução reside na cor. Imita a natureza e veste-te de flor, para atrair todos os olhos e despertar desejos escondidos.

Cerramos as nossas bocas e as nossas almas. Por acaso temos direito à palavra? E por mais que a tivéssemos, de que valeria? Voz de mulher serve para embalar as crianças ao anoitecer. Palavra de mulher não merece crédito. Aqui no sul, os jovens iniciados aprendem a lição: confiar numa mulher é vender a tua alma. Mulher tem língua comprida, de serpente. Mulher deve ouvir, cumprir, obedecer.

Inserida por pensador

No coração da noite residem os sonhos. Umas vezes são coloridos como as flores. Outras, pássaros negros dançando nas trevas como fantasmas.

Paulina Chiziane
Niketche: Uma história de poligamia. São Paulo: Companhia das Letras. 2004.

O mundo está em permanente mudança. Muda em silêncio.

Paulina Chiziane
Niketche: Uma história de poligamia. São Paulo: Companhia das Letras. 2004.

Para nós, mulheres, um marido não é leveza, é um fardo. O marido não é companheiro, é dono, é patrão. Não dá liberdade, prende. Não ajuda, dificulta. Não dá ternura, dá amargura. Dá uma colher de gosto e um oceano de desgosto.

Paulina Chiziane
Niketche: Uma história de poligamia. São Paulo: Companhia das Letras. 2004.

As mulheres, de mãos dadas, podem mudar o mundo, não é?

Paulina Chiziane
Niketche: Uma história de poligamia. São Paulo: Companhia das Letras. 2004.

Em cada dia buscamos o amor e só encontramos enganos. Procuramos a flor e só encontramos espinhos. Buscamos o pão e a sociedade nos dá pedras em grão. Buscamos ar e só encontramos chuva de cinzas que apaga o sopro da nossa existência.

Paulina Chiziane
Niketche: Uma história de poligamia. São Paulo: Companhia das Letras. 2004.
Inserida por pensador

Corpo de mulher é magia. Força. Fraqueza. Salvação. Perdição. O universo inteiro cabe nas curvas de uma mulher.

Paulina Chiziane
Niketche: Uma história de poligamia. São Paulo: Companhia das Letras. 2004.

Desejo-te todas as mulheres do mundo, menos eu.

Paulina Chiziane
Niketche: Uma história de poligamia. São Paulo: Companhia das Letras. 2004.

As culturas são fronteiras invisíveis construindo a fortaleza do mundo.

Paulina Chiziane
Niketche: Uma história de poligamia. São Paulo: Companhia das Letras. 2004.

O amor é assim. Um dia te ergue à altivez das catedrais, noutro dia derruba-te ao mais profundo do chão, fazendo-te chafurdar como um verme nas águas fétidas dos pântanos.

Paulina Chiziane
Niketche: Uma história de poligamia. São Paulo: Companhia das Letras. 2004.

O ser humano nasce e morre de mãos vazias. Tudo o que julgamos ter, é-nos emprestado pela vida durante pouco tempo.

Paulina Chiziane
Niketche: Uma história de poligamia. São Paulo: Companhia das Letras. 2004.

O casamento é isto mesmo. Aceitar apagar a tua vela, para usar a tocha do companheiro, que decidirá a quantidade de luz que te deve ser fornecida, as horas, os momentos.

Paulina Chiziane
Niketche: Uma história de poligamia. São Paulo: Companhia das Letras. 2004.

Foi o amor que te elevou às nuvens a ponto de seres considerado um morto, porque só os mortos atingem a altura dos céus.

Paulina Chiziane
Niketche: Uma história de poligamia. São Paulo: Companhia das Letras. 2004.

⁠Caminhei sem saber pra onde eu ia, mas cheguei a algum lugar.

Inserida por humbertohalves