Pauli Aragon
Olha você aí de novo menina, rodopiando com o vento que vem de lá e de cá, achando que a vida ensina. Se ele bate forte você balança, se ele vem mais brando você se atira, fazendo do vento sua sorte, fazendo da brisa sua sina.
Se apronta, se apruma menina. Persista, perdure, persevere.
Põe o brilho no sorriso e alarga esse olhar, que se não for seu, uma hora será, você sabe que será.
Visto-me de um manto em cores, me visto da alegria. Acordo, olho pro alto, penso longe, sinto o vento, sonho... sonho... sonho...
Veja aquela nuvem, ali, cortada pelo sol. Sabe o que significa?
Sinal de bom dia.
A verdade é que as pessoas desabrocham, como flores.
Tem sempre aquele alguém que você conhece há anos e de repente se dá conta da pessoa incrível que é de verdade, ou aquele alguém que você nunca viu dar um sorriso, de repente, começa a rir de tudo do seu lado. Também tem aqueles que ficam mais bonitos, com trejeitos mais acentuados, ou somos nós, que ficamos com os sentidos mais apurados, enfim, desabrochamos.
Já é o quarto ou quinto dia, e você aí no mesmo canto, venha cá minha menina, vou lhe dizer um tanto:
Nesses olhos tão pequenos, não deve haver tristeza, pois em tudo nessa vida há um pouco de beleza.
Mas se tiver que vir, que seja feito estrondo, daquela que agua um rio, transborda um mar e enxarca um ombro.
Tristeza que derruba, todo tipo de certeza, pra gente aprender na vida, até ser feliz de novo.
Disse um anjo
Sou colcha de retalhos. Pedaços de tecido estampado, colados lado a lado, com babado amarelado, representando faces e fases, do estranhado da minha vida. – em constante coser.
Houve um dia em que todos os versos de amor fizeram sentido, houve outro em que todos os de desamor fizeram.
Hoje, fazem sentido aqueles falam sobre apreciar a bela leitura.
Esse vazio aqui dentro, tão cheio memória torta, que roda, não se parece nem um pouco com o vazio lá de fora, tão cheio de nada, nenhuma fala engraçada, cilada, fachada, palavra riscada, lágrima salgada, só eu de mim.
Vazio de poeta sem letra, cheio de história pra contar. Vazio de menina que grita, com voz de quem vai sussurrar.
E para seguir em frente nesses dias cinza de noites azul fechado, dois conselhos: Em um dia da semana, pra afastar o desengano, ajeitar os ombros e erguer o queixo, lembre-se de onde veio. Em todos os outros dias, pra manter a esperança, alinhar os passos e mostrar para os olhos a direção, lembre-se aonde quer chegar.
Estou aqui, me ocupando das culpas alheias pra dizer sem centelhas: “Onde está o amor ?”.
O amor frente às lareiras, por debaixo das roupas vermelhas, dos castelos de areia, e até nos momentos de dor. Aquele que é fogo e semente, que assopra e se acende, que incendeia em calor.
Ou até do amor bem mansinho, do olhar com carinho, de abraço e pudor.
Diz pra mim moreno, para onde foi o menino pequeno, que o coração sem veneno, o mundo trancou?
Poesia é explicar algo que não se vê, para que ninguém entenda, e ainda sim, ser capaz de inventar um mundo novo dentro de cada pessoa, onde tudo é claro e real.
Ontem fui dormir pedindo para o céu deixar uma estrela brilhar mais alta, para você. Pra que você pudesse olhar para ela e afastar todos os seus medos, do escuro, do incerto, do mundo. Pra que você visse no brilho dela a certeza de que todas as coisas boas estão reluzindo sobre você neste momento, no próximo e no depois.
Eu queria que você entendesse que os astros não tem pontas e que cinco lados não representam cinco caminhos ou escolhas. Eu queria que você soubesse que uma estrela é uma totalidade e que sua luz e calor vêm de dentro dela mesma. E ainda, que você observasse, o poder e a beleza que uma estrela tem quando está sozinha, mas que reconhecesse que esse poder e beleza se multiplicam quando juntas elas formam uma constelação.
Uma vez ouvi dizer que não existem duas estrelas iguais, pois cada elemento é único no universo. Mesmo assim, pedi ao céu uma estrela para que ao olhá-la, você percebesse as semelhanças que existem entre vocês.
Que a vida não permita que a maldade presente no mundo fira o que há de bom presente em mim. E não impeça que essa bondade seja oferecida às pessoas que dela precisam.
Se você soubesse, do feixe de luz que ilumina a trilha, pro atalho, da felicidade que você merece. Ah, se você soubesse, da alegria contida, na memória, de cada passo que você se esquece. Mas você, você sabe do esforço, de cada gota de suor no rosto, do obstáculo no caminho já tortuoso. Agora acredita, o futuro é uma história escrita. Quem tem coração de bússola e pés a direcionar, voa, passeia, naufraga, flutua, e não aprende a caminhar.
Agora, tenho olhado pra isso tudo de uma forma diferente.
Fecho os olhos e vou pensando bem aos pouquinhos em você, construo a cena devagar, igual criança que descobre a chama de fogo na vela e vai aproximando o dedinho aos poucos pra ver se queima, mas esse pensamento não queima, ver isso não dói.
Acho encantadoramente atrevida, essa doçura colorida, que algumas pessoas carregam consigo e vêm transbordar na nossa vida.
Ou talvez seja eu quem não me reconheça, e nem ao mundo a minha volta.
Entre mim e minha imaginação eu enlouqueci, e voltei a mim tantas vezes, que não me é possível distinguir mais o que é o que.
Quando as estrelas se amaram,
Quando as estrelas se amarão?
Quantas estrelas nasceram,
Quantas estrelas nascerão?
Quanto de amor virá a tona,
Quanto de amor virá ao chão?