Paula Parenti
Solidão é estar no meio de várias pessoas, e não sentir a falta de ninguém. Solidão é não sentir-se amado, é seguir a estrada sozinho...
Viver no turbilhão de sensações, sentindo a energia dos raios de sol batendo em nosso corpo despido de razão, cá pra nós, não é para qualquer um.
Quando colocar curativos em feridas que nunca irão cicatrizar, é quando a esperança que as sustenta deve morrer.
Você deixou resquícios de sua doçura escondidos nas traves do meu coração, como um veneno de lembranças para saborear amargamente.
As batidas do som ecoam as memórias de você, como ondas do mar cristalino que vi fixado em seus olhos.
A Nossa Paixão
A nossa paixão circunda linhas na minha imaginação, linhas de fogo que ardem meu coração toda vez que projeto tua presença e teu cheiro misturando-se ao meu.
A nossa paixão faz-me perder o controle dos meus sentimentos, como se tua imagem estivesse presente em cada canto desse mundo, nos sonhos você me persegue, teu amor me deixa insana.
A nossa paixão é de outro mundo, do lado de lá você me pertence, marcado pelos vigorosos dos raios de sol, intenso se tornou teu beijo.
A lágrima ressecada marca uma rede de conexões fantasmas em um coração, a inércia da insensibilidade agoniza e cala a vivacidade do arco-íris da alma.
Em meio as ondas, ao vento e a chuva, você se torna presente pelo bálsamo que exala de forma suave por estas correntezas. Meu bem, eu te amei por entre a eternidade, não temas esta vida, te espero com a mão estendida ao passo do raio cintilante que nos convergirá.
Irreparável, o misto de cores emoldurado ao fundo do âmago, expostas ao vestígio amaro fragmentado da entrega à energia vital. Estremecendo-se pelas velhas lacunas aonde se dissipam, surge a ineptidão de seu esplendor. Como estão as palavras dispersas, estão as cores. O pintor tenta justificar sua coordenação para tal obra, mas as cores apenas são. Elas estão entrelaçadas por cada pincelada incerta, pela união de suas partículas jogadas à força do vento, elas fluem entre si emoldurando um novo plano, porém em sua aurora as cores apenas são.
O calafrio que percorre as lacunas do nosso fugaz anseio, é cálido como as labaredas emitidas de nossa sinergia. Enquanto o sol omite seus intensos raios de luz, você emite seu olhar reluzente em direção ao meu coração, e no aconchego do teu vigoroso abraço, o compasso to teu peito se une ao meu com suavidade em contraste ao teus intensos lábios.
O brilho reluzente da tua estrela não encontro mais no céu, as marcas da tua partida doem na minha alma. Deixar você ir embora abriu fendas obscuras no meu peito, que sugam meu riso toda vez que tuas memórias se fazem presente. És um buraco negro irremediável, irreparável, uma dor sem fim. O preço de te amar é recordar teu toque delicado, teu beijo adocicado, teu abraço suave e incessante de ternura e ainda assim, te amar apesar de tudo, te amar deixando você partir.
Meu amor, se você vier, envolva-me com seu abraço caloroso para que eu possa aconchegar minha alma no teu âmago.
Meu amor, reneguei tua existência enquanto habitava em um campo deserto de flores. E por tanto te querer, vivi alucinada por rosas vermelhas que me cercavam, mas ao acordar, senti o vazio da escuridão de um deserto me abarcar.
Meu amor, ao sopro do vento quero sentir eclodir tua presença ao energizar minha pele com teu toque gracioso.
Palavras molduradas com a suavidade de teu toque, seguem a tinta azul que escoa no papel pelo atrito e desenha sensações ao som pulsante do coração.
Agora o silencio cala, a tinta azul esmaeceu. Podem se passar décadas, mas a tinta azul não existe mais, cinzas cobrem nosso leito, e o "nós" é singular agora. Vestígios da tinta azul na pagina seguinte mostram sua mácula a cada nova pincelada.
O valor de nossos átomos é saber exaltar a energia de cada partícula em nosso corpo em harmonia com a força física do cosmos. Se somos seres de mesma matéria, de uma mesma força, o valor é reconhecer. A energia é exaltada através das mãos dadas, o toque na pele, no coração através da vibração de palavras que atravessam o oxigênio e perpassam nosso membro. Mas para tudo isso é necessário um vocábulo: Humildade.
Desde o momento que você virou as costas, o tempo congelou.Num lapso, você aparece nos meus olhos, é como se eu ainda segurasse sua mão. Tanto te amei, que nossas almas andam entrelaçadas por entre os ventos, e meu sorriso te pertence.
Mundo de almas vazias, beleza superficial que cobre olhares ofuscados pela soberba. E assim o mundo segue, como o papel que é descartado, os amores mais profundos são jogados ao vento. Corações partidos seguem rastros das cartas despedaçadas, pétalas de rosas murchas desnudam lágrimas percorrendo o rosto.
Amor, vertente de muitas palavras. Amor, proveniente de um sabor utópico, somente um coração adentrado na ternura degusta cada singelo pedaço de suas ramificações. Na presença do outro, o amor surge com um sorriso espontâneo ao olhar, com o calor do amparo de duas mãos unidas. No aconchego de um sedoso lençol ou de um terreno gélido, na serenidade da natureza ou no caos de uma cidade rumorosa, a vertente que ramifica o amor é a mesma. Quando duas almas se encontram, o brilho no olhar entre cada mirada não se apaga, a cada impasse esse laço se fomenta, nutre-se de sua encosta. Vertente essa que permite nutrir suas ramificações, mesmo com a partida da flor que um dia carregou em seu tronco. Porque o amor não é o nascimento de uma flor, amor é essa corrente que se espalha entre ramificações, o amor é a sua alma propriamente dita.
No leito profundo do meu peito, brotam pequenas raízes amargas de insegurança. Percorri atalhos a procura de amor, mas sem perceber, o amor estava contemplado em todo meu ser, e a poeira das estradas eram o reflexo daquilo que meu coração emitia. Na tentativa de palpar a pureza dos feixes de luz, cada partícula desvanecera frente aos meus olhos, que em pranto, formava mais brotos da insegurança.
O amor que esperamos encontrar é aquele que reside em nosso peito, não importa quantas estradas existiram, mas que cada pessoa que percorreu ao teu lado, provou a pureza de teu coração.
Traços de doçura molduram levemente seu rosto, que permanece distante a deriva do túnel. De todas as forças, minha luz ilumina teu olhar envolto de tua dor, minha dor. O destino trouxe consigo a ironia, para evoluir e crescer nosso âmago. Num futuro distante de minha própria imaginação, nossas mãos estarão entrelaçadas às minhas, energizando todo amor do meu coração. Tua dor é minha dor. O oceano cobre teu olhar, cobre a beleza do teu ser, revela teu ímpeto.