Patrícia Marasca
Eu poderia passar minha vida trancada em uma cadeia, poderia enfrentar os piores perigos, poderia morrer. Se fosse pela sua felicidade.
-Você é forte, acredite.
-Me de um motivo para acreditar.
-Acredita em mim?
-Claro.
-Então acredite na sua força, pois eu acredito nela.
Às vezes penso que minhas palavras não fazem sentido. E confirmo, não fazem sentido algum: para quem não quer que faça.
Aquelas maluquices de criança, que hoje são mais que lembranças e muita saudade, capaz de nos fazer rir de tudo isso.
Tenho medo. Tenho medo de ter medo e medo de não ter. Tenho medo de tudo ou quase tudo. Tenho medo de vencer meus medos e ficar sem nada.
Ela odiava a outra. Não porque esta a tivesse feito algo, mas só pelo fato de que era "outra" e isso não poderia existir. Não para ela.
A pior parte de chorar em silêncio, talvez seja, não poder gritar para o mundo o quão grande é a dor e o quanto você sofre.
Fazia sentido, em forma de pensamento. Como palavra, nem tanto. Acho que palavras não fazem sentido porque são superficiais.
Sou um ser humano muito idiota. Como prova disso, admito essa tal qualidade (se é que posso chamar de qualidade).
Não ficarei, não partirei. Me esconderei. Irei a algum lugar bem distante daqui. Um lugar controlado por mim. Refúgio dos sonhos.
Eu tenho sonhos tão estranhos, que estranho por tê-los sonhado. Minha vida é tão monótona que qualquer estranheza eu já estranho.
Digo que és o motivo do meu viver, pois, meu coração bate por ti. Sem ti, ele não bate. Então, não vá embora. Sou muito jovem para morrer.
Do nada tudo se perdeu. Assim sem motivo, acabou. O que é eterno dura para sempre, ainda que o para sempre nunca exista. Não durou.
O que sabemos da vida? O que sabemos sobre viver? O que sabemos a respeito da realidade? E de sonhos? O que sabemos, me diga?
Procurava alguma palavra reconfortante para alguém que chorava. Não sabia expressar-se, dizia coisas sem sentido, mas tentava.
Meus olhos ardem, me sinto um tanto quanto sem vida. O cansaço me venceu. Desisto. Lágrimas que caem, algo em mim morre.
CONFUSÃO
Era tarde da noite e não conseguia dormir.
Deitada na cama, observando o escuro (inobservável), pensava. Pensava sobre tudo e sobre nada. Perdia-se em seus pensamentos e nos mesmos, encontrava-se. Pensava em ti.
Fechava os olhos e sua imagem lhe vinha à cabeça, assim num de repente, como que em sonho; mas não era. Imaginava situações futuras, relembrava situações passadas.
Inquieta. Virava-se de minuto em minuto, de um lado para outro. Aliás, fazia frio. Ela adorava o frio. Mas ali, naquele instante, nem todos os edredons do mundo poderiam aquecê-la.
Sentia um vazio dentro de si. Congelava, por dentro e por fora.
Uma mistura de sentimentos. Uma confusão. Seu coração batia forte ao lembrar o nome dele, recordar sua voz ou reviver em sua mente o último abraço.
Uma parte de si chorava; desolada, sem consolo. Pessimista. Sem chão, sem teto, sem nada. Outra parte ria e sorria. Otimista, cheia de esperanças. Sonhadora. Não sabia em qual parte acreditar. Estava dividida entre razão e emoção (ou buscava o meio termo entre as duas).
Lembrava a primeira conversa. O primeiro olhar entre os dois, as primeiras palavras, o primeiro abraço, o primeiro beijo. Nunca esqueceria. Tudo parecia tão perfeito, que de tão perfeito, admite-se cega de amor.
Essa moça, era eu.
Você me magoou, me deixou sem vida. Estou morrendo e já faz tempo. Todos perceberam. Você está me matando, fazendo de mim, pedaços.
Tenho conseguido lutar ao longo desse tempo, mas ultimamente está sendo difícil. Acabaram-se os armamentos, os mantimentos e as forças. Principalmente as forças.
Preciso descansar. Me entrego. Levanto a bandeira branca em símbolo de paz. Necessito de um refúgio; e meu refúgio sempre foi você.
Admito: sinto sua falta.
É sufocante a dor de não te ter por perto. Não poder te ver, te abraçar, te sentir. Queria ter o seu olhar direcionado à mim, como na primeira vez que nos vimos.
Queria poder sentar ao seu lado novamente e te ouvir me chamar de “pequena”. Quando só o seu abraço me protege e só suas palavras me confortam.
Você me faz tão bem; e tão mal.
Estou aqui, sozinha em meu quarto, jogada sobre lembranças, perdida nesse presente, esperando por um futuro. Um futuro que sempre sonhei e ainda sonho.
Do qual desejo que faça parte.
É assim toda vez que deito na cama.
Estão fechadas as portas do meu coração. Não consigo abri-las, algo me impede. Mas eu sei, todos sabem e na certeza também sabes: a chave é você.