Parvo Ignaro

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DISSONÀNCIA COGNITIVA*

DEGAS é um cidadão paulistano que, diariamente, utiliza o precioso tempo que lhe resta de vida, distribuído entre a casa da mulher amada e a da mãe apegada. Durante o percurso, no ônibus, tem o hábito de observar o comportamento das pessoas e, no uso desse mister, naquele domingo de passeata prevista, teve sua atenção voltada para uma jovem, que, por suas vestes, aparentava estar preparada para aquele evento que iria acomodar na Paulista milhares de brasileiros em ato cívico, a clamar por nossos direitos e exigir Ética na política!
A citada jovem -ocupante de um daqueles assentos de acesso "inexpugnável", existentes nos ônibus e destinados, "preferencialmente", aos portadores de necessidades especiais-, ao perceber o embarque de uma idosa, fechou literalmente seus olhos e "pôs-se a dormir"! Incontinenti, DEGAS, que a tudo observava, delicadamente, objetivando "despertá-la daquela extemporânea sonolência", tocou-lhe o braço e sussurrou-lhe: "Você sabia que o assento que está ocupando é um dos poucos existentes, em que seus eventuais usuários não podem dormir?". A jovem, surpresa, e sentindo-se um tanto quanto desconfortável com aquela observação, arguiu: "Por que?". DEGAS, então, apontou-lhe o adesivo afixado no vidro da janela contígua ao assento por ela ocupado, referente à sua condição de uso. Sem expressar qualquer reação, a recalcitrante, aparentando ainda um certo ar de indiferença, nele permaneceu sentada.
Para DEGAS restou a esperança de que a jovem, ao levantar e posicionar-se diante da porta para descer -reação tida após vislumbrar um grupo de jovens deslocando-se à Avenida, com o mesmo propósito-, tenha tido tempo observar outra mensagem, também indicada no veículo: "Respeitar o idoso é respeitar a si mesmo!"
Naquele dia, DEGAS foi coadjuvante num episódio típico da dissonância cognitiva, protagonizado por uma jovem que, embora disposta a clamar por seus direitos, ainda não assimilara o mais elementar dos seus deveres - o do respeito ao próximo, a que todos estamos sujeitos!


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Ver Leon Festinger (8 de maio de 1919 - 11 de fevereiro de 1989) - Teoria da Dissonância Cognitiva que, a grosso modo, revela o descasamento entre as crenças pessoais de alguém e suas atitudes...;

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