Pâmela Martini
Não existe palavra capaz de expressar a necessidade patética que o ser humano tem de se auto-afirmar através dos outros.
Não tenha medo de apertar o gatilho sobre a tempora amena da consciência reprimida. Mate-a antes que se conforme.
Tenho saudades dos meus tempos de interesses pueris sobre dinossauros, sobre o universo... quando abrangemos nossas experiências e conhecimento dentro do patamar humano acabamos definhamos para uma certa futilidade. Quase inevitavel.
Uma mulher forte deve ser capaz de eliminar todas as "impurezas" e lapidar no homem as suas maiores qualidades.
Poucas pessoas percebem que, quando se publica um texto pessoal, está-se abrindo mão da posse exclusiva daquele bem tão querido que é a particularidade. E por mais que, a princípio, se escreva com impessoalidade em relação a quem lê, é difícil lidar com a indiferença.
Mesmo.
(...)tenho deixado de aproveitar as miudezas da vida por ter esse maldito programa instalado na cabeça que diz para me preocupar com as 'outras' pessoas antes de ouvir os próprios pensamentos, antes de agir espontâneamente, de pensar em aposentar as máscaras da conveniência social. Tenho saudades sinceras do meu passado, de mim, da Pâmela ela mesma, antes deles, que sabia o ser sem mais ninguém.
Eloqüência não é sexy?
Quase como um par de seios avantajados: você fica tão hipnotizado que até esquece de prestar atenção no que a pessoa está realmente dizendo.
A verdadeira beleza transcende qualquer concepção superficialista de "perfeição". Ela é, antes de qualquer outra coisa, um nível superior de envolvimento estético com a 'forma' ou 'formas' em questão, que remete a uma esfera de experiências pessoais ou coletivas e sua contextualização social e cultural. Cabe a nós, aprender a apreciá-la e, principalmente, criticá-la sem a necessidade de negá-la.
Abstinência requer medidas drásticas de compensação. É sob esta lei que o homem rege sua vida: ação-e-recompensa-ação-e-recompensa-ação-...
Eu me permito não fazer sentido de vez em quando, desde que eu esteja sendo sincera comigo mesma. Pra falar a verdade, eu até prefiro quando as coisas fogem ao meu próprio entendimento, pois somente assim sou capaz de sentir sem interferência do cérebro. Somente assim separo aquilo que é real daquilo que eu invento por pura conveniência.
Não confunda vontade de comer com vontade de engordar, ou de fugir com a de se perder, coisas do gênero.
Tudo faz mais sentido à noite. Até o medo e a loucura parecem mais justificáveis. Mas porque? Sei que não me atreveria a inundar a suntuosidade dos dias de sol com mágoas. Talvez por isso escreva à noite.
(...) e junto dele a deixamos mais colorida. De cores que o tempo não oblitera. Aquelas cores que são guardadas na graça da lembrança de quem nos via, de quem fosse capaz de espalha-las com misturas que não eramos capazes de fazer. Aos poucos, a musa decadente, que já havia perdido todos os brilhantes de seus anéis vistosos, ganhava luz nos olhos da noite e na mansidão das tardes de chuva que acolhiam amantes alienados. Era uma graça humilde, que sentenciava a incuráveis saudades por ela.
Amo a violência do teu silêncio, deitado sobre mim como se fora ali atirado. Nem o descaso dos teus olhos perdidos em algum canto do teto esconde a violência com que me tratas, quando propositalmente esqueces de mim e terminas o cigarro sozinho.
Sentimento induzido é a mesma coisa que comer cebola dizendo que tem gosto de chocolate e jurar de pés juntos que tem. No fundo, no fundo, você simplesmente preferiria não ter que comer cebola.
Nesse momento meus olhos secam, as pálpebras faltam e tudo pesa dentro de mim, pesa de tal forma que nada sai, nada cria nem emociona. Procuro mexer os pés, olhar para os lados, pensar, sentir, escrever alguma coisa, mas estou vazia, cheia de nada que preste, procurando desesperadamente um meio de me decifrar, de ser finalmente livre da loucura que me inventou, morrer um pouco pra não morrer por completo
(...) mas distância é detalhe para o louco que enfrentou mar turbulento a nado. Que engoliu o medo dos olhos pra proteger certezas pequenas do coração - as únicas. Não lamenta, ela também não, pois sabem que só morre de saudade aquele que a sente sozinho.