Pamela Marques
Cair sempre dói. Entretanto, cabe a você decidir se os tombos da sua vida servirão para algo ou somente para deixar cicatrizes em tua alma.
“Das muitas coisas que já vivi, queria poder recriar alguns momentos. É que infelizmente a vida não é uma peça de teatro que permite ensaios até que se alcance a perfeição. Quando a cortina se abre, eis o grande espetáculo: é a vida, meus caros.”
E então me é justificável o que balança e estremece cá dentro. Porque eu te vejo e tenho nos momentos mais difíceis, nas horas em que o mundo me incita a gritar, tu me fazes sorrir. Me é doce teus nãos, teus sims e tuas maneiras de se importar. É que tu não sabes, mas me é porto agora. É vontade tremenda, é refúgio. E então eu sempre volto a ti, porque a felicidade se encontra aí: nos teus dedos e palavras.
As palavras que ensurdecem
Deixando silêncios ecoando pelos cantos
É grito calado preso na garganta
É choro abafado, contido, refreado.
Havia uma árvore naquela rua branca de ladrilhos avermelhados. Ela era bem alta, vigorosa e tinha umas florzinhas brancas, menores que flores de laranjeiras, bem menores. Elas tinham um cheiro forte, porém adocicado. Tão doce que causava tontura se você inalasse seu cheiro bem de perto. Não importava. Ela tinha cheiro de infância, lembranças da adolescência. Ela era pura saudade.
Pegou uma caixinha, papel de seda e esticou sobre a mesa, usou algumas fitas coloridas e o embrulhou. Seus dedos tremiam a cada laçada, começou a escrever um bilhete. Suas mãos trêmulas rabiscavam algumas palavras, enquanto suas lágrimas caiam sobre o papel manchando-o.
E suas palavras foram as seguintes:"César, Dou-te meu coração dentro dessa caixinha. Ele já não me pertence há tempos. Então é justo que eu te entregue."
E te olhar na minha timidez e reservas. Apenas olhar. Porque são nos olhos que vejo a essência, aquilo que busco compreender. São as portas que desejo abrir, a casa que anseio em morar. Ah, seus olhos. Só os teus olhos é que me fazem amar.
Você dobrou e desdobrou o meu coração com a facilidade de alguém que brinca com origamis. Veio sem razão aparente sambar bonitinho dentro do meu coração. Onde versam prosas sem nexos e poemas sem pretensões .
Que eu quebre a cara uma segunda, terceira e quantas vezes for necessário. Mas, que eu nunca desista de tentar e recomeçar. Que eu tenha a coragem necessária de abraçar todas as oportunidades que vierem de encontro a mim, mas que eu saiba cortar pela raiz aquilo que definitivamente não tem futuro. Que eu não perca a esperança no amor, que eu tenha fé e mesmo que a vida me dê outra rasteira eu continue tentando.
E tentando, tentando e tentando.
Eu sinto muito, muito, muito mesmo. Sinto por ter perdido aquilo que nos unia, deixado que o meu coração esvaziasse do sentimento bonito que te dedicava, por não ter dito: “você é importante para mim, amigo.” Então eu preferi que o adeus [não dito] enterrasse a nossa relação. E doeu, dói, doerá. Porque não há como simplesmente desconectar do mundo, fingir que você não existe, dizer que você não pertence a minha vida de alguma forma. Os textos mais bonitos que escrevi na vida foram dedicados a você e os mais tristes [uma tristeza-alegre-masoquista] também. É que você, meu amigo, batia em uníssono com o meu coração. E eu me pergunto: “o que eu vou fazer com tantas linhas escritas no livro da minha vida?” Mas você não me responderá, você não quer responder. E eu fico pensando que a vida nos uniu naquela época para sermos alicerces, em alguns momentos, um ao outro. Só que você se doou e eu, por vezes, deixei a desejar. E você me dói todos os dias, todas as horas, todos os minutos. Porque não dá para ouvir alguém chamar o outro de “bonito” e eu não me lembrar de ti. E então eu compreendo que alguns relacionamentos terminam para preservar aquilo que há de bom. Só que não queria que tivesse terminado.
Não assim.
Talvez eu queira uma casa com varanda, um parquinho de areia e um jardim com margaridas. Talvez eu queira um tapete branco, uma estante abarrotada de livros, um gato siamês para me "matar" de espirros e uma caneca de 500ml para tomar café aos domingos. Talvez eu queira viajar ao exterior, sentar sob a Torre Eiffel e escrever alguns poemas ou escrever cartas em garrafas jogando-as em seguida ao mar. Talvez eu queira um amor de filme água com açúcar, um amor enlouquecido e cheio de intrigas ou talvez eu queira apenas um amor sereno. Talvez eu queira uma casa, alguns finais de semana na roça, meus filhos brincando de pique-cola e um cafuné a toda hora.
Talvez eu queira tudo. Talvez eu queira nada.
Quando eu era pequena achava que somente quedas doíam e por algum tempo achei isso. Depois eu descobri que algumas pessoas tinham o poder de doer. E doem de forma latente, cortante e profunda. É uma dor fina que te sufoca e aos poucos rouba o teu ar. Elas doem, doem e doem. E por doer tanto eu não consigo escrever nada mais que isso, termino com reticências. O ponto não me finaliza, infelizmente...
Não precisamos nos dobrar para que alguém goste de nós, mudar a aparência, deixar nos conceitos e princípios de lado. O amor verdadeiro te reconhecerá nas tuas falhas, nos teus defeitos. Não adianta fabricar-se na intenção de conquistar alguém. A conquista deve ser verdadeira, simples e nunca maquiada.
Ame-se acima de tudo.
Dificilmente te socorrem quando há apenas gritos. Espera-se que haja fogo, que a fumaça indique a tragédia. A maioria das vezes a destruição acontece silenciosa e não há quem salve aquele que ficou dentro das chamas.
Eu me vejo em seus olhos e a sensação que me dá é que posso derreter a qualquer momento. Ele me apaixona em todas as suas formas de ser. Quando observo o meu reflexo em sua íris me dá vontade de chorar, porque eu me desconheço e sinto que estamos dentro um do outro. É absurdo. Sei que é. É tão novo. Tão novo esse sentir. Ele me tem e acho que não sabe o quanto. Talvez nem eu saiba.
As pessoas sofrem continuamente porque optam por ser e não estar. A nós é dada a opção de seguirmos em frente, mas também de permanecermos no mesmo lugar. Não se afogue na poça de lágrimas que se acumula debaixo dos seus pés. Deixe que o sol aqueça o teu coração e seque teu choro. A vida é muito breve para ficarmos presos aos dias rabiscados em nossos calendários, na vida de quem decidiu ir embora sem dizer adeus.
Em meio à desvalorização dos sentimentos, o descarte de pessoas e a facilidade que se tem em tapar buracos, nós ficamos fragilizados e aceitamos (não deveríamos) qualquer farelo a nós oferecidos. Amor não tem que ser lavagem, nós não somos porcos. Amor não ter que ser migalha, nós não somos formigas. Amor tem que ser inteiro. E em meio a conversa pude perceber o quão verdadeira é a percepção daqueles que nos amam. Eu estive diversas vezes tentada a recomeçar, e recomecei, contrariando a todos que deveras se preocupavam. Você não pode esperar viver em um jardim de rosas, se semeia apenas ervas daninhas. Não há que se começar algo, ou melhor, continuar sabendo que as coisas nunca mudarão.
Eu só preciso deitar a cabeça em teu ombro enquanto a chuva cai lá fora. Então deixa, bonito, desenhar estrelas nos teus braços enquanto tu me envolves aquecendo-me do frio. Só quero me apaixonar todos os dias pelo teu sorriso largo e cheio de vida. Pelas tuas frases piadistas e cheias de segundas, terceiras e quartas intenções. Pelo teu jeito alegre de ver a vida e por me plantar flores em meu coração. Só preciso disso. Que meu coração seja acomodado dentro do teu peito como se ali, no seio de tua mãe, ele tivesse sido gerado. Eu só preciso saber que há muito de nós em tudo que vejo por aí. Nas nuvens que se formam no céu desenhando corações ou na lua que banha os enamorados na praça da cidade. Eu só preciso entender que a gente se tem desde sempre, desde o primeiro olá, até o primeiro: deixa de ser besta. A gente só precisa entender toda essa coisa toda, enquanto não compreendemos me deixa aqui, quietinha, tocando teus cílios que dançam e fazem poesia.
Sinto o sabor de todas as lágrimas e, por mais que eu tente, elas me vêem à cabeça, aos lábios e, até mesmo, ao coração. De dia, de noite, a cada minuto, a cada segundo. Eu que não te amo ainda penso que, sim, que poderia. E emendo com um ‘mas não foi’. Você que me era urgente. Nós que éramos um do outro. Nós que já não somos nada. E não seremos. Você que me era, que já não é. E que não será jamais.
Não mais.
A desimportância dada ao coração dos outros é impossível. Coração é prato duralex, na mente de alguns, você joga no chão e ele se mantém intacto. Só na mente. Coração é frágil como lima doce, ela – como dizem meus avós -, magoa ao cair no chão. Coração não é comida e, ainda assim, alguns o servem em seus pratos. Coma meu coração agora. Coma o que restou. Só coma.
É necessário observar a vida ao redor. Aqueles que em seus ombros carregam demais. Nossas dores serão suportáveis ao observarmos a batalha dos nossos irmãos. Dá-me, Senhor, apenas ombros fortes, dispenso a falta de fardos.
Às vezes é necessário que nos caia uma ou duas pétalas para que nos tornemos flores formosas e cheias de vida.
Me pega no colo, me enrosca em tuas pernas e me diz que não quer a calma de um amor tranquilo. Que deseja furacão, que quer ventania, que deseja ser vulcão em erupção. Me conta umas verdades bonitas - aquelas que somente o coração tem coragem de confessar -, e me olha nos olhos com cara de vontade. Vontade de ser um e se entrelaçar em meu corpo até se perder. Desfaz o nó da minha cabeça, faz um laço em meu coração - liga as tuas artérias aos meus desejos, me rompe a alma e me faz tua.
Me beija os olhos, me toca os lábios e escreve uma poesia qualquer, daquelas que vemos espalhadas nos olhos dos transeuntes, e me deixa ser a história mais maluca que a vida quis te escrever/envolver. Seja o mocinho nas manhãs de primavera, seja o vilão nas noites de inverno, seja meu amigo nos dias em que o verão nos convida a descobrir a vida lá fora, seja meu amante quando as flores nos intimar ao amor.
Desenha em meu corpo as tuas digitais, faz meu coração bater em uníssono junto ao teu, espalha as borboletas que carrego dentro do estômago, plante um jardim de margaridas debaixo dos meus pés, apresente a nossa história nos outdoors da cidade, tenha orgulho da gente, de nós, dos nossos nós, diga ao mundo que a gente se tem, que você foi meu presente de aniversário/dia das crianças/natal e ano novo.
Me dá a mão e me leva embora.
Leva embora para a tua vida, pro teu canto.
Para a tua história.
"Que os nossos corações sejam manjedouras para acolher o dono deste dia. Que saibamos reconhecer a nossa pequenez e, assim como o Menino Jesus, possamos nascer em meio a humildade. Jesus nos dá com o seu nascimento a oportunidade de refletirmos a respeito de quem somos e nossas atitudes diárias. A data não é apenas uma recordação, é um convite ao (re)nascimento. Optemos nascer para o céu e morrer para o mundo. O mundo de intrigas, falsidades e desamor. Que possamos viver com Cristo para um dia morrermos com Ele, por Ele e para Ele. Feliz natal e não esqueçamos o aniversariante do dia."