palavrasperdidas
porque, enfim, meu coração parece estar tomando juízo de verdade. eu posso até estar errada, ou então tentando enganar a mim mesma, mas não é o que parece. não mesmo. porque te ver ou não já não faz tanta diferença assim. você ligar ou não também não faz. e eu acho que esperei demais. mas, apesar disso, eu sei que esperei tempo suficiente para perceber que entre nós as coisas nunca darão certo, e não há como mudar.
eu fiz de tudo o tempo todo, mas você parecia não ver. não tinha como não ver. e eu estava ali. sempre ali. mas aprendi a viver sem você. você me fez aprender. confesso que me iludi demais, não soube separar as coisas e jamais medi esforços para te ver sorrir. acabei confundindo demais as coisas, mas você sempre deu motivos para isso.
e hoje, mais do que nunca, eu pude ter certeza de que todas as minhas tentativas foram em vão e que passou da hora de partir para outra. mas eu não posso negar que com você eu era feliz. que, apesar de tudo, eu tinha um motivo para levantar cedo todas as manhãs e ir para escola, agüentar os piores professores e ainda assim não reclamar. porque para mim estava ótimo, não importava a situação, simplesmente você estava lá. era só isso o que realmente importava. mas e agora?
agora parece que minha felicidade foi embora assim que eu abri mão de você. às vezes eu tento pensar que tudo pode voltar a ser como antes, mas elas não podem. o sentimento não pode ser perfeito. perdeu as forças de tanto tentar e agora já é tarde, tarde para ele e tarde demais para mim que sei que não é mais isso que eu quero.
na verdade, eu não sinto falta de você. eu sinto falta de quem eu era quando estava contigo. e aí se encontra a grande diferença!
"eu que pensei que duraria para sempre... nada dura para sempre, e mesmo que durasse, isso não mudaria os fatos, afinal, você nunca fez por onde conservar tudo aquilo que eu sempre senti por você. bem que dizem que pessoas só aprendem a dar valor quando perdem, e por mais clichê que possa parecer, é a pura verdade."
eu fui à sua casa, subi as escadas, abri sua porta sem tocar a campainha, atravessei o hall e entrei no seu quarto, onde podia sentir seu cheiro. e eu não deveria estar aqui sem permissão. não deveria estar aqui. você me perdoaria, amor, se eu dançasse no seu chuveiro? você me perdoaria, amor, se eu deitasse na sua cama? você me perdoaria, amor, se eu ficasse tarde inteira? eu tirei minha roupa e coloquei seu roupão. mexi nas suas gavetas e encontrei sua colônia. fui ao seu covil, achei seus CD's e toquei seu Joni. e eu não deveria ficar por muito tempo, você poderia voltar para casa logo. não deveria ficar por muito tempo. você me perdoaria, amor, se eu dançasse no seu chuveiro? você me perdoaria, amor, se eu deitasse na sua cama? você me perdoaria, amor, se eu ficasse a tarde inteira? eu queimei seu incenso, eu sai do banho, eu reparei numa carta que estava na sua escrivaninha, ela dizia: "oi, amor. eu te amo tanto, amor. encontre-me à meia-noite." e não, não era minha letra. seria melhor eu ir logo... não era minha letra. então me perdoe, amor, se eu chorar no seu chuveiro. então me perdoe, amor, pelo sal na sua cama. então me perdoe, amor, se eu chorar a tarde inteira.