Pablo Ancassuerd
Somos todos carentes nesse mundo de valentes.
Em um mundo que revindica de nós a compostura de leões e a estabilidade de águias, somos direcionados a viver levianamente sem as manifestações do coração.
Sou um peregrino dentro de meu próprio pensamento, sou aquele que corre atrás do destino mas se esquece que talvez já tenha o alcançado. Quem sou eu?
Sou o improvável dentro das minhas capacidades nativas, faço do impossível minha morada e do utópico meu alimento.
Sei que este mundo não é tão poético, mas o que devo eu fazer se não consigo me alimentar deste universo cético?
Concedido a mim como um presente, oferece a possibilidade de fazer na terra um inferno ou do céu minha morada.
Gentilmente nomeada: Memória.
Todos precisamos de algo para fugir da complexidade da realidade, para que não terminemos se desintegrando.
Escuto a voz, o princípio vital no fluxo de representações prementes, uma via privilegiada para o conhecimento.
Sinto o silêncio, o precípuo perceber rescaldado da alma, a limiar aproximação entre o estar só e a entrega ao livre fluxo das associações.
Chego a conclusão: É... estar só se constitui um fenômeno altamente sofisticado e trabalhoso, estar só e o estar em silêncio assumem diferenças significativas; estar sozinho não necessariamente reflete estar em silêncio, e estar em silencio, não obrigatoriamente significa estar sozinho.
O Diabo em todo homem
Em minha mente um espelho,
Um reflexo somente conhecido por mim,
Nesse local que me encontro,
Alguém a procura de um fim.
Mas dentro de meu próprio abismo interno,
Graciosamente nomeado de inferno,
Encontro um antigo parceiro,
Um particular companheiro.
Sobre ele eu lhe conto, uma figura exemplar!
Há quem diga, que nesse homem não se deve confiar,
Eu nego, e ainda digo que é bom contemplar
As ações desse meu amigo, meu camarada antigo.
Um segredo eu lhe conto,
Apesar de que lhe disse, ele não existe!
O homem o criou, a sua semelhança o formou.
Uma tentativa vaga de de seus próprios diabos fugir,
Para aquela parte repugnante e nojenta não sentir.
Outra coisa lhe afirmo, por própria experiência vivida
É impossível ser luz sem ter visto a escuridão,
Ilusório ser anjo sem ter sentido a própria destruição.
É pelo contato, que entramos em evolução.
Às vezes sinto saudade
Às vezes sinto saudade,
Saudade do que fui e também do que serei,
Saudade do que sinto e do que já superei,
Só mais um sentimento,
Dentro da minha enorme complexidade,
Só mais um momento,
Dessa minha realidade.
Um velho e o jardim
Às vezes me sinto como um velho,
Alguém a espera de um fim,
Sinto como se nessa vida,
Não houvesse mais nada feito pra mim.
Ai eu me pergunto, "por que se sentir assim?",
Embora meus bons dias estarem longe,
Ainda encontrarei minha fonte,
Ainda descobrirei meu jardim.
Meu próprio verso
É meu amigo, entre ser feliz e ter razão,
Prefiro eu seguir na contramão.
Meu própio verso,
Estar feliz dentro de meu universo;
Entre as inúmeras vezes que já nos vimos sozinhos,
E nossos monstros que já se tornaram vizinhos,
Prefiro seguir e escrever mais um poema,
Continuar resistindo a este dilema,
Minha vida ainda há de transcender esse sistema.
Meu corpo passei a habitar,
Uma curiosa mudança senti emanar,
Agora sinto-me em casa em qualquer lugar.
Venha cá meu colega,
Venha aqui se sentar,
Pois uma breve história de um amigo,
Preciso lhe contar.
Um camarada ingênuo,
Sempre achava ter razão
Acabou por supérfluo,
Perdendo-se de antemão.
Dentro de seus pensamentos, pensava avistar
Sob próprios fomentos, começou a turistar.
Triste história sobre qual imaginar entre
Suas palavras perdia o amar, iminente.
Venha cá meu colega,
Vamos nos encontrar,
Pois essa breve história de meu amigo,
Não quero que vá reencenar.
Entre palavras expresso a condição:
Todos os dias a morte de mais um leão.
Todos os dias o nascimento de outro olhar
Para,
Todos os dias um novo viver encontrar
Fala,
Tudo que tem dentro de sua cabeça
Acha,
Um novo local, aquele que te mereça.
Eu sou a minha própia reencarnação.
No sofrimento, aquele que sente a solidão,
Neste momento, o que vive graditão que
Eu dou as coisas, em troca do que me dão.
Eu sou aquele a procura de minha paz,
Aquela que, de certa forma, nunca me satisfaz,
Talvez um dia lembre, ou talvez um dia esqueça,
De que nessa vida não há nada que se conheça.
Pelos caminhos que andei,
E pelas vivencias que presenciei,
Acreditei que não um haveria lugar,
Pensei que a serenidade não iria encontrar.
Certo dia, de um pensamento me aproximei:
De que adiantaria caminhar se
A nenhum lugar parecia chegar?
A solução ainda procuro encontrar,
Mais uma coisa sobre o que pensar,
O importante mesmo é continuar a caminhar.
Não sei quantas almas tenho,
Pois em cada momento mudei,
Repetidamente me estranho,
Para que nunca ache que me encontrei.
Mas a pergunta fica:
O que guardarei?
A certeza que indica:
Pelo Amor viverei.
De todos os caminhos que andei, e
Por todas as moradas que visitei, lá
Uma coisa sempre aprendi, cá
De certo modo sempre senti.
Por todas as ruas que pude caminhar,
E todas as virtudes que tive encontrar,
A sorrir e a sonhar: minha leve cabeça,
Sinto que nesse momento, da vida se esqueça.
Sempre imerso, nesse grande universo.
Vejo que sempre que crio meu verso,
Venho e converso, venço o adverso.
Nesse pequenino domínio,
Sempre morou meu fascínio.
Minha própia existência é um enigma,
Como um jogo sem fim,
Espero um dia me descobrir,
No meio do universo enfim.
Soluções não são coisas que chegam fácil.
Ninguém irá as entregar na sua porta, embrulhadas para presente...
Como qualquer coisa que seja de valor, elas primeiro precisam ser desenterradas, às vezes do solo mais duro existente... De você.
Quando nos mineiramos, se torna comum em alguns momentos somente encontrar "ouro de tolo", e algumas raras vezes o achado se mostra excepcional; deve-se então quebrar uma pequena lasca e engoli-la.
Esse é o amargo remédio de um melhor amanhã.
Em fim: Soluções não são simples instrumentos fáceis de se encontrar,
São muitas vezes caminhos complexos a se trilhar;
O que realmente importa é o quanto está disposto a explorar.
Sinto em minha mente ecos de uma época distante.
Estranhamente vejo passar o que sinto como:
O espírito retratado da maneira de pensar,
Sentado à uma cadeira, observando o movimentar.
Quem diria este voltava-se ao universo, novamente
Para aprender sobre o passado e o presente, entre
Expanções e contrações de uma consciência direcionada,
a tentar compreender sobre esta evolução premeditada.
Pra quem já se acostumou com tempestade, por quê guarda-chuva...
Eu levo é tudo no peito mesmo, literalmente e figurativamente.
I magine só, chegamos até aqui, não?
S omos exemplos de um povo incompreendido,
S empre reconhecidos dentre o vivido
O nde por vezes fomos esquecidos.
S abiamente soubemos esperar,
O nde com clareza soube alcançar,
U nicamente para lembrar:
E u estou aqui para ficar, e levo
U m amor no peito e a bondade no olhar.
Sinto ser injusto gastar novas lágrimas em antigas recordações, a vida só é transformada aqui e agora.