Otávio Vieira
Quando não encontrou mais alguém ao seu lado, se deparou com ele mesmo. Chocado, se pos a lamentar o infortúnio dos outros que desapareceram, e depois de todo aquele fado e agonia, que foi perceber que estava a salvo.
Ele lamenta ter perdido um amigo, mas não enxerga que agora ao longe o ver ainda melhor, do que antes de perto.
A paisagem ao longe é muito bela, estando lá, tudo é comum e repetitivo. O mesmo acontece com os homens.
Eu bem queria te esquecer... Mas... Eu não consigo.
Perdem-se as forças, e não se deixa dizer não...
Eu bem queria sair correndo daqui... Mas... Algo me prende.
No interior de cada corpo
Jaz dormente um ser,
Perverso
Malévolo
Carniceiro e espreitador
Cabe a cada um julgá-lo, usá-lo, fortificá-lo...
Torná-lo digno de si mesmo!
Torná-lo digno? Isso mesmo!
Distorço-me e contorço-me todas as vezes que pensas em mim... Queria ser-lhe apenas uma lembrança boa de tempos atrás quando tudo era belo e inocente... Agora não passo de um nome que lhe volta à mente sem que você queira... Apenas um nada que tenta ser algo custe o que custar…
Que me distraiam as ondas quebrando na praia… não posso renascer em um ser parasitário em um novo universo multicor entre luz e sombras… o que posso fazer é caminhar até a praia e sentar na areia branquinha…
Ah! Não agüento esse som, essa voz, esse sono, esse sonho de permanecer o mesmo em meio à tempestade…