Oscar Calixto
A beleza de toda planta certamente não está nos espinhos, mas na possibilidade de poder deixar suas flores pelo caminho.
Seremos sempre o que de longe nem notamos...
E o que, de perto, não podemos ver.
Somos simplesmente o que os outros pensam e falam ao nosso respeito.
Esse sou eu e esse ou essa, deve ser você.
A maior indignidade humana é mostrar o que não é; é vender “gato por lebre”. Por isso, um dia pensei que seria maravilhoso se todos os homens fossem como livros expostos nas prateleiras de uma livraria... E, antes de compra-los, seria possível ler o seu prefácio e até mesmo um pouco do seu conteúdo.
Mais vale a plenitude de ter vivido tudo
Que o vazio da eternidade sem viver.
Mais vale ter em si o mundo
Que do mundo não saber o que escolher.
O homem é aquilo que faz,
Aquilo que tenta, aquilo que sente,
Mas nunca pode ser o homem
O que não está em sua mente.
Se os ouvidos tivessem filtros contra a mentira, a humanidade estaria salva pela verdade.
Se os olhos pudessem ver além do físico, não se deixaria enganar pela aparência nem pela vaidade.
E se a língua pudesse falar um pouco menos do que os ouvidos conseguem ouvir e do que os olhos conseguem enxergar... Talvez pudéssemos ser mais justos, mais humanos. E assim estaríamos salvos da nossa própria iniquidade!
A DÁDIVA DE SER ATOR
Joguem-se de cabeça em tudo!
Quem não pula mesmo, de verdade,
Flana sobre o véu da ilusão que saltou.
Mas quem salta, sente o vento na cara,
Sente o coração bater;
Ama, chora, se diverte, ou sente a dor lhe tomar.
Nada que é meio, é...
Nada que é "feito", existe com a essência de ser.
Onde é que estamos fingindo ser, mas não somos?
Onde é que pensamos estar, mas não estamos?
Onde é que fazemos por fazer, corremos por correr,
choramos por chorar ou sorrimos por sorrir?
Não importa o que seja, é importante que exista na totalidade.
Com todas as células do seu corpo se contorcendo
ou pulando de felicidade.
O Humano é isso.
O resto... É só uma "coisa" inventada.
O bom de ser ator é que somos pagos para nos mantermos vivos,
pulsantes, pagos para saltarmos do alto de pontes,
sem medo de nos estreparmos lá embaixo.
E, se morrer, amanhã o ator renasce.
E, se ele consegue se divertir de verdade,
outros rirão COM ele e não DELE.
Aproveitem muito a dádiva de ser coisas que, na vida,
jamais vocês seriam.
Aproveitem para dizer as verdades que adorariam dizer,
mas jamais diriam;
para viver o que, na vida, não dá.
Aproveitem a oportunidade de viver outros mundos,
outras épocas, outras situações, outros dramas, outras piadas,
outras vidas, outras vitórias, outras derrotas ou lástimas...
O grande segredo é "não fazer nada em cima disso" e
apenas se permitir ao salto corajoso e livre.
Na certeza de que se você morrer, amanhã, renascerá!
A SINA DAS COISAS
Um dia serei o infinito.
A brisa da madrugada;
O pó da terra de onde nasce a planta;
O texto de um livro que já fôra lido.
Um dia serei o vazio do abismo.
O brilho da estrela no céu;
O som da onda do mar que quebranta na praia
Ou um pé de eucalipto.
Um dia romperei a barreira do som
E já não mais serei ouvido.
Um dia serei o próprio raio de sol;
A luz da manhã;
O perfume das rosas;
E o adeus num filme muito antigo.
Um dia,
Um dia,
Quem sabe...
Voltarei ao princípio.
LE DESTIN DES CHOSES
Un jour je serai l'infini
La brise du matin
La poussière de la terre où la plante dégage
Le texte d'un livre qui a été lu
Un jour, je serai le vide de l'abîme
La luminosité de l'étoile dans le ciel
Le son de la mer qui rompt vague sur la plage
Ou un pied de l'eucalyptus.
Un jour, je serai le briser de le mur du son
Et je ne serai pas entendu
Un jour, je serai le rayon de soleil
La lumière du matin
Le parfum des roses
Et le au revoir dans un très vieux film
Un jour,
Un jour,
Qui sait ...
Je retour au début.
EL DESTINO DE LAS COSAS
Un día yo voy a ser el infinito
La brisa de la mañana
El polvo de la tierra donde se desprende la planta
El texto de un libro que se ha leído
Un día yo voy a ser lo vacío del abismo
El brillo de la estrella en el cielo
El sonido de las olas del mar que rompen en la playa
O un pie de eucalipto.
Un día yo voy romper la barrera del sonido
Y ya no voy a ser escuchado
Un día, yo voy a ser el rayo de sol
La luz de la mañana
El aroma de las rosas
Y el adiós en una película muy antigua
Un día
Un día
Quién sabe ...
Yo voy a volver al principio.
IL DESTINO DELLE COSE
Un giorno io sarò l'infinito
La brezza del mattino
La polvere della terra in cui emerge l'impianto
Il testo di un libro che è stato leggere
Un giorno io sarò un vuoto del baratro
La luminosità della stella nel cielo
Il suono delle onde del mare che si rompe sulla spiaggia
O un piede di eucalipto.
Un giorno io ho intenzione di rompere la barriera del suono
E io non sarò più sentito
Un giorno io sarò il raggio di sole
La luce del mattino
Il profumo delle rose
E il addio in un vecchio film
Un giorno
Un giorno
Chi lo sa ...
Mi torna all'inizio.
DEIXA-ME SER
Caetane-se que a vida é Chico!
Bethânia-me que o amor é Roberto.
Gadula-me que a calma é Lenine.
Deixa-me Blues...
Deixa-me Jazz...
Deixa eu ser meio pop, rock e punk more or less...
Leminsko-me sempre mesmo.
Viniciu-me de vez em quando.
E quando penso que estou Barroseando tudo,
Eis que lembro de um Cartola!
Daí pra frente
A vida vira Cazuza,
Vira Beth,
Engenheiros
E verdadeiros Titãs
na Legião Urbana
de um Paulinho da Viola.
Fonseco-me no mistério.
Gal cantou-me esse ano:
O folclore chama Gil,
Monteiro,
Zilka e Maria Clara.
Noll-me por enquanto.
Carolina-me, Mazzela-me
E Lucinda-me um pouco.
Porque isso
Pode até parecer poesia,
Mas, na verdade, é puro encanto.