Oscar Bessi Filho
Buscamos justificar nossa falta de interesse pelo próximo, e pelos próximos bem próximos, culpando as coisas todas ao nosso redor, aquelas às quais oferecemos nossa vida subjugada. Mas nossa vida precisa ser assim, aprisionada por necessidades fúteis e distantes do que é fundamental?
As instituições perdem a credibilidade e, cada vez mais, são ridicularizadas na opinião pública por sua ineficiência, inoperância e atos equivocados. E seus gerentes, mais preocupados em se locupletar, dão de ombros, espalham explicações pífias e tudo segue assim. Paga o preço deste circo o que ainda existe e é sério, como a escola pública. Desprezada por governos, desrespeitada por sua própria comunidade escolar. E aí o circuito da falta de seriedade é mero resultado cultural.
Seguimos pagando o preço da nossa omissão crítica. Da nossa submissão. Desse conforto que é um medo que possa ser ainda pior. A inércia, que nos aniquila enquanto acomoda, devia ser o primeiro pecado capital. Pois seu preço é alto demais.
Dessa Política
É preciso ser muito frio
para não chorar pelas lágrimas
que caem de frio e de fome
a um palmo de nossas mãos
enquanto palermas batem palmas
a quem fala e não diz nada
enquanto há muito nada anda
e muitos andam
na contramão.
Há pessoas que sentem um prazer insano ao desestimular o outro. Adoram essas frases feitas de água fria, como “não vai dar certo”, “isto é impossível” ou a clássica “é melhor nem tentar”. Geralmente são sujeitos de poucas conquistas na vida, muitas frustrações e um punhado generoso de inveja. Chegam a ter inveja até do que ainda não aconteceu. A possibilidade de vitória alheia lhes provoca terremotos no fígado e na alma. São pessoas infelizes, que vivem de espalhar grãos de sua infelicidade pelo mundo. Nem sempre conseguem.
Nunca desista de algo antes de tentar só porque te anunciaram impossível. Para cada não, há um sim. E todos nós temos nossas vitórias reservadas na vida.
Não há última palavra sobre nada. Nem quero que me digam que alguém é a última palavra sobre qualquer assunto. Mas não vou perder meu tempo argumentando com vaidoso. Não vai adiantar nada mesmo.
Se a justiça não parece justa, a culpa é de quem redige tais leis. Aqueles em quem você vota, talvez aceitando cerveja, aterro, vantagem, promessa, safadeza remunerada em campanha ou apenas caindo em sua lábia florida.
Mãe não tem diploma ou certificado. Nem carteira de habilitação, fórmula matemática ou contrato de letras miúdas. Mesmo que ser mãe não seja para qualquer uma. Por isto, não haverá mãe por decreto judicial, por lei irrevogável ou por receita médica. Não mãe de verdade. Nem basta se declarar mãe apenas por se achar que é. Não há presunção de maternidade. É preciso ser, simplesmente ser. Mas, antes de tudo, é preciso saber ser mãe.
Porque ser mãe é oferecer a certeza do conforto sem qualquer palavra, mesmo na idade em que as palavras ainda não têm qualquer sentido.