Olavo Bilac
Olavo Bilac (1865-1918) foi um poeta, contista e jornalista brasileiro. É o autor da letra do Hino à Bandeira brasileira. É membro fundador da Academia Brasileira de Letras.
Olavo Brás Martins de Guimarães Bilac nasceu no Rio de Janeiro, no dia 16 de dezembro de 1865. Estudou Medicina e Direito, porém não concluiu nenhum dos dois cursos. Dedicou-se ao jornalismo e à poesia. Colaborou com diversos jornais e revistas, entre eles o Diário de Notícias e a Gazeta de Notícias.
Olavo Bilac foi um dos principais representantes do Parnasianismo, Movimento Literário que valorizou o cuidado formal do poema em busca de palavras raras, rimas ricas e rigidez das regras de composição poética. Sua poesia apresenta várias temáticas, escreveu sobre temas greco-romanos e fez várias descrições da natureza, indicando uma herança romântica. Em 1888, publicou “Poesias”, “Via Láctea” e “Sarças de Fogo”, Em 1894 publicou “Crônicas e Novelas”.
Seu livro “O Caçador de Esmeraldas” (1902) que celebra os feitos, desilusões e morte do bandeirante Fernão Dias Pais, foi um dos livros mais lidos na época. Em 1913, Ao participar do concurso realizado pela revista Fon-Fon, foi eleito o “Príncipe dos Poetas”.
Olavo Bilac foi inspetor de instrução de escola pública e membro do Conselho Superior do Departamento Federal. Foi secretário do Congresso Pan-Americano em Buenos Aires. Exerceu constante atividade nacionalista realizando palestras cívicas em todo o país sobre a obrigatoriedade do serviço militar. É o autor da letra do Hino à Bandeira Nacional. Olavo Bilac faleceu no Rio de Janeiro, no dia 28 de dezembro de 1918.
Acervo: 67 frases e pensamentos de Olavo Bilac.
Frases e Pensamentos de Olavo Bilac
Ouvir Estrelas
Ora (direis) ouvir estrelas! Certo,
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite,
enquanto a Via-Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e e de entender estrelas.
Ao coração que sofre, separado
Do teu, no exílio em que a chorar me vejo,
Não basta o afeto simples e sagrado
Com que das desventuras me protejo.
Não me basta saber que sou amado,
Nem só desejo o teu amor: desejo
Ter nos braços teu corpo delicado,
Ter na boca a doçura de teu beijo.
E as justas ambições que me consomem
Não me envergonham: pois maior baixeza
Não há que a terra pelo céu trocar;
E mais eleva o coração de um homem
Ser de homem sempre e, na maior pureza,
Ficar na terra e humanamente amar.
Há quem me julgue perdido, porque ando a ouvir estrelas. Só quem ama tem ouvido para ouvi-las e entendê-las.
Um beijo
Foste o beijo melhor da minha vida,
ou talvez o pior...Glória e tormento,
contigo à luz subi do firmamento,
contigo fui pela infernal descida!
Morreste, e o meu desejo não te olvida:
queimas-me o sangue, enches-me o pensamento,
e do teu gosto amargo me alimento,
e rolo-te na boca malferida.
Beijo extremo, meu prêmio e meu castigo,
batismo e extrema-unção, naquele instante
por que, feliz, eu não morri contigo?
Sinto-me o ardor, e o crepitar te escuto,
beijo divino! e anseio delirante,
na perpétua saudade de um minuto...
Eu vos direi
Amei para entendê-las
Pois só quem ama pode ter ouvidos
Capaz de ouvir e entender as estrelas.