O menino Charlie - Manassés Olliveyra
Fico reparando no sorriso dela. Nas suas covinhas perfeitas. No jeito que meche com os cabelo. Reparo tudo, se deixar fico olhando para ela o dia inteiro. Amo o jeito meigo que ela diz meu nome, é um jeito sensível perfeito de pessoa. Ela é perfeita em aparência, mais por dentro, coitada. Ninguém a intende realmente, todos preocupam com o exterior, quando na verdade ela morre aos poucos por dentro. Tem sorrisos que escondem lágrimas.
Acredito. Acredito em mim mesmo. Meu coração é um buraco imenso que ninguém vai tapar. É, ninguém. Vivendo neste mundo, onde querem benefícios próprios, ninguém a procura de ninguém, ninguém querendo ninguém, a não ser para uma “brincadeira”. Sim, essa brincadeira de amar que as pessoas fazem tanto. Isto acaba com todos, principalmente aqueles que acreditam, de puro e sincero coração. Doam a vida por algo que na verdade, é uma ilusão idiota. Precise de você, não de outros, as pessoas mentem, mentem muito mesmo, até para quem eles dizem “amar”. Hipocrisia, isto é uma mentira. Se você realmente acredita, ama a si mesmo, se tiver que acontecer de você precisar de alguém, será menos doloroso.
Algo me diz que a dor de morrer por dentro é maior que a dor de ser morto. Você é corroído, dilacerado a cada momento, com cada palavra e não pode fazer nada. Dentro de você tem uma bagunça, um furacão, um touro indomável. A morte por dentro dói, ela te faz gritar, te faz chorar, sofrer. Ela nem sempre te mata, mais te faz nunca esquecer.