Nonato Nogueira

Encontrados 8 pensamentos de Nonato Nogueira

⁠O POETA MARGINAL

Nada é por acaso:
Música, poesia,
teoria literária.
Por acaso:
será pecado
ser poeta marginal?

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⁠MINHA CASA

Minha casa
É pequena
Casa de papelão
Caixa de fósforo.

Minha casa
Tem um pequeno quintal
Tem uma mangueira alta
Tem sombra fresca
Onde descansa a rede
Onde cochila a poesia.

Minha casa
Tem um pequeno jardim
Onde florescem jacintos
Alegria
Felicidade.

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⁠SERIAL KILLER

Oh! jovem serial killer
Que vitima te fascina?

Nos teus cadernos juvenis!
A mulher da bicicleta
A viúva da via expressa
A modelo da rede social.

Oh! jovem serial killer
Que desejos escondes?

Nos arquivos do teu computado!
O amor de mentiras
O fio da melancolia
O corpo fragmentado.

Curvai-vos para o poema futurista
Refaz tua lista de desejos
Fecha a porta do teu quarto
Acende a luz veste sua alma despida
O amor nasceu.

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⁠A NINFA DO CAFÉ DAS SEIS

O poeta tardio
Cruzou o boulevard Champs Élysées
Despido de seu modernismo
Naufragou no espírito amargo de Baudelaire.

De repente encantou-se com o pintor
Figura arquetípica
Perdido no halo do tempo.
Tempo sombrio
Tempo esquecido nas garagens subterrâneas
Dos velhos shopping centers.

No silêncio pós moderno
O poeta tardio
Contemplou a cidade de concreto.

Perdido na selva de pedra metropolitana
O poeta triste
Despido de qualquer rima
Vomitou versos tristes
E adormeceu nos braços da ninfa.

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⁠VÍCIO

Da fumaça do cigarro
Companheiro de todas as horas,
Vem o vício retido
De conjecturar tua imagem
Como se ela estivesse em mim.
Eu te levo pelos bares a fora,
E te encontro num copo de cerveja
E bebo como se fosse o teu suor.
Você está em mim -
Como uma tatuagem
Eterna, marcada
Que às vezes fere
E sangra
Mas nunca dói.

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⁠O POETA DA PRAÇA DO FERREIRA

Em seu escritório instalado na Praça do Ferreira
O velho poeta ri do tempo
Tempo de delírio
Punhal que corta a carne branca
Da amada morta.

Vestido com seu paletó surrado
O velho filósofo
Com seu riso canalha
Caminha impune
Ao encontro de Dante
Ao meio-dia adormece em seus versos profanos
No final da tarde goza no céu infinito
A noite padece no inferno astral.

O velho dândi repousa no inferno de Dante
Alimenta-se do poema
Que se cala
No instante em que fala.
Absorve a tristeza
E o tempo perdido
Punhal traído
Corpo que padece
E por vezes entorpece os passos
E adormece nos bancos da praça.

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⁠AO POETA FRANCISCO CARVALHO

Meu poeta Francisco Carvalho
Em memória da poesia
Celebro o dia
Com o poema das mãos vazias
Poema dialético
Poema sem metafísica.

Que assim seja o poema:
O enigma da vida
Algo a decifrar
Palavras que transcendem.

Qual a metáfora do tempo?
O ritmo da canção do vento
A rima da eternidade...

O mundo é a barca dos sentidos
Conduzida pelo anjo cego
Na cegueira do tempo
Guarda no bolso
Os segredos do Universo.

Na viagem do tempo
Centauros urbanos mudam de cor
Como as palavras que mudam de cor
Qual é então, a cor do amor?

Meu velho poeta
Quem pintou os mortos de azuis?
Dizem que foi o Senhor do Dia
O Dom Quixote atrapalhado
O homem da máquina de escrever
Aquele que tem o poder da palavra
Aquele que esqueceu os sapatos
Na escada do paraíso
O poeta da eternidade.

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⁠HORÁCIO DÍDIMO

Com seu tijolo de barro
O poeta riscou o chão
E escreveu a palavra amor.
Palavra bonita.
Palavra que muda de cor.

No céu azul
Encontrou a estrela azul.
A estrela da vida inteira.
E pintou de azul
O chão dos astronautas.

Depois da chuva
O afinador de palavras
De palavra a palavra
Viajou em sua nave de prata
Pelo céu infinito.

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