Nilda Fagundes
Não existe uma definição perfeita de mim mesma.
Sou como as estações do ano, mudo de tempos em tempos.
Algumas vezes eu sou verão: sou calor, luz, dia longo. Tenho necessidade de espaço, de ir para rua, estar com os amigos, sorrir, brincar; andar à vontade; viver a alegria, andar descalça na areia; quero a brisa em meu rosto, quero sol me queimando, quero o meu coração ardendo. Quando sou verão, quero sorrir...
Outras vezes eu sou inverno: Sou aconchego de um dia breve.Quero o meu cantinho, quero ficar sozinha com os meus pensamentos, quero fechar os olhos, pensar nas coisas que me aquecem o corpo e o coração; quero o calor de um cobertor quentinho, quero um beijo que me tire o fôlego, quero mãos acariciando minha pele. Quando sou inverno, quero sonhar...
Outras vezes eu sou outono: sou época de renovação. De parar pra pensar, de deixar as folhas caírem, de me despedir daquilo que não me é mais necessário, de me preparar pra renascer. Quero vento, quero chuva, quero cuidar do que ainda vai florescer; quero a certeza de que tudo vai mudar. Quando sou outono, quero pensar...
Mas, na maior parte do tempo, eu sou primevera: ah! sou sonho, sou suspiro, sou desejo; sou a vida que floresce na beleza, no perfume. Sou um jardim enfeitado com as mais belas cores, sou borboleta voando, passarinho cantando, sou criança correndo. Sou tempo de colheita, de olhar a vida e dizer como ela é bela, de saber que passei por todas as outras estações só pra chegar ao momento perfeito: o momento de renascer, de olhar para mim e dizer: Linda criatura, Obra-Prima do PAI!!
Quando sou primavera, quero amar...