Nerivaldo Leite da Silva
Vida
Como entender a vida que em todos causa dor?
A na alma deixa a ferida que apaga seu esplendor
Tem momentos de amor de alegria e esperança
Mas a cicatriz na alma traz sempre a dor na lembrança.
Como posso ser feliz assim?
Vendo meu próximo num triste fim
Como alimentar uma esperança?
Se a adversidade sempre nos alcança.
Como é duro o ato de viver
Por que em tudo temos que vencer?
E que futuro queremos ter?
Um dia tudo acaba sem que se possa perceber.
A cicatriz na carne faz lembrar de uma história
Mas aquela que está na alma dói muito até agora
Nem mesmo o tempo apaga, o sofrimento que explora
O ser da minha alma que dentro de mim sempre chora.
Mesmo quando eu partir não haverá solução
Pois deixarei nos que amo a dor da separação
Por isso sigo meu destino sem muita ilusão
Para que não sofra tanto, meu pobre coração.
Nerivaldo L. da Silva 11/01/08
Sou Criança
Quero expressar meu sentimento mais profundo
Com gemidos inexprimíveis, o que espero do mundo
Que voltasse meu tempo de criança, nem que seja um segundo
Porque mundo de adulto tudo é muito confuso
Ser criança é um dom único e natural
É feliz mesmo brincando com terra no quintal
Gosta de doce, de chiclete, de fruta e de mingau
Gosta de brinquedo, de passear e de animal
A criança chora, quando tem que ir para cama
Porque ela quer brincar, faz birra, mas não engana
Criança é feliz, seus dias são todos fins de semana
Quando não tem sol, toma chuva e acha bacana
Tudo isso era bom, mas o tempo ficou para traz
Sei que meus dias de criança, não voltam jamais
Pois hoje sou adulto, meus deveres são demais
Quando me lembro da infância, no coração eu sinto paz
Nerivaldo L. Silva 25/01/08
Buscando a Felicidade
Sempre desejamos encontrar com a felicidade. Queremos realizar sonhos que atendam nossas expectativas, por isso, quando encontramos o não da vida debatemos com a frustração.
Queremos saber o sentido da vida, nos frustramos porque não achamos a resposta. Queremos mudar o mundo, nos decepcionamos porque o mundo segue o curso de sua história. É como procurar o navio pelo rastro. Consolamo-nos com as analogias que coincidem com a realidade do desfecho da complexidade dos problemas humanos.
Esta situação imprevisível causa em nós um sentimento desanimador. Manter a vida satisfatória é um exercício que não é natural. Para se alcançar a excelência é necessária uma ação sobrenatural. Se você quer viver uma realidade de conforto, terá que trabalhar e economizar, saber investir seu dinheiro. Tudo isso gera um esforço que não é da natureza. Se algo tem que ser explicado ou construído, torná-se uma realidade artificial.
A grande realidade verdadeira e pura é a natureza, que com simplicidade sem esforço alcança a excelência de alcançar seus objetivos. O pássaro, por exemplo, voa sem precisar calcular o percurso e as resistências de suas asas. A orquídea veste os mais belos vestidos com cores que encantam os olhos de todos.
Criamos uma realidade de conforto e sofistificação, onde tudo depende do esforço sobrenatural.
O homem não contenta com a realidade que possui. Neste caso, somos todos invejosos, pois, queremos a capacidade do mergulho dos peixes, o vôo dos pássaros, o colorido das flores, a força do rinoceronte, a beleza do resplandecer do sol.
Nesta busca frenética da excelência, perdemos o rumo da felicidade. Se buscarmos os momentos felizes no bolso de nossa memória, encontraremos as coisas simples e não as grandes e desgastantes conquistas. Encontraremos o dia que brincamos na chuva. O abraço do filho em um momento inesperado. O gol que fizemos com pés descalços na rua. O doce momento de carinho da mãe.
Não quero sofrer pelo que não tenho e nem pelo futuro incógnito. Quero alimentar minha felicidade de coisas simples que são lembradas pelos meus sentidos. O cheiro da chuva, do doce, do perfume e das cores que me fazem lembrar que eu sou feliz.
O mundo tem seu caminho. O meu é desconhecido. O momento do agora é o maior presente que podemos contemplar. Às vezes a vida é como um jardim paradisíaco. Em outros momentos a paisagem se modifica e tudo fica escuro e assustador. Somente a chama da esperança pode nos manter caminhando para o futuro incerto. Muitos dizem que a felicidade não existe. Acham que ela é um sonho dos homens que não acordam. Desanimados deixam de construir o castelo de sua felicidade.
Nossa vida deve ser um caminho de duas vias, aonde, os amigos vão e vem. Um caminho sem muralhas, sem pedágio. Nesta estrada da existência com certeza aparecerão os buracos. Um caminho sem deformação que não necessita de reparos não é usado com freqüência. Somente aqueles que o levam a destinos que tem a mercadoria felicidade são os mais freqüentados.
A cicatriz da alma faz lembrar uma história. Um livro de páginas em branco não tem lembrança. O sentimento são as páginas da alma que guardam a lembrança dos rascunhos de nossa existência. Que elas sejam boas ou más. O importante é ter história para contar. Ter motivos para chorar.
Viver sem lembranças é morrer. Morremos quando deixamos nossa frustração ser maior que nossa procura. Vou me frustrar, mas, continuarei sonhando e lembrando os momentos mais felizes que vivi. Hoje sonho com minha velhice, onde, lembrarei das dores e das alegrias do hoje.
A felicidade é um estado de espírito. Para que tenha valor ela deve ser desejada nos momentos de aflição. Felicidade constante perde o sabor e se torna melancolia. Essa combinação de aflição, medo, saudade é a receita que da o sabor da felicidade. Você descobrirá que o sabor é variado. O nascer de uma criança compensa a perda de um amigo. A beleza do nascer do sol substitui a ausência da lua. Tudo vai mudar. Essa é a única certeza que podemos ter. Como diz Roberto Carlos “se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu senti”.
As metas podem ser alcançadas, mas, dificilmente serão mantidas. Os objetivos mudam de escala. As metas alcançadas perdem o valor. Perceberá que a felicidade não estava lá.
Nada poderá nos trazer felicidade. Ela está dentro de cada um, basta usá-la. Cada um ao seu modo. Brincando, trabalhando , descansando, ou seja, do modo que preferir. Felicidade não é conseqüência dos objetivos alcançados, mas, os objetivos alcançados são conseqüências do seu estado de felicidade.
O bom ânimo alegra o ambiente. Contagia, constrói e influência. Estas palavras não são novidade para ninguém, porém, esquecemos dos conceitos básicos da vida e perdemos o rumo de ser feliz.
Nós somos felizes. Portando não existe busca da felicidade e sim o uso. Muitos continuarão buscando, enquanto outros a estarão usando, independente da realidade do nosso trabalho, de nossos sonhos, de nossos estudos.
Para usá-la devemos ter a capacidade de nos adaptar com o meio. As circunstancias mudam constantemente. Não adianta reclamar. Temos que ter a capacidade de se adaptar às mudanças da vida. Entenda que sucesso e felicidade não é a mesma coisa. Sucesso é conseguir o que desejamos. Felicidade é amar aquilo que conseguimos.
Nerivaldo leite da Silva 02\02\2009.
Incertezas
O peso da existência é como um grande fardo sem alça. É difícil de carregá-la porque falta apoio. Também podemos dizer que é um barco sem leme à deriva. Ficamos à mercê do vento do destino das incertezas.
O pássaro migra pelas estradas do magnético. Seu dom não tem explicação. O homem se perde na visão de seus sentidos e se confunde tentando criar a estrada da vida. Qual é o melhor caminho? Pode ser o momento contraditório das esperanças? A dúvida da decisão entre o certo e o errado ofusca nossas incertezas.
Qual é o grau da lente dos nossos sentidos? A que aumenta os problemas ou a que diminui? A que ofusca ou a que transparece? A realidade ilusória que engana nossos sonhos é a mesma que nos surpreende com o presente inesperado.
Nessa receita da vida saboreamos o paladar da mistura de amor, ódio, inveja e admiração. O gosto amargo desta combinação estampado na tela de nossa história é um dia cinzento onde a luz do sol perdeu o brilho cintilante.
Basta esperar que o doce momento do equilíbrio, suavize o paladar aguçado do sabor da esperança. Que não seja muito doce, para tornar o sabor repuguinante.
O equilíbrio é o ponto almejado. A chuva que rega a semente é a mesma que destrói em tempestade. O vento refresca e devasta. O sol aquece, também assola. Que sentimento perdeu o equilíbrio em nossas vidas? Como neutralizar o peso do fardo? Responder a essência da vida é loucura. A vida tem suas razões onde o errado se torna certo e vice e versa.
Nesse turbilhão do mar de incertezas, ficamos perdidos com sentimento de abandono. Em busca de segurança, somos forçados se curvar diante do criador da existência e dizer: Pai. Deus meu, me ajuda!
Nerivaldo leite da Silva 04\02\2009
Mudanças
O rio da vida escoa no vale da mudança perpétua. As águas que por ele passam, o fazem diferente a cada momento, impedindo que nos banhemos no mesmo rio por duas vezes. O canal é o mesmo, mas, as águas sempre serão diferentes. A mudança eterna das transformações confunde a percepção da razão do entendimento do ser, renovando o presente a cada momento.
Essa mudança, é a harmonia dos contrários onde tudo se transforma. A noite se torna dia, o inverno vira verão, o frio esquenta e o úmido seca. Neste equilíbrio dos contrários, os sentimentos da alma são como a balança que pesam as mudanças entre o amor e ódio, esperança e desespero, egoísmo e altruísmo. O limite dos extremos movimenta a realidade pelo o fluxo perpétuo das mudanças do conhecimento.
Você é o mesmo de ontem? Quem você é hoje? Que mudem as águas do entendimento, mas que se mantenha o canal da certeza qual conduz as águas dos questionamentos incensáveis. A certeza do curso do rio é a segurança que apóia a convicção da existência da finalidade do ser.
Tudo tem uma finalidade. Quem vem ao mundo ou quem nos deixa saudade. As derrotas ou conquistas. Não entendendo a finalidade dos extremos, nos transformamos em águas paradas, onde, tudo é estável e estático. São águas sem saídas onde se acumulam o vírus do ódio, da frustração, do ciúme impregnados pelo limo da destruição do preconceito. E sua vida para, pela falta do oxigênio da caridade que tudo suporta, não suspeita mal, não trata com leviandade e não condena.
Entenda o caminho das mudanças ou se esconda nas águas da estagnação. A realidade da harmonia dos contrários não cessa de se transformar uns nos outros. Se tudo não cessa de se transformar, como explicar que nosso entendimento ofereça as coisas como se fossem estáveis, duradouras e permanentes? Como discernir a diferença entre o conhecimento que nossos sentidos oferecem e o conhecimento que nosso pensamento alcança? Nossos sentidos nos oferecem a imagem da estabilidade e nosso pensamento alcança a verdade como mudança contínua.
Aceite as mudanças e se molde às circunstâncias caso não seja possível mudá-la.
Nerivaldo Leite da Silva 12\02\09