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Todas as mulheres sofrem por causa do seu gênero. Trabalhamos mais, ganhamos menos, andamos com medo na rua, sofremos assédio no transporte público, na escola, em casa, pensamos na roupa que vamos usar não por causa do nosso conforto ou gosto, mas por medo. Somos compulsoriamente as cuidadoras da família: filhos, irmãos, sobrinhos, pais idosos. Somos consideradas propriedade de homens: pais, irmãos, companheiros. As mulheres mães precisam trabalhar como se não tivessem filhos e cuidar dos filhos como se não trabalhassem. Qualquer desvio do que é considerado feminino nos estigmatiza e nos coloca em um lugar de não pertencimento. Nossos corpos são escrutinados sempre: nossa beleza (no olhar dos homens), nosso peso, nosso envelhecimento, nossa sexualidade, nosso direito à reprodução. Somos santas ou putas. Tememos esses olhares. Deixamos de fazer coisas por medo.
Somos violentadas. Ou tememos a violência. As mães de menina são apavoradas com abuso. Todas conhecemos mulheres (ou somos elas) que foram abusadas, que fizeram um aborto, que foram silenciadas, que abandonaram seus trabalhos porque era impossível conciliar tudo.
Todas as mulheres sofrem. As barreiras e sofrimentos aumentam se você for negra, índia, imigrante, refugiada, lgbtq, trans.
Todas as mulheres sofrem isso. Seja você feminista ou não.
Você, moça feminista, abrace uma mulher que se diz não feminista. Ela sofre como você. Também tem medo. Apenas ainda não entendeu que a nossa luta é para que as mulheres não precisem sofrer mais por causa do nosso gênero. Queremos igualdade de direitos, dignidade, acesso à produção de riquezas, acesso aos espaços de poder e decisão. Queremos ser quem somos. Livremente e sem medo. Se você também quer isso, venha para rua. Ser feminista é lutar por você, pelas nossas mães, filhas, sobrinhas, amigas, colegas e pelas outras mulheres que virão.