Nayara Carbinatti
Sempre fui uma tela em branco,
Quando me pintei de monet
Tão impressa em sentimentos
Até que conheci você
Pensei que fosse expressionista
Ou quem sabe vanguardista
O que pensei ser um grafite
Um clamor por liberdade
Se mostrou academicista
Me decepcionando em perfeição.
Então, por amor a ti eu me vesti
Com o surrealismo de Dalí
Mostrei também o meu Dadá
Você achou tudo bonito
Mas nada fazia o seu estilo
Para o abstrato não ia mudar.
Tentou me despir a tropicalia
Mas mesmo em pontilismo
Eu não era mais tela em branco
E nem mesmo nua você me via
Nem devorar idéias queria
Você foi sempre tão europeu
Já eu? Antropofagia.
Então, tão classico e idealista
Me vestiu renascentista
Sem nem mesmo se importar
O quão simples eu poderia achar,
E sendo dramática como o barroco
Me calei em gritos roucos
E da minha tela te apaguei,
Pois eu tinha cores e gritos
Por mais que incompreendidos,
Eu ja estava completa
Mesmo quando te amei.
Reflexão
Ela teme o mar
E o vê em todo lugar
Inclusive no céu de fim de tarde
Que reflete um oceano de saudade
Mesmo a noite
Quando aparecem as estrelas
É como se Netuno
Só para ele quisesse tê-las
Por fim, ela nem mesmo sabe
Como o céu no oceano cabe ?
O mar reflete o céu
Ou o céu reflete o mar?
Tudo o que ela consegue imaginar
É que não liga para qual é o espelho
O azul do mar
Ou o céu vermelho