Nathália Borges
Não há um romance que não seja perturbação
Nem amar que não seja tormento
Nem desejos que não sejam delirios
E um só homem que não seja capaz de amar.
Aqui... aqui onde eu não moro
Eu não pertenço a este lugar
Onde quem amo me sufoca,
Me sufoca de tanto esperar.
Aqui.. aqui onde o que sonho
Nada cabe mais em mim.
Vivo distante em pesadelos
Só esperando as horas do meu fim.
Aqui.. aqui onde visto-me ou dispo-me,
Onde cada minuto é dor ou despedida
Quando o vento calcula a dor
E passo a ser apenas alma sofrida.
Aqui... aqui onde presto ou não presto,
Onde cada um julga à seu ver.
Quando sempre faço verso
Dizem que é só algo mais que não posso ter.
Aqui... onde me despeço de tudo
Que eu não pude ser.
Grito, choro e esbravejo.
Assim vocês não vão me ter.
Os pecados são tudo o que eu não ousei cometer,
Tudo isso que de uma vez não se pode comer.
E se beber, beber até não poder mais.
É ter sem ter indecidindo-se
Mais a mais um pouco mais,
Além do que convém ver.
Pedaço de alma que rasgou em um arame
Que não estava quando passei.
Parei para ouvir o que dizia
O vento da noite.
era oculto e perfeito demais.
Quem irá decifrar? Eu? Você?
Ou nosotros? Oh! Os outros
Nunca correspondem ao que nos agrada
E se metem ao que não lhes pertence,
Mas quem não gosta de ser outros?
Outros em sensações, situações
Em que não se pode ser nós mesmos,
Em reações que não parecem ser nossas,
em sentimentos que não parecem
Florescer do coração humano,
Doente ao receber afeto e triste ao perdão,
Frivolo ante a futilidade,
Na irritabilidade de cada ser.
Ser simples,
Agir simples.
Prefiro que os ratos roam meu coração
A ter que suportar tal...
Medo do silêncio que não grita e não grito.
Sauspiro hoje antes que miléssimos atrás
Quando e enquanto os outros permitem.
... Deveria me submeter ao deliro de fazer
Parte do teu mundo,
Mas sabendo que faço parte, faço questão de delirar.
Amor, doce flor,
Puro ecanto, em algum canto
Deste vago correr pelas veias
Ao prazer da primeira visão na noite.
Pecado, fruta doce
Desce e sobe fazendo do corpo, escravo.
Estalo de submersa alegria
Ante ao prazer, ante de sede.
Amor, eis a dor.
Arde, fere, aumenta,
Esquenta a batida do teu, meu coração.
Pecado, eis o sabor.
O calor à furtiva respiração
Em que se une o pecado ao amor.