natalianuno
Não há nada mais amargo que viver sem sonhar dia a dia...é como se os dias já nascessem sem horizontes.
olhos de ver e sentir o mar... as mágoas submergidas em águas ocultas, no coração o vazio, do a(mar) fiel recordação que jamais se apaga...
Murmuram vozes que uniram gerações, há memórias germinando ao olhar estas imagens e vêm as aves e os ventos saudar-me trazendo-me o aroma da terra...
quando me esqueceres de vez, criarei um poema de palavras apagadas, para que se não veja a última lágrima...
lá fora bate irado o vento, e cá dentro meu coração encosta o ouvido às paredes e mal se atreve a bater...
a Primavera chegou um pouco triste, celebrando a chuva e agitando as neves...deixa o céu condenado a perder o azul da sua origem, enquanto o sol que o marginava, perdeu a memória...
passaram os anos, lentos como os dourados fumegantes do Outono, velozes como os ventos tempestuosos...mas a vida ainda é sonho, sede dos meus sonhos.
as palavras chegam-me tranquilas, trazem-me o sol de cada dia, são luz no caminho que cruzo e onde a saudade floresce...
quis ser tanta coisa, até os quiméricos sonhos ficaram sem norte...soltei as velas da vontade e deixei-me nas mãos do destino...
como entender o tempo da felicidade, da entrega sem limites, quando eras o sol que subia pelo meu corpo, se a carência de ti me percorre agora a pele?!
olho o silencio que passa... perco o rumo da força e diluo-me inteira, indiferente à solidão dos anos que me levam...
a lealdade e a verdade têm de ser transparentes, tal como os beijos que recebo dos teus lábios...porque és a saudade no meu desmesurado coração...
as rosas também têm espinhos quando a dor bate mais forte e aflige o sangue que os sente...a cada pulsação.
as flores na jarra a cumprir o seu último destino a extinguirem-se tal como o sonho de quem as colhe...
partir é sempre um incerto milagre, é como a vertigem dum sopro, um sonho,
ou um motim de dúvidas...