natalia nuno

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já nada invento, minha memória exausta é seara de medo onde as palavras são punhais, duras e hábeis como pedras...

às vezes surge o desanimo no obscurecer dos anos,
fica o voo indeciso, a vida um desconcerto
mas há sempre um oásis
no meio do deserto
para a alegria do passeante solitário

com cerejas enfeitava as orelhas
...sentia-me uma princesa
...tranco o portão da memória,
para não esquecer.

no alpendre do meu sorriso, a saudade és tu...a memória corta o silêncio e os teus lábios colam-se aos meus...

as flores vêm de longe...ainda não chegaram ao jardim...lembranças azuis que encontrei no meu olhar....aguardam por ti.

O sonho comanda a vida...é bem verdade, desço à vastidão dos sentidos e aí me procuro...desbravo um pouco do que sobrou e encontro muito de ti...

entardecer não importa, porque sempre me disponho a sentir o coração pulsar....................

frágeis são as borboletas, dançando no ocaso, no adeus à tarde...
também minha memória é luz em fuga, quando nas alturas surge a primeira estrela da noite...

Sou carta de confidências íntimas, com lembranças doces, a recordar alguma loucura com saudade...

A amizade é terreno arável de boa semeadura, cujos proventos alimentam a alma, é fonte de água fresca que não vacila em correr... a fazer-se ouvir, inundando de esperança quem necessita de chuva e luar....

Um cravo faz sempre falta a uma rosa....cuidemos do amor até alcançar a felicidade e o tempo encherá de aroma de jasmim os nossos corações incendiando as nossas recordações.

os meus dedos guardam segredos e as minhas mãos são o berço da saudade...

preparo-me para mais um dia de viagem, com o coração a bater e nos pulmões impregnado o cheiro dos pinheiros.....

o passarinho borda o ninho, logo ao rebentar da manhã, e o arrulho não tarda...

para nós Mulheres que tecemos a vida com fios de teia invisível, às vezes fazendo milagres, sendo como a chuva e o sol que à terra dão vida, deixo o meu carinho, tenhamos todas um óptimo dia.............

.as árvores estão em flor e eu vou por aí ao encontro desse aroma ... dos regatos que vão fluindo por entre serras e vales, e tudo o resto com com que possa obsequiar o meu olhar...

que a alegria que habita em ti não se perca, que o riso assalte o pranto e a felicidade esteja sempre contigo...

vergonha e honradez é coisa de pobre, rico tem outros valores, tais como a ganância e a falta de escrúpulo...

o céu está bem azul e a terra a cobrir-se de verde, doce é olhar o mar, sinto-me a renascer lembrando donde venho e as asas que usei para chegar aqui..

há uma alegria que em mim emudece e surge a primeira lágrima de resignação, pergunto-me quem sou, como posso viver sem mim mesmo...

quero amar o meu rosto que se apaga com o tempo, mas a sombra e o silêncio nos afasta...

sou a noite, já os olhos me negam, o medo fala-me com palavras duras, e aprisiona-me na frieza da insónia...

quando tudo era sede, fogo e ternura e o sonho a fonte, nossos corpos eram de vôo pousando como pássaros ardentes nas ondas do centeio...

entre os meus dedos palpita a escrita , a alma renova-se e o corpo ressuscita, a luz que me rodeia vai-me soletrando palavras de sol...

tanto caminho por descobrir e tão pouco tempo para me encontrar comigo mesma...