Nat Bespaloff
Quisera eu inflar o coração como o milho da pipoca ao estourar. Um coração que infla nunca mais volta ao seu tamanho original, e isto não é mal de Chagas, é mal de amor.
[Invisível ao toque - Nat Bespaloff]
Sigo como uma folha que se desprende do galho, sendo levada pelo vento para um destino qualquer.
[Invisível ao toque - Nat Bespaloff]
É o que costumo fazer: chorar sozinha para disfarçar fraqueza. Egoísta com minha dor, gosto de senti-la sozinha, sem dividi-la com ninguém.
Sentir o coração doendo também é viver.
[Invisível ao toque - Nat Bespaloff]
Se o coração fosse um retroprojetor, ele seria exatamente a imagem projetada. Imagem, apenas imagem.
[Invisível ao toque - Nat Bespaloff]
E a cada dia tenho mais certeza de que, enquanto ela estiver por perto, não terei medo que me falte nada. Por mais que me falte o ar, as batidas do coração, com ela, minha vida é inevitavelmente completa.
[Invisível ao toque - Nat Bespaloff]
Quem ama de verdade não tem a intenção de causar ou agravar a dor. Às vezes, é preciso ocultar o que se sente para proteger quem se ama.
[Invisível ao toque - Nat Bespaloff]
Amor não é um produto perecível, de validade curta. Não acaba tão fácil, tão rápido. Não é justo só eu sofrer.
[Invisível ao toque - Nat Bespaloff]
É difícil acreditar que alguém possa não sentir o mesmo que você, sendo que o amor parece transbordar aqui dentro.
[Invisível ao toque - Nat Bespaloff]
Por mais que não saibamos o que é certo e o errado, sabemos o que causa dor em nós e em outras pessoas. E dor nunca será amor.
[Invisível ao toque - Nat Bespaloff]
Ainda penso nele. Talvez isso apenas signifique que minha memória é boa, mas talvez signifique que... que eu o amo. Muito.
[Invisível ao toque - Nat Bespaloff]
Às vezes... sei lá, acho que minha alma está encoberta por um tecido impermeável, pois quando olho para o espelho vejo apenas o reflexo de dias de trabalho, de relacionamentos frustrados, dinheiro contado, mas eu não sou isso que está refletido: há uma pessoa melhor, feliz, linda aqui dentro. Estremeço em cogitar a hipótese de nunca saber quem realmente sou, de nunca conseguir enxergar além de aparências.
[Invisível ao toque - Nat Bespaloff]
– Se imagine diante de uma mesa lotada de comida que você gosta, sabendo que a partir de amanhã ficará uma semana sem poder comer, jejum total. O que você iria fazer?
− Lógico que iria comer o máximo que conseguisse – respondi.
− Certo, agora imagine que você irá morrer um dia, mas antes disso lhe dão uma vida na qual você pode fazer o que gosta até chegar o momento de morrer...
− Gosto de dormir – interrompi. – Devo dormir até morrer então? – arqueei as sobrancelhas.
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[Invisível ao toque - Nat Bespaloff]
– Svek... Você vai ficar brava comigo por muito tempo?
− Não estou brava.
− Então, por qual motivo não olha pra mim?
Respirei fundo.
− Não posso olhar para um rosto que não existe.
− Mas pode olhar pra quem te ama.
Parei e encarei-o.
− Garanto que pode – concluiu.
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[Invisível ao toque - Nat Bespaloff]
Impressionante sua capacidade de me fazer sentir bem. Ela é como a isca que permite pescar um sorriso dentro de mim. O meu sinônimo de felicidade, de vida.
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[Invisível ao toque - Nat Bespaloff]
O amor dele é igual àquele cachorro carente que vai para os braços de qualquer pessoa, até que um idiota bate nele. Depois disso, o animal torna-se medroso, fugindo de tudo e de todos. Não quero isso para Felipe: um amor medroso. Não quero ser uma idiota maltratando seus sentimentos.
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[Invisível ao toque - Nat Bespaloff]
− Se alguém te desse uma passagem para o inferno você iria?
− O quê? – Dei de ombros. – Mas o que isso tem a ver com a história?
− Entenda que qualquer lugar que eu vá longe de você é inferno pra mim. Não posso aceitar esse convite pra ir embora, desculpe. – Sorriu. – Gosto do paraíso.
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[Invisível ao toque - Nat Bespaloff]
As pessoas tentavam de qualquer forma me tirar do meu habitat. Queria tanto ser como urso e hibernar, sem me preocupar com o social. E, afinal de contas, a solidão não é um monstro de sete cabeças; quando muito, com uma cabeça só, que coincidentemente... É a minha própria.
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[Invisível ao toque - Nat Bespaloff]
Por qual motivo não posso amar uma pessoa que ainda não conheci? Não quero me limitar e me conformar com o que tenho. Sei que existe um amor só para mim, não daquele tipo que serve para qualquer um. Quero o requinte da fragrância feita sob medida para mim.
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[Invisível ao toque - Nat Bespaloff]
Como você pode escolher quem ser, se não pode escolher quem ama?
[Invisível ao toque - Nat Bespaloff]
Não sou capaz de persuadir meu coração, e ele zomba de mim com as batidas amenas. Por todo esse tempo, meus lábios camuflaram paixão, mas o coração? Zombou de mim com desdém.
[Invisível ao toque - Nat Bespaloff]
É revigorante encontrar a perfeição. Mesmo que o perfeito seja torto, quebrado, arranhado, esquisito... Porque, de um jeito ou de outro, essa imperfeição é perfeita pra mim.
Sim, ele é perfeito pra mim.
[Invisível ao toque - Nat Bespaloff]
Ficamos em silêncio. Momento constrangedor, parecia aqueles encontros com pessoas que se conhecem há anos pela internet, mas quando estão juntas... são ainda estranhos um para o outro.
[Invisível ao toque - Nat Bespaloff]
Acho que Zac tem um imã com magnetismo que puxa todos os meus melhores sentimentos escondidos e os faz ficarem à mostra. Não digo que fica visível a todos, mas pelo menos a mim mesma. Sinto-me bem. Bem feliz. Bem do avesso. O que antes era triste, hoje é só felicidade. Talvez não esteja do avesso agora, talvez estivesse antes. Como uma pessoa que andou por todo esse tempo com a blusa ao contrário, com o sorriso ao contrário. Sorrir para dentro não é sorrir de verdade. Hoje, percebo o quão estranho é forjar felicidade... sem querer.
[Invisível ao toque - Nat Bespaloff]
Sabe quando você está muito tempo no escuro, a tal ponto de se acostumar com a escuridão? E, de repente, eis uma luz forte, linda e brilhante que entra pelos olhos e te toca, te ilumina por dentro? Você me faz sentir vivo.
[Invisível ao toque - Nat Bespaloff]
− Tenho medo de você – eu disse. Isso o fez me encarar, a fisionomia surpresa. – Medo de quem sou ao seu lado.
− E quem você é ao meu lado?
− Completa.
[Invisível ao toque - Nat Bespaloff]