Nanevs
Calo-me
Não quero
Não posso
Não tenho
Não vou
Não vivo
Não digo
Se digo
Eu faço
Eu vivo
Eu vou
Eu tenho
Eu posso
E eu quero
Por isso...não digo
O inverso dos versos
Meus versos são o inverso
Do que vai no meu universo
Dizem sempre o que quero
Mas não mostram o que faço
Meus versos teem coragem
Sem saberem da covardia
Que meus atos denunciam
No inverso dos meus versos
Transgrido meus sentidos
Em prol da triste harmonia
Que o sistema me obriga
Seguir sem ser notícia
Meus versos tem poesia
Mas nem sempre alegria
Até por falta da hipocrisia
Que aos meus atos alicia
Meus versos são o inverso
E isso eu confesso
Da minha teimosia
De rabiscar em poesias
O inverso dos meus atos
Que em versos de covardia
Traduziriam melhor
A minha verdadeira analogia
Respostas sem perguntas
Mergulho no meu próprio universo
em busca de respostas
São tantas as perguntas que me faço
e no entanto as respostas se embaralham
Me deparo com respostas do que não perguntei
E crio perguntas que não serão respondidas
São objetivos que persigo
sem saber o que significam,
se são imprescindíveis.
É tanta a imaginação que me percorre
que acabo por ficar sem entender
o porque de tanto imaginar.
Uma cultura inculta que me leva ao extremo
de emergir da minha própria inércia
submersa no infinito do meu interior.
Se eu mesma não vir à tona do meu eu,
mais ninguém o fará por mim.
É preciso que eu volte do meu "dentro"
e encontre as respostas que me faço,
antes que me perca em mim mesma.
Rompendo os limites
Já quis tanto o que não posso.
Já fiz da minha vida um inferno,
por não aceitar os meus limites.
Hoje quero o que posso,
e sonho com o que não posso.
Não ultrapasso os meus limites,
mas também não limito os meus desejos.
Meus sonhos são desejos incontidos
dando força e aumentando
pouco a pouco os meus limites.
Sonho e faço sem pressa
a pressa da chegada.
Tropeço sim pelo caminho,
mas levanto e sigo a caminhada.
Meus limites correm atrás dos meus sonhos,
E os meus sonhos ultrapassam meus limites.
Já quis tanto o que não posso,
que aprendi a só querer o que alcanço
na transgressão dos meus limites
que meus sonhos realizam.
Anunciação
O céu escurece
As nuvens se formam
Um vento de arrepio
Por dentro, um calafrio...
A Senhora dos ventos
Agita o chicote
Raios e trovões
Surgem no horizonte
A tempestade se anuncia
Prometendo varrer
Tudo em qualquer esquina...
Me faço de forte
Mas sou medo explícito
Proteção solicito
Senhora dos ventos
Deixe que sua brisa
Sopre em mim...
Me livre da ira
Da sua tormenta
Mande embora o egum
Que ameaça minha paz
E me deixe ficar...
Eparrei! Senhora dos ventos
Me cubra com seu manto
E sopre em mim
Sua brisa mansa
E meu medo...espanta
A autora
É dia de poesia
De pássaros cantando
Flores desabrochando
Rios correndo de encontro ao mar
Amores se encontrando...
É dia de poesia
E de quem faz poesia
Mas tem alguém o direito
De reclamar tal autoria?
A poesia é essencial
Em todo dia a dia
Não é simples palavra rimada
Antes é a beleza do viver
E a pureza do sentir
Em cada gesto e cada olhar
De quem sabe poetar
É a suavidade no falar
E a magnitude no doar
Não...
Não se pode autografar
A autoria da poesia
Pois que é ela a autora
Que faz da vida...magia
(Nane-14/03/2013)
Lágrimas de sangue
Te arranco de mim
Ainda que me retalhe
E me esvaia em sangue
O tempo, que hoje me maltrata
Há de se tornar aliado
E acalmar a ira
Que me estraçalha o coração
Ciumento e sem pudor
No que diz respeito a sentir dor...
Te arranco com as raízes
Ainda que revolva minhas terras
E perca o meu chão
Sabendo que andarei torpe
Enquanto não me sentir livre...
Te arranco de mim
Chorando esse fim
Com lágrimas de sangue
Que rolam sobre minha face
Desfigurando tudo em mim
Feito lava de um vulcão
Em plena erupção...
Te arranco mesmo assim
E espero pelo tempo
A cura dessa dor
Que se não curada
Vai me matar...de amor
(Nane-01/04/2013)
O tempo, que hoje me maltrata
Há de se tornar aliado
E acalmar a ira
Que me estraçalha o coração
Ciumento e sem pudor
No que diz respeito a sentir dor...
Corpo e almas
Travo diálogo e luta
Pergunto e respondo
Grito e silencio
Batalha interior
Corpo e alma
Um só corpo
E almas exaustas
Buscando verdades
Sanando mentiras
Lutando entre si
Vencidas sem vencer
Num turbilhão de conflitos
Identidade perdida
Corpo fragilizado
Mente perturbada
Inquietude insana
Já não sei quem mora em mim
Se sou eu ou outro ser
Que doma e nem sempre é domado
Causando confusão
Tento me impor
Mas já não sei onde
Nem mesmo, como
Só sei que é assim
Estou perdida em mim
(Nane-01/04/2012)
Versos que falam
Meus versos dizem
O que não posso falar
Não se prendem as rimas,
A sonetos ou prosas
Simplesmente obedecem
A inspiração de um coração
Exilado na solidão
Proibido de amar
Proibido de falar
Meus versos dizem
Nas entrelinhas
O que ninguém pode ler
Além de você
Que não me deixa gritar
Aos quatro ventos
Essa dor de te amar
Sem nada poder esperar
Então meus versos falam...por mim
(Nane-01/04/2013)
Querer e poder
Quero o que não posso
Posso o que não quero
Sonhar, ainda posso
Poder, não é ter
Durmo na tentativa
De sonhar em ter
Mas sonho acordada
Para não morrer
Não é palpável
Mas alimenta
A alma solitária
Que crê na possibilidade
De um dia ser realidade
O sonho do querer
Que ainda, não é poder
(Nane-01/04/2013)
A alma solitária
Que crê na possibilidade
De um dia ser realidade
O sonho do querer
Que ainda, não é poder
Vá e não volte
Se afasta de mim
Já que não posso
Deixar de te amar
E forças não tenho
Para te afastar
Então se vá
E não volte mais
Me deixa amargar
Até não mais poder
Expurgar meus pecados
E um dia
Do meio das cinzas
Poder voltar
Sem mais chorar
Quem sabe ainda
Nesse dia
A minha poesia
Será leve e alegre
Sem tanta avaria
Só depende de você
Se afastar de mim
E nessa história
Por um fim...
(Nane-02/04/2013)
Uma metáfora
A nossa história não chegou ao fim.
Apenas adormeceu nessa estação,
Mas segue germinando
Para florescer numa outra dimensão.
Adormeceu numa metamorfose
Precisa e dolorida
Em busca da liberdade e da beleza
Da sua própria maturidade.
E como as folhas que caem no outono,
Deixou vazio os ramos que desenham o coração.
Mas ele sabe que em uma vindoura primavera
As flores irão desabrochar,
Encher de alegria e colorir a vida
Por hora tão sentida.
E a mim, resta nesse recolhimento
O reconhecimento abnegado
De que não era a hora determinada.
Esperneei, lutei, sofri, chorei e quase me entreguei.
Amarguei todas as dores que aguentei.
Expurguei a solidão e fiz do coração
Um umbral de dolorosas sensações.
Fazes da metamorfose
Que agora me faz entender
A importância da liberdade
Que eu nunca soube dar
E nunca soube ter.
A gaiola se abriu e me recusei a voar,
A vida me empurrou penhasco abaixo
E aprendi na marra, alçando voo solo
Sem a presença da sua mão.
Estou em pleno sono outonal.
A força dos meus sentimentos,
A certeza do reencontro,
A imensidão do meu amor,
Me farão completar a metamorfose
E conseguir a leveza necessária
Para numa outra primavera,
Revestida de borboleta,
Ser eu inteira.
Então merecerei a tal felicidade.
A nossa história não chegou ao fim.
Apenas adormeceu nessa estação,
Mas segue germinando
Para florescer numa outra dimensão.
Dia desses
Outro dia talvez,
Quem sabe amanhã,
Quando a chuva passar
E o ar, limpo e claro
Se impregnar do colorido
Que os raio do sol bordar
No horizonte, enfeitando o mar,
Eu traga o meu sorriso
Na hora do Ângelus
E faça uma prece
Em comunhão com o mar.
Outro dia talvez,
Quem sabe amanhã,
Eu caminhe sem rumo
Pela areia macia
Em busca de inspiração
Para uma nova poesia.
Outro dia talvez,
Quem sabe amanhã,
Eu me faça poeta
E junto palavras
Com o dom de te encantar.
Mas terá que ser
Num outro dia, talvez...
Advogada
Senhora advogada
De todas as causas
Me fostes apresentada
Como a guardiã da minha alma
Tudo sabes e tudo vês
Nada te é possível esconder
Senhora advogada
De todas as causas
Aprendi que a insistência
É desejo de afirmação
E não mera repetição
Nas palavras que te tocam o coração
Então sobre as minhas contas
Insisto e peço com devoção
Senhora advogada
De todas as causas
Livra-me da dor no coração
E dai-me a paz e o equilíbrio
Tira de mim a louca ilusão
E deixe fluir em mim, meus brios
Senhora de todas as causas
Doce mãe e advogada
Perdão pela minha fragilidade
E se faça companheira da minha realidade
Tenho pouco a oferecer
Nas contas do meu terço
Mas ele te ofereço
Sempre ao entardecer
Eu ainda nem sei rezar
Mas senhora advogada
De todas as causas
Vem me abençoar
Amém!