Nagila Alves
Por quanto tempo mais irei fugir, ou negar, não sei mais do que se trata.
Simplesmente quero desfazer ou refazer todos os sentimentos que vem e que foram embora. Não, na verdade só quero o sol, ou melhor o por do sol, onde me caiba sentada numa pedra ou somente em pé lá observando o sol indo embora levando cada pensamento meu, cada vontade não feita, cada palavra não dita e cada lembrança que não deve ser lembrada.
E esses olhos, o que tem neles que me deixam trêmula, que me deixam séria e ao mesmo tempo risonha, que me preenchem e que me obrigam a olhar para os lábios, onde lá desejo me encontrar, nos lábios onde saem cada palavra dita para fazer os meus sorrirem.
Repleta de desejos, estes que tento tirar da mente, desejos escondidos. Desejos que quando realizados, me completam. Como algo que entra e inunda, sinto como borboletas invadindo e preenchendo cada espaço.
Na verdade, isso era o que eu gostaria de sentir, o que eu gostaria que acontecesse a cada beijo apaixonado que eles me dão, a cada olhar, ligação, gesto ou toque. Mas me sinto vazia, mesmo com tudo isso.
Pensar nela ao estar com ele é como se faltasse algo, é como se eu estivesse fingindo, fugindo.
Fugindo de mim, fugindo do mundo, mas até quando irei conseguir?
Queria ao menos que ela voltasse, que ela aparecesse, pois assim, largaria os meus amores, esses simples amores que não me completam, os largaria por um simples sorriso dela, ou por um simples olhar, isso sim me completaria, só isso encheriam cada espaço.
Sinto como se o mundo se desfizesse dentro de mim. Um sentimento que devasta tudo. Me faz pensar se isso é certo, ou se só estou me machucando atoa. As borboletas que me completavam, somente em ouvir sua voz, são as mesmas que me fazem embrulhar o estômago ao sentir que estou partindo.
Fico me perguntando como pode ser assim? Como pode existir sentimento tão lindo e ao mesmo tempo tão dolorido. Amor.
Amoroso e doloroso amor. Nos preenche e nos seca. Esse sim não se pode decifrar. Esse que senti quando chegou, é o mesmo que estou sentido com a partida.
E quando se vai, é que percebo, que apesar de tudo, o que eu sinto é somente amor.
Eu acordo nos meus dias, de chuva ou de sol, não importa, o sentimento será o mesmo. Vazio. O que mais eu esperava, se tudo foi tão rápido. Um dia eu estava lá, cheia de amor, coberta até o topo e no outro o vazio. Foram as palavras ditas? As ações não feitas? Os dias que não foram concluídos? Ou simplesmente foi eu, quem deixou sair de dentro de mim todo aquele amor?
Juro que não sei como resgatar, não sei como sentir, estou tentando ao máximo, as vezes até sinto que ainda tenha uma faísca que vai incendiar tudo novamente, mas quando ela vem, logo se apaga e eu fico lá, simplesmente paralisada vendo todo o seu amor que por um segundo acredito que possa trazer o meu de volta.
Mas que egoísmo o meu, esperar que no seu amor o meu possa renascer, esperar que você ative o que se perdeu, o que eu deixei ir. Só que é assim que vivo meus dias, com essa esperança de que você vai trazer o meu amor de volta, enquanto isso, vou apenas acordar nos meus infinitos dias.
Eu vou me afundar, só nisso que ando pensando ultimamente. As vezes acho que a culpa é de alguém ou de algo. Mas não. A culpa é minha. Não ando feliz. Ponto. Não acredito em nada. Não acredito em família. Amor. Amizade. Deus. Natureza. Paz. Vida. Vida, acho que nem isso eu tenho mais. Não me sinto viva, não sinto nada. Foi onde cheguei a conclusão de que, todos me ajudam, mas ninguém vai entender o que eu quero de verdade. Ficar só. Por que sou uma bomba, se acabar explodindo mato quem estiver por perto e é assim que eu me sinto ultimamente. Eu quero me afundar. Eu quero não sentir nada e viver pra não sentir. Eu quero ficar só sim. Por que só assim, eu não preciso me preocupar com os sentimentos de alguém. A única pessoa que eu achei que nunca deixaria de amar, já está sem esse sentimento. Vejo todo o sofrimento dela e não sinto nada. O que mais me dói é não chorar, se não choro, é porque não sinto de verdade. Vivo me perguntando pra onde foi esses sentimentos. Mas quanto mais me pergunto, mas sem eles eu fico.