Murilo Xavier
Voyeur de Nuvens
Insônia da madrugada.
Em um segundo são só palavras que me restam nas mãos...
Não são palavras bonitas, bem arranjadas...
São palavras turbulentas, feito o sussurro que vem da janela.
Percebo então,que lá fora chove... e talvez a poesia da chuva seja mais interessante que minhas angústias.
Eu gostaria de falar sobre ela,a chuva.
Mas já se foi embora...
Resta agora um conta-gotas de chuva!
E cada insignificante gota que cai, preenche o vazio imenso da silenciosa madrugada.
Nesse instante paro e reflito, quem ganha nessa história...
Bem, porque não conheço seus sonhos... mas se forem mais pacatos que o "Toc" da chuva, talvez eu mereça um cigarro.
Agosto
"Floriu a mangueira atemporal!
Logo em agosto...
E o vento fez surgir um tapete de flores pelo chão."
Janeiro
Personagens da história de um quase amor.
Um fim, sem começo.
Feito gotas de chuva ao molhar o corpo de concreto.
O beijo no asfalto. Voiér do próprio desejo.
Enguanto mangueiras em flor, despen - se em deleite na brisa do vento.
Cumplicés ingênuos da dádiva de amar.
E são tantos, tantos os paços de quem pisa sobre a fome do próprio querer.
E são tantos, tantos de todos nós, que engolem feito sáliva a vontade de fazer.
E tudo não passará de cenário de papel, Programado a um amor efêmero, feito a chuva de verão no calor da tarde.