Mudriniz
Antes de planejar o mundo, aprecie a vista.
Sorria como se fosse acabar, porque irá um dia.
Não reprima vontade, deixe voar soberana.
Deguste hoje.
Hoje é amanhã, como foi ontem.
Viva!
Por que quem sabe até que dia?
É perturbador viajar para dentro de si e reconhecer cada detalhe do que te torna imperfeito, é intenso o desconforto. Mas, ao mesmo tempo é cravar uma luta contra o comodismo. E isso, é o que te empurra mudanças goela baixo. Mudar para o sentido que te faz inteiro.
TOQUE
Como faz falta tocar as pessoas.
Se tornou parte do que precisamos fazer em silêncio e somente com quem podemos manter no dia a dia.
Tocar fisicamente e até sentimentalmente parece algo extremamente distante.
Não existem mais trocas de energia física, apertos de mão e abraços calorosos.
Admito que quanto mais profundas se tornam as minhas questões, mais eu me apego a dificuldade de respondê-las. Consequentemente, nada construtivo se materializa como talvez conseguisse fazer com menos doação de energia e mais confiança instintiva.
Tenho pressa quando poderia apreciar, e medo quando deveria me jogar de verdade. A velha história do medo. Onde culpados são procurados pelos bloqueios independentes.
Quem seria eu se não tivesse tanto medo de assumir compromissos maiores com a minha verdade? Onde eu estaria se não podasse as minhas asas sempre que estou prestes a levantar voo?
Decidi caminhar para aprender a gostar do tempo, respirar profundamente para controlar minhas crises e viver um dia de cada vez para que o futuro não seja futuro, seja hoje. E hoje, eu fiz um pedido.
A perda, precisa ser parte de um ganho.
A desconexão com quem espera demais pelas próprias expectativas, uma exigência latente.
A soberba, obrigada a se transmutar e viver em contato com o vital.
Não se acomode às amarras psíquicas que te impeçam de ser, em sua essência, vivo. Aceite existir, cultue o sentir e esteja disposto a aprender.
Não aprendi a apreciar apenas sol, assim como também não sei lidar com a chuva por completo. Mas, definitivamente não posso evitar ser arco-íris.
O passado define o que você foi e o que você terá guardado na memória. Não precisa ser um definidor de caráter, valores e configuração mental eterno. Ainda que eu pudesse apontar mudanças, você não entenderia a complexidade do que somos.
Eu ainda me tiro a liberdade de ser.
Eu ainda busco ser aquecido por opiniões alheias.
Eu ainda preciso ter a minha liberdade dividida com os outros.
Eu ainda busco entender o mundo pelo meu pequeno olhar.
Eu ainda choro quando me emociono.
Eu ainda tenho medos e inseguranças.
Eu ainda sinto muito.
Eu ainda sou humano.
Eu ainda existo.
Não é sobre se intoxicar de gratidão e excesso de felicidade. Viver é sobre cultivar aos pouquinhos bons costumes, ir dia após dia pegando cacos do passado e tornando eles novas obras de arte.
É sobre odiar um dia e se sentir culpado no seguinte por ter pensado em desistir, é sobre buscar culpados pelas dores que você carrega no peito e não sabe como lidar. É sobre fingir que não se importa até não se importar de verdade. É sobre amar mais intensamente uma situação passageira do que a rotina. É sobre abrir mão chorando do passado que não pode ser revivido. É sobre perder pessoas, coisas, lugares e ser obrigado a continuar, mesmo não querendo.
A vida não é uma metáfora, mas ela brilha como estrela. Não é empolgante sempre, mas é sempre requisitada no leito.
A vida é aqui...
A vida é esse segundo...
A vida é... agora.