Mr. Calazans
Você diz amar a solidão, mas odeia a si mesma. Oras pois, quando só, você ainda é a sua companhia. Seria a solidão relativamente não tão só assim? E se fosse, como amar algo estando o mesmo lado a lado do que mais odeias?
Você diz que não necessitas de amor, mas vive em busca dele. Você não o valoriza por causa do tempo que dura, mas de quê adianta um tempo infinito se não se sentires amada?
Você diz que a vida não faz sentido. Mas qual seria o sentido da vida e caso descobrisse, qual seria o sentido da sua vida, se todas as vidas são únicas e diferentes umas das outras?
Dos lábios que já desfrutei
Dos sorrisos que já admirei
Das ilusões que já destoei
Das mulheres que já coabitei
Dos momentos mais lúcidos e loucos
Dos sentimentos mais passageiros e impetuosos
Tu fostes o meu maior engodo
Jogastes tuas palavras ao alento
Fizestes de minha vida um sofrimento
Simples, marcante, passageiro e turbulento
Mas que por um breve momento
Preencheu me de expectações
Ó, ingrata solidão que hoje assolas
Que me acompanha e me devoras
E que deveras vezes me isolas
Do que eu creio que não me adoras
Mas que me faz falta nessas horas...
E de tanto pensar
Perdi oportunidades
E de tanto planejar
Perdi meus planos
E de tanto me lamentar
Perdi a vontade
Então parei de pensar e comecei a agir
E as coisas que havia pensado aconteceram sem eu pensar...
A solidão dói. Mas não é uma dor que passa ou que permanece contigo. Ela é cruel. Ela é sorrateira. Ela é vil e suja. Ela não te machuca pela frente, ela sempre vai te machucar quando você menos esperar. Vai apertar o seu peito como se não houvesse estribeiras, vai dilacerar sua mente aos poucos e de pouquinho em pouquinho, você começará a sentir que já não tem mais forças... É amigo... A solidão dói...