Moog Laet

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Tem coisa que não foi inventada na hora que serviria, agora já não adianta mais, virou coisa que nunca mais será.
Mas onde será que ficam guardadas todas essas coisas que não chegarão a ser?
Será que é no fundo de algum lugar, ou será que elas sublimadas viram nuvens em outros céus por aí ?
É um mistério essas "desexistências" das coisas...

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É sempre na partida que choramos, mas é realmente na ausência que sentimos.

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Tenho perdido muito tempo tentando desconstruir uns planos que vinha imaginando, não sei se conseguirei ou se amanhecerei...

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Será que os passarinhos quando fazem acrobacias estão zombando dos que não sabem voar?

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Portugal visto de cima é um Fernando Pessoa... distante, profundo e intrigante, cheio de reentrâncias e Saramagos...

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O amor vem do que faz unir, do que faz sonhar e do que faz nutrir o humano afã de velar pelo que é de consumir.

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A estupidez é uma faceta dos seres humanos e permeia todos os grupos sociais. Seu limite é a intolerância, que é uma faceta da estupidez.

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Na frente de uma estatua

De que valeu a vida em grande pompa
Pra acabar assim
Imovel numa praça
Todo cagado de pombas?

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O VIOLINISTA, O BANDONEON E A MENINA RUIVA -

O Sena insistia em passar indolente pontes abaixo levando consigo sonhos, beijos e amores.
Seguia curva após curva para se entregar ao seu destino na imensidão pacífica de L'Havre.
Sob cada ponte uma sinfonia e nas margens a ausência de orquídeas, mas a presença secular de tantas juras e confissões ali contidas e sublimadas, naquelas aguas lá de ouro nascidas.
Ia firme a tarde no seu diário ajuste da luz.
De longe vinha a alma de um violinista traduzida em notas de aventureiros ares e transbordando de intenções.
Era um som indecifrável, hora insinuando choro, hora excitação.
Tinha firme o compasso, mas perdia-se no arranjo, assim como certamente estava perdido o violinista na sua paixão.
Ventava.
Um assovio imitando laminas cortava o ar, e vagava, perdia-se entre aqueles velhos casarões, encontrava-se em tantas seculares esculturas, buscava outros tons, ensaiava e sonhava em ser um bandoneon.
Faltava na composição da cena a clareza a que se referem os sentimentos quando se perde a inocência.
O violinista absorto nos seus acordes de repente recebeu de chofre aquele assovio como um coice, assim atordoado voltou ao chão pensando estar ouvindo um bandoneon.
E era, mas não era apenas um bandoneon, era uma menina ruiva tocando um bandoneon. A música era linda, etérea como era a menina ruiva, assim como se tivesse se desprendido do céu.
Tinha um poema em cada acorde e o bandoneon sabia disso e se resfolegava para fazer jus à maestria da sua ruiva tocadora.
Inebriado o violinista solava, sonhava, voava, agora perdido sem saber se a seguia em pizzicato ou se mantinha o arco em seu Mi-Lá-Ré-Sol sonhando.
O bandoneon parecia não estar sendo tocado, ele jorrava as notas de tão sublimes, suaves e oníricos eram os gestos da menina ruiva, que vivaz dançava com a cabeça botando em alvoroço aquela cabeleira esvoaçante, levando às alturas a imaginação dos que conseguiam senti-la.
Lá no horizonte, ornado com uma cupúla, várias abóbadas e um plátano, a lua mostrava sua intenção prateada de banhar Paris em mais uma noite enluarada, ia subindo no céu de mansinho e parecia ansiosa por descobrir de onde vinha aquela musica, que mãos a estava tocando, quem a estaria inspirando.
A lua mostrou uma pontinha de inveja quando pareceu notar que tinha uma menina ruiva tocando bandoneon acompanhada por um violinista apaixonado beliscando em pizzicato as notas de uma paixão.
O Sena seguia seu curso, sem as orquídeas que poderiam enfeitar suas margens, com raios da lua ferindo seu vagar, com aquela musica inebriante, parecendo carícias de um amor que se quer guardar.
Era já outono, quando tudo parece querer ficar dourado, menos a lua prateada, e de contraste somente a colorida alegria da menina ruiva do violinista que apaixonado se anestesiava em vê-la tocando o bandoneon.
Folhas dos plátanos, as amarelas de timidez, as vermelhas de paixão, atiravam-se ao vento, umas sem saber para onde ir, outras buscando o Sena para chegarem no mar. As folhas de plátanos no outono são como todos os aventureiros, e como todos os apaixonados, entregam-se sem saber em que mãos, guiam-se apenas pelo coração.
Já alta a lua no céu dependurada, a menina ruiva insistia em tocar seu bandoneon acompanhada em bemol pelo violinista apaixonado ao seu redor.
Ele na busca de alcança-la e ela na ânsia de ser alcançada, caminhavam os dois com propósitos opostos, ele de correr, ela de parar, mas nem um nem outro firme no seu intento, ou por medo de não se reconhecerem, ou por timidez de se entregarem.
Assim seguiam como o Sena, com suas ondas de sons, suspiros de ilusões e um desejo enorme de se enroscarem na próxima curva antes de explodirem no mar.
Não tardou o encontro, foi mesmo ali no chafariz da Place de La Concorde, ele fez um gesto de beijá-la e ela desvaneceu entre a suave bruma que se espalhava pela imensidão.
A menina ruiva sumiu, o bandoneon ficou mudo e desapareceu também, o violinista apaixonado chorou, chorou até lentamente começar a tocar uma valsa de ressurreição, e girou, girou até cair bêbado de amor e se perder na alucinação.

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Quando caiu a tarde já era anteontem outra vez.

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Amor e sentimento

O amor, esse etéreo sentimento
Nasce quando estamos distraídos
Toma força quando menos esperamos
E nos apronta deliberadamente.

Esse amor arrebatador
Bate na gente feito chibata
Quase nos mata

Esse amor que nos impregna
Faz-nos fortes para além da vida.
Esse amor que nasceu bandido
Hoje viceja, brilha e enfeita
A nossa vida.

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O mar explode em gritos na pedra repetidamente, assim como a vida faz com a gente, maliciosamente!

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...os arames vivem por um fio...

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A lua grávida de luz mergulhava raios nas águas da lagoa.

A desilusão é o fracasso da expectativa.

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...o vinho sim, esse tira o sentido, mas em troca desperta a paixão.

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Quando não bastar a esperança tente buscar a ilusão, dado que fará em sonhos o que se esperava, ou não.

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Reflexão
Silêncios existem com várias nuances, aquele silêncio profundo que antecede a primeira nota de um grande concerto por exemplo, à partir dele seguem os vibratos, os bemóis, as sincopadas notas que se enveredam alegres e soltas compondo melodias que impulsionam, que ilustram nossos sonhos e que nos colocam em êxtase frente a catarse dos nossos anseios e ilusões.
Esse silêncio dá a esperança para suportá-lo e a recompensa merecida por acreditar nele.
Há outros silêncios que nos confortam, aquele que se faz presente no parto das luas cheias, ou aquele que assiste o sol quando se põe nas tardes de inverno, mas não há silêncio que acolha e que traduza os sentimentos mais que o silêncio de olhares que se encontram.

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Sempre é um tempo que não existe.

Pena que a vida não é como os vinhos!

Chega uma hora em que deixamos de contar os anos, os dias já nos são o bastante.

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Ninguém é feliz completamente.
O segredo de ser o mais feliz possível esta nas escolhas daquilo que devemos abrir mão à favor da felicidade real que nos será o bastante.

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Madrugada



Desfaz-se lentamente a bruma,
Meio que vermelha e assustada
Irrompe ainda sonolenta a manhã.


Não traz consigo os restos da noite vivida.
Chega mansinha sem querer ser notada,
Mas desastrada esquece-se que a acompanha o sol.


Quebra assim a última barreira da noite,
E derruba conquistadora as estrelas
Despendurando-as solenemente do céu.


E assim sorrateira sente-se traída,
Ela que trouxe o prenúncio da luz,
Vê-se vencida precocemente pelo dia.


Não tem saída, a não ser esperar.
Esconder-se muda na claridade diurna
E ressuscitar após o esplendor da lua.

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Um breve aviso

Quando eu morrer de repente
E você não ficar sabendo
Haverá de ter um pensamento
E uma aragem fina ti varrerá
E o teu rosto lindo sentirá
Um beijo frio do meu fim
Quando eu morrer de repente

Doce Lembrança

Ninguém nunca saberá
O quanto perdi
Do teu sorriso contido
Tua alma irrestrita
Teu desejo de amar

Ninguém de nós saberá ao certo
O quanto sofreste
O que de muito viveste
O que de sentimento esqueceste

Ninguém de nós saberá ao certo
O que de destino teria
Nem do que de esperança
Tua memória traria

Minha amada Luzia
Partiste cedo
Embora muito deixaste
Mais do que quando meninos
Eu e tu queridos
Podíamos brincar

Inserida por Mlago