Monteiro Prazeres Manuel
" É CERTO QUE AS INCERTEZAS NÃO DÃO CERTEZAS "
É certo que as incertezas não dão certezas
Quando somos feitos com tantas diferenças
Aceito que a imensidão não aceita
Pois há um monte de direções que podem se apontar as setas
Olhe que o destino não segue tão recto como aparenta
Não basta olharmos para as indiferenças
Se não julgarmos, de quê adianta ser racional?
Será a diferença entre o homem e o animal?
Eis a sentença ao cair para o real
" A realidade é o Supremo Tribunal "
Não há conscidência
Quando tudo é dirigido pela regra da consciência
Só se pode medir um acto pela consequência
Bem como as palavras de pedras
Não faz parte da ciência, na realidade esta é a regra
Somos carrascos de nós mesmos
Os nossos próprios demônios
Os outros apenas existem para expô-lo
Existe uma linha tênue entre igualdade e diferença
Ambos são sinônimos de humanidade apesar da controvérsia
É certo que as incertezas não dão certezas
Como este pensamento inócuo
Não é justo ser julgado por quem seja
Do mesmo modo que ninguém deve dar valor aos seus defeitos
Condenando os dos outros
" UM IMPETUOSO TEMOR ME ASSOMBRA "
Um impetuoso temor me assombra
Ameaçando mostrar os meus pecados ao mundo
Fez a coragem cair em suas manobras
Na tentativa de evidenciar o meu Eu profundo
Até um homem de fé tem seus pecados
Não é novidade... É a essência de ser humano
Eu tenho os meus, garanto-vos!
Não foi premeditado e não tenciono confessá-los
A minha dignidade anda com as pernas de avestruz
Tornaram-se bambas desde que tem este fardo
Parece mesmo o passado, todo pesado
Mas sabe que as provas nunca há de chegar nas mãos do juiz
Vendi a minha alma ao silêncio e os tagarelas descontentes estão
Nas artimanhas da vida temos que ganhar habilidades que não nos dão
Os meus pecados estão selados longe das portas desses tribunais
Bem que Eu queria a liberdade mas ela não é assim tão livre quando também é dada aos demais
Como a de qualquer outro homem
A minha coragem tem os seus vacilos
Nem tudo é tranquilo como as ondas do rio
A verdade é que traquinas não são apenas os macaquinhos
Mas o temor me segue e me cobra
Está bem diante da minha porta
Sou um homem de poucas palavras, não dou-lhe corda
Eu sempre pago as minhas dívidas mas dele não me importa
" EM QUE PÉ ESTAMOS? "
Em que pé estamos?
Se nos pés que nos apoiamos não marcam passos
Se as asas que nos levitavam cortamos
Até parece que reduzimos a infinidade num facto escasso
Aonde está a compreensão?
Não sei qual de nós em nossos sentimentos gerou a desertificação
O teu coração quer me tornar num órfão de afeição
Eu olho para os teus olhos e hoje apenas refletem a insatisfação
Em que pé estamos?
Se de um ou outro tudo se resume a "tanto faz"
Se os sonhos e fantasias, juntos não enxergamos mais
Parece que bebemos dos relacionamentos tóxicos demais
Nem tanto em prantos nos encontramos
Mas em que pé estamos?
Quando o prazer nos abandona... Com quem ficamos?
Órfãos nos tornamos!
Nem Eu e nem você o erro aceitamos
O orgulho tem o seu defeito, olhe o quão crasso
Será que nos reduzimos ao fracasso?
Diz-me... Em que pé estamos?
" BEM QUE EU QUERIA TE ENCONTRAR! "
Bem que Eu queria te encontrar
Mas avistei-me com o teu desencontro
Não sei se a tua juventude se está a preservar
Pois pretendia alegrar os meus olhos
A imaginação ainda serve
Ainda é capaz de me alimentar
Nos bons frutos de sonhar se emergem
Os teus beijos incapaz de se esgotar
Cruzo os meus olhos ao horizonte
Para com os teus se avizinhar
No teu doce e meigo caminhar
Que me roubou o controle
Bem que Eu queria te encontrar
Deitada em todas as minhas promessas
Pois estou aqui, pronto para as realizar
E deixar as conversas p'ra conversas
O horizonte tem segurado o teu retrato
Não perco nem as horas e nem os olhos para o ver
Me sinto vivo apenas quando vejo teu rosto imaculado
Resido à beira da morte sem você
Meu pobre coração apenas fala de amor
Que vive cantando o son dos teus quadris
Meus lábios desérticos perderam sabor
pela falta da chuva dos teus beijos imperatriz
Bem que Eu queria te encontrar
Nos antigos lugares dos nossos encontros
Hoje Eu passei por lá
Apenas achei a arca dos segredos que escondo
No âmago do meu amar
Intensamente me deixei levar
Como nas ondas do mar
Mergulhei p'ra me apaixonar
Meus pensamentos escrevem p'ra você
Não desejando resposta alguma
Nas lembranças eu posso reviver
A felicidade nas mesmas alturas
" DESAMAR... "
Não é legítimo
Nadar contra a corrente
Negar o desaguar do belo sentimento na gente
Ilegitimar o proeminente
Que conveniente
Mergulhar as emoções nestas águas pouco fervente
Colocar as lembranças nas espumas de esquecimento dos detergentes
Alegar que ninguém sente
Desamar...
A estúpida arte do desapegar
Teu coração a me abandonar
Minha vida a me negar
Minha pobre semente
Que nada dá no meu cuidar
Que perto de mim não quer ficar
Me fazendo seu ar descontente
A minha mão não foi feita p'ra plantar
Produz um efeito contrário como os desertos
Na lareira da paixão apenas cinzas se pode constactar
Fantasmizando todo o meu império
Desamar
Aonde se aprende?
Como se apreende?
Do meu bem gostar para o gosto das águas do mar
Seria fácil pois
Até para os dois
O gosto não passaria de desgosto
A fantasia e a realidade não teriam o mesmo rosto
" TRISTEZA "
Não consigo ser diferente da pessoa que fui habituado a ser
Até parece que o meu sofrimento no tempo está a entreter
Odeio este sentimento de pensar em vir-a-ser
O fracasso habita na minha pessoa não consigo rejuvenescer
Nunca confiei nos meus cinco sentidos
Preciso de um outro me sinto mulher
Comprei inúmeros quereres da vida com delitos
Hoje em dia só penso em devolver
A infinidade do céu só sabe me deixar de rastos
Suas cores vagas me tratam como seu enteado
Nele só enxergo nuvens que trazem tempestades, parecem o meu passado
É como se a vida quisesse que Eu presenceasse algum holocausto
Estou deitado no cansaço de nada ter
O quem me dera nos meus pensamentos só sabe corromper
O silêncio me guia num caminho de embrulhos para me conter
Ideias minhas não alcançam o estatuto para constar no paper
Adoptei os princípios dos santos
Não quero ver-me preso em prantos
Minha vida foi sempre uma história e tanto
Nunca colhi das plantas que planto
O horizonte ofereceu a esperança para as estrelas
Deixando a distância visibilizar todas as minhas sequelas
Sou apenas polém ao vento desejando se tornar uma pétala
Nunca fui bom com as palavras, não fui feito para ser tagarela
Como as ondas do mar
Meus sentimentos apenas criam turbulências
Que caminho rumar?
Quando as trilhas só dão as inconveniências
Sorriso nasce em rios de más vivências que leva
Lágrimas secam em goladas molhadas de cerveja
A solidão me seduz diante da saudade que me beija
Que romance o meu, no dia dos namorados em mim só amanhece a inveja
" NADA! "
Passaram-se já alguns anos e nada, permaneço igual
Tal igual as ruas esboracadas do meu bairro
Já fui tanta coisa mas nada, arranca de mim o que Eu tenho de racional
Como a dita fantasia dos sonhos acordados
Ás vezes me sinto tão insuficiente para mim mesmo
Eu tenho medo de fechar os olhos e abri-los quando velho
Meu pensamento tornou-se insignificante como todo o resto
Perdi meu ser crítico para este senso comum modesto
Ainda ontem tinha catorze e hoje celebro os meus vinte e três
Passei por tantas transformações e lições dos quartéis
Não sei se estas palavras surgem da embriaguez
Mas nada produz um sentimento como se Eu tivesse alguma invalidez
Não me arrependo de ter sido Eu mesmo
Mas de cada acto meu que foram tão pequenos
Quando precisei ser grande fui sereno
Como se Eu fosse as gotículas de águas que chamam sempre pelo o inverno
Os sonhos desgastam-se quando nos desapontamos
A paciência e a persistência ás vezes nos abandonam no combinado
A coragem segue os fracassados
Pois nada ocorre conforme pensamos
" Auto-estima! "
Hoje Eu não sei o que sou
Porque o que Eu fui ontem me foi tirado
Nas minhas mãos Eu tenho o que sobrou
Pois meus pensamentos estão sendo persuadidos pelo o engano
Estou meio traumatizado
Pelos os acontecimentos que sucederam no passado
Estou seguindo resguardado
Porque a ingenuidade decidiu casar com o insano
Eu tenho uma auto-estima
Mas a minha já não pratica desporto
Decidi pôr o meu ego em baixo e a minha ignorância por cima
Porque até a amizade provoca uma dor pior a que deixa um morto
Já não sei diferir uns dos outros
Agora os meus olhos encaram todos iguais
Já sofri tantos poucos
Por isso uso este sorriso rasgado dos anormais
O mundo insiste em julgar pela aparência
Aparentemente Eu sou um ser que rejeita o próprio ser
Tento salvar a minha auto-estima desta decadência
Porque é ela que nos ensina a viver
" Eu queria poder ser diferente!"
Eu queria poder ser diferente
Sem pensar em que penso, agindo normalmente
Um homem com bom censo,
Não escondendo o que sente
Eu queria conhecer a lealdade verdadeiramente
Seguir os seus propôsitos, ser humilde realmente
Um homem bondoso,
Com uma personalidade transparente
Eu queria mesmo ser você
Sem defeitos e com qualidades para se convencer
Ter acções independentes,
Viver a vida e poder se compreender
Eu queria mesmo ser encantador
Não mulherengo mas paquerador
Acreditar em Deus, ser crente e fiel
Imprudentemente sou um ateu infiel
Eu queria amar um belo sorriso
Em uma só pessoa encontrar o paraíso
Um homem com sentimentos submisso
Eu queria mesmo se apegar nisso...
" OS SANTOS, VIVEM NOS CÉUS... "
Eu sou um homem comum se afogando no próprio defeito
A modestia é a qualidade que vês neste homem feito
Deixei que as pessoas construissem uma ideia sobre a minha pessoa totalmente diferente
Não sou o que aparento pois a aparência é o verdadeiro veneno da serpente
A calmidade é o casaco que uso para proteger-me da frieza do mundo
Me escondo da falsidade deixando as minhas lágrimas cairem por dentro, não me importo se com tempo inundo
O mundo é realmente maldoso por isso me guardo no meu cantinho
A futilidade é tão sedutor que chama a atenção dos meus olhinhos
Aprendi a ser o que sou nos quereres que o mundo queria que Eu fosse
Deixei de viajar em fantasias desde os meus 14
Larguei os vícios na caltela de evitar a maldita tosse
Pois Eu não consigo seguir a regra de cada dose
Eu decidi ser doce ao invés de amargo
Eu tenho o meu mar de lágrimas escondido mas meu sorriso estampado
Por ser honesto me chamam de santo
Já notei que não gostam no entanto
Talvés os tenha acostumado mal
Ocultando os meus erros de suas visões
Deixando-lhes imporem em mim as suas posições
Mas esquecem-se que a humildade tem as suas próprias restrições
Eu apenas sou recíproco dou o que recebo
Nas reveladas fustrações acabei por dominar o meu ego
A quem diga que os vencedores se passam por cego
Eu apenas reconheço os meus limites nas ranjadas de ventos
Quem fala muito acaba por se cansar
Eu me canso na luta pelos objectivos que tenho que alcansar
Pés tão bem firmes no chão só acaba por retardar
Uso a ironia como a ignorância para me resguardar
Querer o que não se quer é realmente contraditório
Quando se é humano aprende-se a ser irónico
Não olhem para mim como se Eu fosse o que Deus prometeu
Os santos, vivem nos céus
" Estarei satisfeito! "
Se a morte me encontrar hoje
Me tirar desta terra e levar-me mesmo longe
Bem ao lado da distância da palavra perto da minha voz
Ao lado da encruzelhada próximo daquela foz
Eu estaria satisfeito
Sim... Estaria satisfeito
Pois meus irmãos não me largaram no perigo
Apoiaram-me independentemente deste caminho que sigo
Levantaram-me mesmo quando Eu dizia:
" Já não consigo "
Porque nas decepções do cotidiano ganhei novos amigos
Satisfeito porque meus pais me guiaram neste labirinto
Nos ganhos e perdas ensinaram-me a conservar o que sinto
Entre amores e paixões a distinguir o verdadeiro mito
Pois nas ondas das marés é onde nasceu o conflito
Para abraçar o desconhecido mas não abandonar os antigos amigos
Porque nas ilimitações das opressões estiveram sempre comigo
Sim... Satisfeito porque assim eu devo estar
Na trilha do destino eu sigo apesar dos apesares
Nas loucuras da vida eu ainda consigo pensar
Na clareza escura da escuridão consigo ainda andar
Nas águas dos oceanos dos meus olhos consigo mesmo nadar
Porque é assim que consiguiria me salvar
Satisfeito porque é o destino e não posso contextar
No contexto deste texto é o meu pensamento que estarei a questionar
Assim eu estou e apenas posso condicionar
Nas impressões de cada metáfora ainda pude impressionar
Satisfeito porque a alegria do mau momento fui Eu quem colhi
Os frutos das plantaçãoes do meu pensamento Eu recolhi
Porque nas frases escritas pelos poetas me acolhi
E sim... Estarei satisfeito!
" O Azar da sorte!"
A paixão nasce em todo lugar
No vosso romance Eu me apaixonei por ela
Como o sol, a lua e o mar
Sinceramente ninguém sabe quando e quem vai amar
É rápido e instantânio tal como a brisa leve no ar
Dois apaixonados e um amigo... Sou Eu o mar
Ela é a lua e ele é o sol... Apenas amo o luar
Na sua "fase nova" ela fica completamente nua
Não tem como não a amar
Linda com o brilho de esmeralda
Que sejas ainda mais bela e delicada não pode faltar
Falei com os outros astros o tamanho do meu sentimento
Mas no momento não a posso confessar
Ela esta feliz e encatada
Vestida de noiva forma o eclípse lunar
É uma bela história mas ela já esta apaixonada
É sorte ou azar?
" Páginas escritas"
Minha vida se transformou num deserto de sentimentos
Pois tudo o que nos definia esta reduzida em cinzas
Cinzas que vão com o vento apagando cada momentos nossos
Nos deixando mais distante um do outro
Não se trata mais apenas de um tempo tempestuoso
Temos que encerrar tudo aquilo que achavámos maravilhoso
Momentos que outro-hora foram nossos tesouros preciosos
Tornaram-se relíqueas do nosso orgulho impiedoso
Acabando com as nossas páginas escritas que era o mais valioso
Não estou ressentido pelo o que o amor me trazia
Mas por estarmos a quebrar todas as promessas que agente fazia
Vendo estas páginas escritas parecendo vazias
Ardendo-as nas chamas do sentimento que nos diferia
Fazendo com que o tempo apague tudo o que agente queria
Mas ainda lembro do destino voando como uma borboleta
Nos escrevendo naquelas páginas escrita com a sua bela caneta
Mostrando o passado com uma cor violeta não preta
Para que o futuro não fosse vermelho ou negro
Mas igual a tinta da caneta de um poeta
As lembranças e os sentimentos ardem neste deserto
As lágrimas como a água secam com o tempo liberando o medo
Eu sigo o vento para chorar nas cinzas que estão por perto
Certamente o amor nos deixa cego tarde ou cedo!
" Imortalidade! "
A minha imortalidade esta neste céu sem estrelas
Onde escrevo meus versos nessas nuvens de pedras
Versos de sentimentos que trago nos meus poemas
Que exalta qualquer estrela de cinema
A minha imortalidade esta dentro desta cela
Onde a solidão penetra no coração sem desejos de pensar
Os pensamentos voaram longe desta maldição da depressão sem parar
Procurando uma história bela p'ra contar
A minha imortalidade esta nas novas gerações
Onde cada um deles reviverá as minhas fantasias com emoções
Fantasias que esta neste verso que escrevo
Com a mesma paixão que um cientista tem pelo universo
A minha imortalidade esta na voz dos declamadores
Que declamam estas estrofes que me fez escritor
Com as suas vozes suaveis de sonhadores
Encantam qualquer um como a melodia do nosso predileto cantor
A minha imortalidade esta longe de mim
Esta nos pensamentos de um pensador
É nele que a poesia vive num rumo sem fim
Como nas mãos do nosso eterno criador
Eu e a minha desmotivação somos amigos tão íntimos
Intimidade que coloca a própria afeição por um fio
Quando a autoestima aparece para mim de bom grado, desconfio
Pois os meus sentimentos frequentam todos os anos o baile dos sismos
Esses provocadores do terramoto, jogadores de desiquilíbrio
É difícil compreender o mundo se não o vermos com os olhos de ver
O mundo e as suas formas são fáceis de entender
Olha para o seu redor, nada está em teu poder
Ao menos que sejas um dos privilegiados para não reconhecer
O mundo é o que é...
Um conjunto de regras desmedidas
uma coletividade individualista
Uma justiça que só defende injustiças
Uma ferramenta de alienação chamada democracia
Onde a liberdade de expressão é proibida e quando expressa não é ouvida
Eu quis segurar no tempo e controlá-lo
Deixá-lo beijar a minha vontade
Eu quis matar o meu pensamento eternamente silenciá-lo
Deixar-me à deriva na calmidade
Minha mãe, meu mundo
Meu universo, meu tudo
Meu pensamento mais profundo
Meu maior anseio é oferecer-te o mundo
"(...) o amor não é uma prisão e já deverias saber
Nem a fidelidade um dever
A sua vitalidade está em não deter
A liberdade é o seu dever