Monovski
Todas se comportavam uma ora terapeutas outrora pacientes. Elas precisavam falar, remoeram coisas de tanto tempo atrás, que prendiam o fluxo do presente. Algumas não sabiam se encaixar, elas só sabiam que estavam navegando em um oceano sem bússola, mas as velas do barco eram sopradas intensamente por emoções que foram presas ao solo mas agora tendem a cair como granizo, em algum lugar elas iriam parar, só ainda faltava responder a pergunta: “Em terra firme ou num naufrágio?”. Outra já acreditava que a solidão lhe pertencia, pois como Nietzsche falava: “Na solidão, o solitário devora a si mesmo; na multidão devoram-no inúmeros. Então escolhe.”, já que não conseguia acreditar que as pessoas simpatizavam mutuamente, ouvia vozes da cabeça sussurrar que todos a odiavam e usavam de falsidade com ela. Mereciam ser ouvidas, todas.
Me deixe ao seu âmago e verei quem será, de fato, todos somos quem somos pelo acaso dos corações, de forma, sem que nós deixemos.
Loucura minha pensar-te, quero falar-te, dizer-te o quão vejo todos os universos paralelos, em um só compõem trilhas sonoras das quais meus ouvidos entendem, porém quero afastar-me dessa melodia, sou uma tragédia em constante evolução, não uma ópera da qual sempre está no repertório dos admiradores e apreciadores de tal, não sou e nem estou nessa melodia inebriante que consome os cursos, as linhas, as vozes que ascendem, apagam e ecoam em sua mente, em sua melancolia.
Sou o frio que te assola
ao sair do banho,
do âmago de tua madre
e do quentinho que te consola.