Monique Roffey
Viajar, ele sempre pensou, era como ele encontraria seu outro eu. Em algum lugar estrangeiro, ele esbarraria no pedaço de si mesmo que estava perdido.
Eu sabia que estava perdendo, sentindo falta disso: o barulho da população, aqui fora, na rua. Eu navegava, um fantasma branco no meio deles.
O mar, aquela extensão de nada, poderia mostrar o reflexo de um homem para si mesmo. Tinha esse efeito.
Ele tinha uma estranha relação com os livros. Tinha a noção de que as pessoas que escreviam romances também eram solitárias. Acreditava nisso cada vez mais, lendo nas entrelinhas dos romances que amava. A maioria dos livros era sobre um tipo ou outro de solidão, sobre pessoas que não conseguiam o que queriam, pessoas que achavam as coisas complicadas, que eram lentas, tristes ou difíceis. Por isso, ele lia quase todas as noites, encontrando conforto em seguir palavras escritas por alguém como ele.