Monile

Encontrados 10 pensamentos de Monile

⁠ A humanidade é completamente obcecada por sua própria perda.

Inserida por monile

"⁠Vivo numa trajetória pautada por escolhas diárias duplamente prejudiciais, onde um sacrifício é feito em troca de outro pior."

Inserida por monile

⁠Não é o final do dia, não é preciso esperar pelo fim quando o começo é suficiente para fazer-me escrever numa tentativa desesperada de socorro ou conforto, onde as obrigações e suas consequências não me alcancem.

Inserida por monile

⁠Infelizmente, só prospera-se nesse país se o seu suor for sugado até a última gota e seu sangue comece a jorrar no lugar.

Inserida por monile

⁠Ao invés de preocupação pelo meu corpo estar à beira do colapso, não me preocupo com tal estado, e sim com o fato de que não consigo produzir como preciso.

Inserida por monile

Mais um dia no metrô

⁠Sonhos destruídos
Sorrisos falsos
Todos seguem a largos passos
Pelo capitalismo, são consumidos
Todos carregam consigo seus celulares
Saem extremamente cedo de seus lares
Em busca de uma quantia para sobreviver
Sonham pelo dia que poderão viver
Drogados às centenas, aos milhares, aos milhões!
Imploram por uma nota
Enquanto burgueses colocam, no poder, mais um patriota
Controlam todas as ações
Chegam em casa depois de um turno pesado
Dormem pensando em como irão pagar o mercado
Sentem saldade da simplicidade da infância
Se arrependem de não ter lhe dado a devida importância
Tentam, no subúrbio, achar uma salvação
Recorrem a igreja em busca de uma proteção
Nela, encontram esperança
Tentam e batalham, até que cansa
E assim segue o mundo
Alguns estão no segundo
Implorando por um salário mínimo
Enquanto os do primeiro
Se esbaldam no dinheiro
E seguem comprando, aproveitando a vida ao máximo

Inserida por monile

Lua me fale

⁠Ó lua, diga-me
Imploro-te, admoesta me
Pois não lhe parece vil
Não fora, ele, hostil?
Ó impetuosa força cósmica
Servi-lo como uma acólita
Sem embargo, ele me traíra
Anjo me abandonara
Cri na conversão
Do meu choro pungente
Em risada fervente
Consignei-me ao coração
Vigoroso fora-me o desengano
Mostrou-me ser profano
Quem agoriei como virtuoso
Agora, distingo-o como tortuoso
Pregara-o que medíocre é a aurora
Eu, meu pequeno, chora
Explica-me o porquê mais uma vez
Justifica-me a rudez
Qual fora meu pecado?
Hei-me aplastado
Conclame sobre mim
Reuna um maldito motim
Escreva-me um remate
Antecedentemente que isto me mate
De meu exício
Não escutes meu bulício
Seja como tu objugas
Funcionas como sanguessugas
No princípio, eu era fundamental
E, bem, este é meu final

Inserida por monile

Pulseira Escarlate

⁠Eu tenho uma pulseira escarlate
A amo de paixão
Me ajuda com a sensação
Com ela, sou uma modelo de alfaiate
Sou um manequim
O artista me veste de vermelho
Procuro um conselho
Escarlate fica bem em mim?
Te cai muito bem
Coloco meu bracelete vermelho
Olho-me no espelho
Não consigo viver sem
Mas essa cor dói, digo
A encaro como um necessário perigo
Ando aos holofotes
Ganho, de ouro, alguns lingotes
Saio do palco, cansada
Olho minha pulseira, desesperada
O acessório brilha vermelho escuro
Consequência de meu sangue impuro
Que, em meus antibraços, escorre
Em todo meu corpo, uma sensação me percorre
É a calma
Esse é o trabalho da pulseira
Ela, sempre muito ligeira
Sangra, relaxando minha alma
A pulseira é a automutilação
O alfaiate, a pressão
O manequim
Se trata de mim

Inserida por monile

Parada de trem

⁠Eu espero um trem
Não sei que hora ele passa
Desse trem, eu sou refém
Sinto que estou esperando uma farsa
Porém, eu quero prosseguir
Quero, no meu destino chegar, conseguir
Mesmo que todos me digam que não
Até mesmo o maquinista diz que não há salvação
Todavia, ainda o espero, sentada, ansiosamente
Ali fico, horas, dias, meses...
Ainda que me sinta desencorajada, ignoro minha mente
Penso, reflito muito, penso em mil hipóteses
Ainda sim, teimo em não ver a razão
Afinal, que coisa mais desnecessária
Preciso apenas seguir meu coração
É apenas uma incerteza temporária
Após muitos meses, vejo o trem no horizonte
O vejo a alta velocidade, pelo monte
Me emociono tanto, que escorrego e caio no trilho
Eu perco completamente meu brilho
O trem, corre em minha direção
A maquinista nem tenta frear
Embriagada, ela fala: "Acho que não"
Ela diz, antes de me atropelar

Inserida por monile

⁠Flores em meu funeral

Não desejos flores em meu funeral. Nunca recebi uma só margarida, porque receberia buquês no meu final? O arrependimento é sempre maior que a gratidão. Sempre só damos valor quando sentimos, à porta, a solidão. Os tempos mudam, os velhos se vão e as crianças crescem. Aquelas pobres almas, completamente esperançosas, se amargurecem. A verdade as atinge como um raio inesperado. Não há carro te esperando, não há uma só escolha própria e muito menos seu destino desejado. Tudo o que há é um mar de incertezas, cercados por uma baía de certezas ainda piores que as dúvidas. A antiga criança percebe que, no sistema que estamos, não somos nós que vivemos nossas vidas. Afinal, quantos adultos tu viste que realmente gostam de trabalhar? Pouquíssimos, pois quando cresce, percebe-se no mesmo lugar deles, escolhe o dinheiro ao invés do amar. Todavia, relembra o que viveu, volte tua infância. Ache o porque escolheste esse caminho: sobrevivência.

Assim as gerações passam pelo capitalismo. Como máquinas, sem nenhum estrelismo. O morto nunca se levanta, com ou sem flores, sua esperança ali descansa. E a morte o toma, silenciosa e mansa. Eu não recebi flores em meu funeral. As dúvidas ainda sim me acompanharam até meu final.

Inserida por monile