Mônica Meira
Quem é bobo na vida sabe: ser bobo na vida cansa. Mas ser bobo é viver em plena infância. É acreditar que não há maldade nos olhos dos outros. E viver os seus dias sem esboço, sem premeditar outra coisa que não poesia. É dormir toda noite de barriga vazia mas a mente fértil de sonhos tolos.
Quando ela decidiu ir ser feliz, partiu apressada. No entanto, só percebeu no caminho – havia esquecido a felicidade dentro de casa.
O erro de ser tudo o tempo todo, quando ser tudo o tempo todo é dar-se inteira a vida inteira. E dar-se inteira a vida inteira é perder-se inteira o tempo inteiro. É restar vazia no chão do banheiro, carente de algo de si mesma que se fez disperso e moribundo. Carente de um eu mais profundo, que hoje simplesmente não é mais seu. É do mundo.
desesperada pela sua própria vida
gritou ao mundo: independência ou morte.
só esqueceu de olhar para o lado.
foi atropelada pela sorte.