Mônica Gomes
Anjo? Querubim?
Um dia um querubim
Trouxe notícias para mim
Pronto para o infinito fim
Onde cantam os bandolins
Nesta rima pobre enfim
O destino advim
Sem propósito afim
Rodopiando num botequim.
Na impossibilidade do ser
Suicídio moral
Orgulho de não o ser
Nefasto total.
Ceifador
Com dor.
Temor procrastinado.
Num passado distante
Onde as boas memórias se foram
Audaz cavalheiro
Amante bendito...
Gentil nobre distinto
De todas.
Apenas ser feliz
Olhar aprazível
Olhar deslumbrativo
Olhar o mundo
Transformar perspectivas
Voar como borboletas
Arfar no ar
Farfalhar ao vento
Degustar infinito...
Firmamento
Planar no vazio.
Das borboletas
Brincadeira trêmula
Em despovoado pensamento...
Liberdade...
Felicidade...
Amar.
Dançar
Como se ninguém nos contemplasse
Dançar
Um ritmo novo
Dançar
Novos caminhos e horizontes
Dançar
Até a exaustão
Voar
Pela mais alta elevação
Sonhar
O impossível, a loucura!
Dançar em voo sonhador!
Louca? Não, sou sensata!
Oxalá pudesse acreditar
Tomara entrasse em qualquer lugar
Quem dera meu coração
Destarte não fosse aflito.
Desta maneira tranquilizaria
Deste modo acalmaria
Em vista disso viveria!
Vida faceira
Em várias rasteiras
Torna-se ligeira
Reverte em feiticeira
No nariz, coceira
Eternamente brincadeira
De palavras verdadeiras
Cósmica poeira
Alvisse loira
Respira na fogueira
Rodando na bobeira.
Se fizesse sentido, não seria asneira!
Pertencimento....
Acho que é isso que falta.
Aquele pertencer a algo.
Sentir-se pertencido.
O vácuo macula a imagem etérea.
O pertencimento a um mundo fechado.
Mostra-se a cada dia mais nítido a falta do pertencer.
A dura realidade do ver e enxergar o mundo.
Emoção na surpresa da importância.
Anos de falta de pertencimento.
Deslocava-se num mundo já fechado...
Arrastava na importância que não existia.
Mostra-se.
Segue.
Caminha.
Apura.
Constrói.
Conclui.
Você me faz feliz!
Como todas as falíveis ações humanas.
Com sua presença adorável e suas adoráveis propostas,
Seu sorriso e seu olhar,
Suas palavras e inteligência.
E apesar de todo olhar intruso,
Meu olhar é para ti,
Meu sentimento e amor são teus.
Amo-te como ama o amor.
Sua presença é única,
Pois você se fez único.
Único em minha vida e coração!
A saudade já me assola...
Com um encontro improvável,
Provável é eu amar você!
Todas as dores do mundo
Em seu tormento profundo
As dores individuais
Muito mais do que banais
Pior seria a má sorte
de tirar-se o norte
O dom de triste ser
Nem felicidade manter
O fôlego arrancado
Oportunidade, sim acabado.
Infinito instante
Tirou-se arrebatante
Cruel solução
No pulsar do coração.
Rouba-se o fôlego.
Todas as dores do mundo...
Falácia mundana.
Hoje o oposto da nossa boca santa
Da memória perdida, jogada
Em nada acalanta
A alma outrora outorgada.
O tempo esvai-se
A vida num impasse.
Felicidade Transpasse!
Pretensão absurda de a criatura humana querer definir tão sublime sentimento; a saudade!
A palavra, de tão elevada honraria, por si se explica, sem discurso. Um paradigma de incongruências absurdamente inexplicável sentença... Um misto de alegrias na tristeza iminente da distância, eminente satisfação. As lembranças, as memórias, os olhares, sorrisos e expressão... As nuvens que no céu se alojaram em tão prazenteiro momento. Os passos, os cansaços, o descansar e aportar em nau célebre momento. O porto pressuposto de sonhos na realidade de cógnito versado momento realizável. "Um gosto misto", sensação de sabores ao acordar... Ao dormir... Vivendo nos minutos, vendavais de raciocínio. Mistura de cheiros no olfato que atina e atenua a dor dos pensamentos, alinhando as emoções que afloram.
(Suspiros Profundos...)
Vibra em mim a saudade.
Confesso...
Gosto dela!
Traz-me tão nitidamente instante infame e distante, com todas suas peculiaridades dentro de minh'alma, estampa um sorriso bobo em minha face, expressão de pura felicidade... Olho ao redor, dou por mim... Acordo... Reparo... Realidade... Dou de ombros [sem relevância], que importa? Retorno para minha saudade de gosto misto e infinito, sabores únicos de turbilhão dentre sentidos incontidos.
Poeme-se
Faz-me feliz...
Faz-me triste...
É um misto desigual... porém constante...
É [des]alegria intensa[mente]...
[In]constância na distância
[In]certeza na beleza de ver...
Olhar...
Chorar...
Sofrer...
Viver!
Fato
O que sei é o que sou
Sou quem eu sei
Isso é fato provável
Improvável é não ser fato
Fato a olhos vistos
Contido nas inconstâncias dos fatos
Mas se fato ventura não é fato,
De fato não sou eu quem sou?
Sou parcimoniosamente o que vejo,
o que leio,
o que observo.
É fato provável que sou o que vivo.
Alguém pode negar um fato?!
Vida com vinho...
Com linhas
No caminhar constante
Na espera do instante
Cores completas
Seguindo-se as setas
Desenha-se o caminho
Cujo fim não adivinho.
Mas, brindemos
Com vinho!
Ao findar do dia
Ideias permeiam
Muitas maravilhas
Excentricidade em devaneios
Colóquio ao ouvido
Verdades... Mentiras...
Que importa?
Percepção mais que aguçada
Transeunte velejante
Onde palavras são desenhos
E os desejos concretos
Permeiam por um dia
Um instante decidido
E como diz o poeta:
“Que não seja imortal, posto que é chama.
Mas que seja infinito enquanto dure.”
Um dia... Ainda que a eternidade de um instante!
Controle do olhar
esforço
tepidez
dominação
O olhar cobiça o que vê
livre pensamento
esvoaçante
voador
em cachoeiras
devaneios
fantasias
luxuria
Olhar
sucumbe a real condição
de amar.
Adoro aquele instante
Instante infame que
Meu olhar pega
Seu olhar
Repousando em mim.
Adoro o timbre de sua voz
Dos risos ouvidos ao longe
Da inteligência que emana
Do carinho
Das Mãos
Do toque.
Adoro o pensamento
De manhã
Pela tarde
Antes de fechar os olhos à noite...
Adoro todos os instantes
Desde que esteja inserido neles.
Falar e ser ouvido...
Clamar a dor que sente
No coração ausente
da desventura
amadurecida
pela vida
vivida na vida
Passado?!
Não
Presente[mente]
Ausente
das ansiedades
do olhar que pede
Sinceridade...