Moisés Jacintho de Carvalho
De que somos feitos,
senão desse roteiro indecifrável que atravessa séculos.
Senão desses caminhos que trazemos nas origens.
Somos feitos dessas dores , desses sonhos ,
e principalmente dessa grande adiposidade poética
que inauguramos diariamente , em nós...
(Para Vânia Regiane)
Os ventos hão de soprar-te
os primeiros perfumes da primavera.
Como uma réstia de sonhos
trazida de alguma canção antiga.
E no alento de um mundo julgado só nosso
tu sorrirás
Quando eu deitar em suas mãos essa rosa.
A invenção do céu azul
(Para Vânia Regiane)
QUANDO VI TEU ROSTO:
FOTOGRAFIA COLORIDA
RETIDA NA MINHA LEMBRANÇA...
MINHA SAUDADE
FEZ-SE PEDRA PONTIAGUDA
A ESTILHAÇAR-ME A ALMA.
Ausência
(Para minha mãe ,Laura)
ITINERÁRIO
Hoje eu escolhi o caminho mais longo.
e deixei ser apenas um cisco
o objeto da minha distância.
Hoje eu quis ter asas e romper setembro.
como icaro querendo morada no sol .
Mas como fugir daquilo que levo por dentro?
se sempre me perco entre prédios famintos ,
engolidores de gente.
Com suas sombras gigantes
e suas solidões geométricas.
O mundo muda de acordo com a morte.
É quando morre o velho para nascer o novo;
com a perspectiva de novas ideias.
Testamento
Nada deixarei ,
além desse rebanho de nuvens que urdiram meus sonhos
em tempos de poesia e pedra.
Que de tudo sei somente desses ossos da matéria
entregue ao desgaste , solo e ventania.
Agora entendo aquele fogo secreto,
de alguns caminhos , nunca podemos voltar.
A aranha e o dilema de existir;
dentro do seu quadrado o silogismo norteia sua vida.
Sua existência depende de outra existência;
a mosca é arrancada do seu descanso,
conectando-se, definitivamente, á engrenagem.
* O compasso
O que você puder aprender para combater eventuais problemas futuros,
aprenda imediatamente. Não espere para aprender na urgência.
Se a felicidade existe ou não existe, isso não importa.
importa é você viver uma vida que valha a pena ser lembrada.